Um livro cataloga os apelidos dos escritores
brasileiros
CLAUDIO CEZAR
Estudando a sociedade brasileira através dos apelidos
Carlos Drummond de Andrade é o “Urso polar”, Clarice Lispector é a “Flor-de-lis”, Mário de Andrade é a “Boneca de piche” e Dalton Trevisan, como é mais notório, é o “Vampiro de Curitiba”.
Claudio Cezar Henriques, professor da Uerj, está lançando um livro que entrega um lado pitoresco da intelectualidade pátria. É o “Dicionário de apelidos dos escritores da literatura brasileira”. A edição, em capa dura, é da curitibana Appris.
Cada apelido é acompanhado com verbete explicativo. Augusto Frederico Schmidt é o “Gordinho sinistro” porque desde o início da carreira tinha obsessão pela morte. Consta também quem deu o apelido. O do “gordinho” foi dado pela crítica Cecília Prado.
Claudio Cezar acha que apelidos podem ser uma boa maneira de se estudar a sociedade brasileira. “Se observarmos os apelidos de escritoras, veremos revelada a forma como nossa sociedade trata as mulheres. Praticamente todos os apelidos femininos são de reverência e endeusamento”, diz.
Os apelidos de Ledo Ivo e Oswald de Andrade saíram de um bate-boca entre eles. “Você é o ‘Calcanhar de Aquiles do Modernismo’. Oswald: “Você é o ‘Chulé de Apolo da geração de 45’”.
APELIDOS PARA UBALDO, FERREIRA GULLAR E OUTROS
Anjo disfarçado: Mário Quintana
Bandeirante de livro: Monteiro Lobato
Coitado orangotango: Caldas Barbosa
Balzac brasileiro: Laurido Rabelo
Dândi carioca: João do Rio
Doutor tristeza: Augusto dos Anjos
Gedeão do modernismo: Menotti del Picchia
Gogol brasileiro: Lima Barreto
Guarda-noturno da literatura: Osório Duque-Estrada
Hemingway da Bahia: João Ubaldo
Rasputim da linha justa: Jorge Amado
Ratazana ao molho pardo: Cassiano Ricardo
Noivo da morte: Álvares de Azevedo
Periquito: Ferreira Gullar
CL. Gente Boa
O Globo
10/07/2012
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