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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Meu encontro com Jorge Amado





O ano acho que foi 1969, estava cursando o Pedagógico e minha turma ficou encarregada de fazer um estudo dos livros de Jorge Amado, meu grupo escolheu Mar Morto. Lembro que partiu de mim a idéia de fazer uma entrevista com o autor como parte da nossa apresentação. Feitos os arranjos, proposta aceita, partimos para a entrevista na sua casa no Rio Vermelho, em Salvador, onde ele e sua mulher, Zélia Gattai, recebiam desde pessoas ilustres até as pessoas mais simples, do povo. Pelo portão com mo­tivos criados pelo amigo e pintor Carybé, já passaram Pablo Neruda, Dorival Caymmi, João Ubaldo Ribeiro, muita mãe-de-santo, políticos e o moleque da quitanda.
Imaginem vocês a curiosidade e deslumbramento daquela menina-moça, acompanhada de sua professora de Português e mais umas quatro colegas de colégio ao encontrar-se na sala onde habitava o maior escritor da Bahia, do Brasil e um dos grandes do mundo e prestes a conhece-lo e toca-lo.
Jorge Amado foi exatamente o que esperávamos. Passos leves, braços abertos, sorriso e olhar de avô.
Sentamos em um canto da sala e começamos a fazer as perguntas e anotar as respostas em cadernos e num pequeno gravador. Falamos sobre o livro Mar Morto que, da longa lista dos romances de Jorge Amado, é um dos mais populares, não só no Brasil como em muitos outros países. Romance de grande força lírica, considerado um verdadeiro poema em prosa, conta histórias de velhos marinheiros, de mestres saveiros, de pretos tatuados e de malandros que contam e cantam essas histórias da beira do cais da Bahia. Conta a história de Guma e Lívia que é a “história da vida e do amor no mar”, como diz Jorge Amado “O povo de Iemanjá tem muito que contar”.
Sempre atento e paciente saciou nossa curiosidade e com ternura abraçou uma a uma e ainda recordo o afago que fez na minha cabeça. Zélia veio à sala trazer um refresco e também nos deixou o sorriso.
Nosso trabalho foi um sucesso e reconhecido com honras, mas, na minha memória, a imagem paternal do grande escritor ficou gravada para sempre como meu maior prêmio.

Regina Soares

Um comentário:

  1. nossaaaaaaaaaaa Regina
    que linda lembrança, emocionei-me!
    beijoooooooo
    Cida

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