
Gal Costa
No livro Verdade Tropical, Caetano escreve sobre hétero, homo, bissexualidade. Hoje, essas classificações parecem ser menos importantes...
(Pausa) Pode ser. Mas também pode haver um grande retrocesso, existem muitos movimentos religiosos que apontam exatamente na direção oposta. Agora, claro, acho que houve uma ampliação do entendimento da sexualidade. Somos sexuais, e não heterossexuais ou homossexuais. Mas esse olhar vem de algum tempo, era uma reivindicação nossa.
Mas você não era um ímã para olhares preconceituosos?
Na cabeça das pessoas caretas, quem tinha cabelo grande era quem tinha piolho e não tomava banho. (O diretor) Antônio Carlos Fontoura fez um filme comigo, nunca esqueço, e nós fomos filmar no centro do Rio de Janeiro. Eu fiquei dentro de um carro enquanto ele ajeitava a luz. Começou a juntar gente, muita gente, e começaram a me chamar de macaco, cabeluda, piolhuda. Do nada. A gente teve que sair de lá. Não era fácil andar pelas ruas do Rio, até porque eu andava a caráter (ri). Preconceito sempre houve, mas quando falo dessa questão das etiquetas, dos rótulos, é porque sinto hoje uma coisa perigosa no ar. Posso estar enganada, mas percebo um olhar careta da sociedade sobre as coisas.
E onde foi parar, então, aquele esprítio libertário da Tropicália?
Acho que continua com a nova geração de músicos, artistas, mas de outro modo. Hoje, o negócio é fazer música bonita. Há uma preocupação estética maior. Isso não significa que não seja revolucionário, libertário. Há um aspecto libertário no próprio ato de fazer música, arte. Há uma luta implícitia. Mas aquela coisa política, combativa, de um discursio mais direto e forte não existe mais; acabou, nem nós fazemos mais.
Leia neste domingo (7), a matéria completa na edição de 5 anos da Muito

http://atarde.uol.com.br/muito/materias/1495155-sempre-quis-ser-a-cantora-que-sou
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