Nei Duclós
Ponha na roda a palavra que é fogo lento e sobe até o teto.
Passaste por acaso no meu inverno, calor que derrete mesmo de longe.
Ventas para que eu te navegue, vela que desfaz a âncora. Levas o que mais me atinge:
tua lembrança
Amor não é motivo de poesia, disse o sábio. Deverias ajoelhar no milho da disciplina rígida em vez de ficar de olhar perdido na vaga estrela guia.
Tudo o que escreves não passa de besteira, disse ela ao romper comigo. E foi-se embora levando os poemas.
Inventei perder-me para que desconfiasses. Mas tua indiferença não persegue cheiros.
Sonha comigo, pelo menos isso. Já que não passeias na via láctea do meu beijo.
Quando cansaste de mim, fiz outros versos. E mudei a rotação do meu planeta.
Queria dizer mais mas acho que já chega. Senão cairemos numa espiral de entrega. Quem vai segurar o amor querendo existir, mas em queda?
Gelei quando fizeste a mala. E era ainda verão
Abandonei meu barco quando preferiste o voo.
Te trouxe pela cabresto, esfinge marítima.
É bom que sejas de Lua. Recomeças quando ficas cheia.
A Lua rola no morro, moeda de metal nobre, objeto de um tesouro que escapou da eternidade.
Lua friorenta ilumina o gelo, meu coração de pedra, à espera do que perdi para sempre.
Houve um equívoco. O que está nascendo agora é o sol, não a Lua cheia.
A Lua fica na terra. Em teu olhar que me amarra.
Abra o sol na minha chuva, lã dos olhos de vidro.
A esplêndida lua cheia coloca ovos de incêndio, clones de si mesma, na alma devassada pela massa polar.
A lua é flor que cultuas para que eu colha antes da chuva.
O verso não veio, ficou com frio. A não ser que confesses o quanto ele perde quando não te lê.
A toda hora peço para deixar-te, mas o coração não me obedece.
A pressão para te esquecer aumenta, mas não há desistência. Cada amanhecer me alimenta.
Confessou enfim que sentiu falta. Ato falho sem remendo. Não pode mais fingir indiferença.
O conhecimento cansa a palavra, que boceja. Ela prefere a dança. O duro é aguentar a conversa do partner ignorante.
A noite é quando o dia pensa.
Frio é quando te afastas.
Penso junto contigo para que voltemos ao corpo embevecidos de linguagens diversas.
Entre milhares de versos, escolheste o meu. Olho de lince, coração a mil.
http://outubro.blogspot.com.br/2013/07/lua-com-frio.html
Ponha na roda a palavra que é fogo lento e sobe até o teto.
Passaste por acaso no meu inverno, calor que derrete mesmo de longe.
Ventas para que eu te navegue, vela que desfaz a âncora. Levas o que mais me atinge:
tua lembrança
Amor não é motivo de poesia, disse o sábio. Deverias ajoelhar no milho da disciplina rígida em vez de ficar de olhar perdido na vaga estrela guia.
Tudo o que escreves não passa de besteira, disse ela ao romper comigo. E foi-se embora levando os poemas.
Inventei perder-me para que desconfiasses. Mas tua indiferença não persegue cheiros.
Sonha comigo, pelo menos isso. Já que não passeias na via láctea do meu beijo.
Quando cansaste de mim, fiz outros versos. E mudei a rotação do meu planeta.
Queria dizer mais mas acho que já chega. Senão cairemos numa espiral de entrega. Quem vai segurar o amor querendo existir, mas em queda?
Gelei quando fizeste a mala. E era ainda verão
Abandonei meu barco quando preferiste o voo.
Te trouxe pela cabresto, esfinge marítima.
É bom que sejas de Lua. Recomeças quando ficas cheia.
A Lua rola no morro, moeda de metal nobre, objeto de um tesouro que escapou da eternidade.
Lua friorenta ilumina o gelo, meu coração de pedra, à espera do que perdi para sempre.
Houve um equívoco. O que está nascendo agora é o sol, não a Lua cheia.
A Lua fica na terra. Em teu olhar que me amarra.
Abra o sol na minha chuva, lã dos olhos de vidro.
A esplêndida lua cheia coloca ovos de incêndio, clones de si mesma, na alma devassada pela massa polar.
A lua é flor que cultuas para que eu colha antes da chuva.
O verso não veio, ficou com frio. A não ser que confesses o quanto ele perde quando não te lê.
A toda hora peço para deixar-te, mas o coração não me obedece.
A pressão para te esquecer aumenta, mas não há desistência. Cada amanhecer me alimenta.
Confessou enfim que sentiu falta. Ato falho sem remendo. Não pode mais fingir indiferença.
O conhecimento cansa a palavra, que boceja. Ela prefere a dança. O duro é aguentar a conversa do partner ignorante.
A noite é quando o dia pensa.
Frio é quando te afastas.
Penso junto contigo para que voltemos ao corpo embevecidos de linguagens diversas.
Entre milhares de versos, escolheste o meu. Olho de lince, coração a mil.
http://outubro.blogspot.com.br/2013/07/lua-com-frio.html
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