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segunda-feira, 4 de março de 2013

TUDO É MAR

TUDO É MAR

Tudo é o mar e o resto é o meu coração avistando terra.

Tudo é sal e o resto é o amor pedindo água.

Amor é linguagem cifrada. Fora do sentimento, não significa nada.

Não bastou a atração de corpos. Deus pôs o amor para não haver dúvidas.

Não durma tanto. Terás tempo quando chegar a eternidade.

Não te deixei pensar muito. Voltei à carga logo em seguida para que tua falta de ar não fosse substituída.

Errei de propósito. Te acertei por acaso, meu álibi perfeito.

Voltaste ao sumidouro, flor do abandono. O que faço com as flores, reféns de um domingo morno?

À noite a Minguante fez frila de lâmpada mercúrio. Era a luz mais caprichada na rua. Com a grana foi passear de dia. Usa túnica transparente.

Encaixa porque o coração está embutido.

A tarde passou em branco. Como tu, ausente.

A bela camponesa serviu o fiambre no meio da nossa faina de carpir um lote. Só aí começamos a suar.

Poesia é falta do que fazer. Melhor lavar uma louça. Desde que eu possa prensar aquele corpo contra a pia

Não dedicamos todo o tempo ao amor que nos consome. Deixamos claros ao longo do dia. É quando procuramos telefonar fora da área para quem não pode atender, mas é culpada.

Inventamos a relação onde não havia nada. Um torrão de açúcar no amargo das horas. Uma pele que arrepia à toa. Um olhar por cima do ombro para ver os predadores.

Quando transborda, o amor silencia. Fica idêntico ao tempo de solidão. Como saber a differença entre a paixão em excesso e a longa espera?

Temos medo que o sentimento faça as malas. Por isso estamos sempre de tocaia, revirando gavetas para ver se existe algum bilhete de viagem. É pânico precoce de jardim abandonado

Te beijo para te lembrar de um compromisso: me dar uma chance, nem que seja por um segundo.

O esplendor da manhã é a alegria da criação. Pegamos carona nesse gesto que inventou a claridade.

Todos esses sonhos que não se realizam  levaremos como bagagem na última viagem. 
Deles se servirão os anjos, mendigos do cosmo

Estavas brincando quando quiseste o poema.Ficaste séria na hora do verso. Choraste quando ele se despediu arrancando as flores.


Nei Duclós  


(Imagem: não localizei o nome do pintor ainda)


Tudo é o mar e o resto é o meu coração avistando terra.

Tudo é sal e o resto é o amor pedindo água.
...
Amor é linguagem cifrada. Fora do sentimento, não significa nada.

Não bastou a atração de corpos. Deus pôs o amor para não haver dúvidas.

Não durma tanto. Terás tempo quando chegar a eternidade.

Não te deixei pensar muito. Voltei à carga logo em seguida para que tua falta de ar não fosse substituída.

Errei de propósito. Te acertei por acaso, meu álibi perfeito.

Voltaste ao sumidouro, flor do abandono. O que faço com as flores, reféns de um domingo morno?

À noite a Minguante fez frila de lâmpada mercúrio. Era a luz mais caprichada na rua. Com a grana foi passear de dia. Usa túnica transparente.

Encaixa porque o coração está embutido.

A tarde passou em branco. Como tu, ausente.

A bela camponesa serviu o fiambre no meio da nossa faina de carpir um lote. Só aí começamos a suar.

Poesia é falta do que fazer. Melhor lavar uma louça. Desde que eu possa prensar aquele corpo contra a pia

Não dedicamos todo o tempo ao amor que nos consome. Deixamos claros ao longo do dia. É quando procuramos telefonar fora da área para quem não pode atender, mas é culpada.

Inventamos a relação onde não havia nada. Um torrão de açúcar no amargo das horas. Uma pele que arrepia à toa. Um olhar por cima do ombro para ver os predadores.

Quando transborda, o amor silencia. Fica idêntico ao tempo de solidão. Como saber a differença entre a paixão em excesso e a longa espera?

Temos medo que o sentimento faça as malas. Por isso estamos sempre de tocaia, revirando gavetas para ver se existe algum bilhete de viagem. É pânico precoce de jardim abandonado

Te beijo para te lembrar de um compromisso: me dar uma chance, nem que seja por um segundo.

O esplendor da manhã é a alegria da criação. Pegamos carona nesse gesto que inventou a claridade.

Todos esses sonhos que não se realizam levaremos como bagagem na última viagem.
Deles se servirão os anjos, mendigos do cosmo

Estavas brincando quando quiseste o poema.Ficaste séria na hora do verso. Choraste quando ele se despediu arrancando as flores.


Nei Duclós

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