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segunda-feira, 18 de junho de 2012

UM ANO SEM JOSÉ SARAMAGO (16-11-1922:18-06-2010).

 GET OVER IT: HE IS (INSIDE) US!


Um ano sem José Saramago. O homem que fez a diferença em Portugal, odiado por alguns, amado por muitos. O português que conquistou o coração da Espanha, mais amado por eles do que por nós. A Espanha, esse país fisicamente tão próximo e civilizacionalmente tão distante de nós, teve a capacidade de respeitar e entender a obra de Saramago. E desengane-se quem pensa que Saramago era menos provocador lá do que cá! Saramago não tinha duas faces. Aqui, neste país infetado de velhos do Restelo, apelidavam-no de arrogante e provocador (no sentido pejorativo da palavra); lá, a escassos 150 km daqui mas noutra galáxia civilizacional, respeitavam o seu génio provocador (no melhor sentido que a palavra encerra). Saramago dividiu os Portugueses e uniu os Espanhóis que o consideravam tão seu como Camilo José Cela, privilégio apenas concedido a alguns não nacionais, em regra hispânicos, como o peruano Mario Vargas Llosa ou o mexicano Octavio Paz. Mesmo em relação a estes, não existe o carinho devotado, e que persiste, a José Saramago. Uma áurea romântica invadiu quase por instinto o coração dos espanhóis relativamente ao severo e racional Saramago, o homem que sendo obrigado a exilar-se do seu país foi acolhido pelo enorme coração de Pilar del Rio. Saramago não se exilou de Portugal em busca de sucesso e reconhecimento. Isso fazem-no agora, sem hesitar e quase sem pensar, milhares de jovens que não se reveem neste país supostamente moribundo. Pelo contrário. Saramago exilou-se por não suportar a mesquinhez provinciana da classe política portuguesa e, ao fazê-lo, tornou-se o primeiro prisioneiro de consciência da democracia portuguesa. Nunca renegou Portugal. Amou-o até ao fim. Nas suas obras fala sempre de países hipotéticos e cenários abstratos e, se nos revemos recalcados e humilhados pelas suas obras, é porque nos encaixamos muito bem e muito tristemente nesses retratos literários. Que melhor prova de amor para com um Povo e um País do que Viagem a Portugal? Ao contrário do Povo de Portugal, que Saramago amava e tão bem entendia, porque fazia intrínseca parte dele, irritava supostos democratas, tão distantes do Portugal profundo, definitivamente burocratas, tão bem colocados na vida e barricados no discurso político supostamente correto. Todos sabemos quem eles são.
Não sei por onde vou, só sei que não vou por aí, dizia José Régio. Saramago também. E não foi. E fez muito bem. E está, em definitivo, nos memoriais deste País. E, para irritação de alguns (e, repito, todos sabemos quem são), ainda está cá. Pilar del Rio demonstrou-o ontem, um ano depois da sua morte, ao colocar as suas cinzas em frente à Fundação José Saramago. Desenganem-se senhores burocratas recalcados e génios (politicamente) vingativos, profissionais do desdém e do escárnio político! Não, Saramago não desapareceu nem será esquecido nesta terra de políticos sem Povo que o renegaram e censuraram. Não poderia subir para as estrelas, se à terra pertencia! Habituem-se à ideia senhores!

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