Tudo é o mar e o resto é o meu coração avistando terra.
Tudo é sal e o resto é o amor pedindo água.
...
Amor é linguagem cifrada. Fora do sentimento, não significa nada.
Não bastou a atração de corpos. Deus pôs o amor para não haver dúvidas.
Não durma tanto. Terás tempo quando chegar a eternidade.
Não te deixei pensar muito. Voltei à carga logo em seguida para que tua falta de ar não fosse substituída.
Errei de propósito. Te acertei por acaso, meu álibi perfeito.
Voltaste ao sumidouro, flor do abandono. O que faço com as flores, reféns de um domingo morno?
À noite a Minguante fez frila de lâmpada mercúrio. Era a luz mais caprichada na rua. Com a grana foi passear de dia. Usa túnica transparente.
Encaixa porque o coração está embutido.
A tarde passou em branco. Como tu, ausente.
A bela camponesa serviu o fiambre no meio da nossa faina de carpir um lote. Só aí começamos a suar.
Poesia é falta do que fazer. Melhor lavar uma louça. Desde que eu possa prensar aquele corpo contra a pia
Não dedicamos todo o tempo ao amor que nos consome. Deixamos claros ao longo do dia. É quando procuramos telefonar fora da área para quem não pode atender, mas é culpada.
Inventamos a relação onde não havia nada. Um torrão de açúcar no amargo das horas. Uma pele que arrepia à toa. Um olhar por cima do ombro para ver os predadores.
Quando transborda, o amor silencia. Fica idêntico ao tempo de solidão. Como saber a differença entre a paixão em excesso e a longa espera?
Temos medo que o sentimento faça as malas. Por isso estamos sempre de tocaia, revirando gavetas para ver se existe algum bilhete de viagem. É pânico precoce de jardim abandonado
Te beijo para te lembrar de um compromisso: me dar uma chance, nem que seja por um segundo.
O esplendor da manhã é a alegria da criação. Pegamos carona nesse gesto que inventou a claridade.
Todos esses sonhos que não se realizam levaremos como bagagem na última viagem.
Deles se servirão os anjos, mendigos do cosmo
Estavas brincando quando quiseste o poema.Ficaste séria na hora do verso. Choraste quando ele se despediu arrancando as flores.
Nei Duclós
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