em musica por lisa zigue em 13 de set de 2013
Fez em Agosto, 1 ano sobre o falecimento de Izabel Vargas Lizano, mais conhecida como Chavela Vargas. Nascida em 1919, em San Joaquín de Flores, Costa Rica, viu a sua infância manchada pela doença e pelo divórcio dos seus pais, sendo deixada ao cuidado dos tios.
Saiu aos 14 anos do seu país, sozinha, incompreendida, e identificou-se com o México. Ali desempenhou várias funções, mas foi com a voz e a atitude que surpreendeu, chamando a atenção com o tema Macorina.
Macorina é a história verdadeira de uma mulher astuta e bela, que no seu tempo foi uma precursora na luta pelos direitos das mulheres. Uma musa e inspiração para muitos. Uma lenda.
O seu nome era María Calvo Nodarse (1892 – 1977) e abandonou Cuba aos 15 anos rumo a Havana, com o noivo e único amor. A mudança foi difícil devido às dificuldades económicas, vendo–se obrigada a abdicar do seu romance para entrar no mundo da prostituição.
A forte personalidade e beleza levaram-na até às esferas mais selectas e ricas, tornando-se uma das prostitutas mais famosas e elegantes da época. Foi considerada a Mata Hari cubana e foi a primeira mulher a obter licença de condução e a conduzir um automóvel em Cuba. Numa sociedade de moral católica, foi apelidada de “diabólica”. Muitos foram os seus feitos, intensa foi a sua vida.
Macorina foi imortalizada nas artes. Alfonso Camín escreveu um poema sobre ela e Chavela cantou-a com muito sentimento e compreensão, transformando-a numa das músicas mais conhecidas da sua carreira. Numa entrevista falou sobre ela:
“Macorina te voy a llevar conmigo alrededor del mundo. Vas a recorrer de mi mano muchos mares y tierras lejanas. Se lo dije así y ella sonrió. Quién sabe si en ese momento me había creído, seguro que no, pero vivió el tiempo suficiente como para darse cuenta de que cumplí mi promesa. Cuando ella murió, en 1977, ya mi Macorina había ido y venido alrededor del mundo”.
Como diz Chavela, este tema percorreu mundo e converteu-se também num hino ao espírito rebelde, prenúncio da essência da sua música e carreira.
Destemida, as suas músicas seriam normalmente cantadas por homens e falavam de desejo pelas mulheres. Vestia roupa masculina, fumava e carregava uma arma. Era conhecida pelo casaco vermelho que adorava envergar.
Passeava com Agustín Lara, compositor e poeta mexicano, musa e amiga de Juan Rulfo, escritor mexicano. Vivia com os pintores Diego Rivera e Frida Kahlo e bebia grandes doses de tequila. As melodias iam surgindo…
Somos, Luz de Luna, Las simples cosas, Toda una Vida … a preciosa Llorona.
Somos, Luz de Luna, Las simples cosas, Toda una Vida … a preciosa Llorona.
O alcoolismo privou-a da música durante 12 anos e quase lhe roubava a vida.
"Estrenaba un coche el viernes y el lunes ya no tenía nada, me emborrachaba y me iba a cantar por las calles. Yo tomaba tequila, todo me lo tomé, por eso no quedó nada allá"
Pois foi no início dos anos 90 que fez o seu regresso!... A cantar!
Foi por esta altura, que o editor Manuel Arroyo a leva para Espanha e o êxito é imenso. Chavela conquista. Para ela Espanha é um país que a torna sua amiga, abrindo-lhe os braços e a sua juventude. O reconhecimento e as alegrias fluem.
O realizador espanhol Pedro Almodovar descobre nela uma amiga, uma musa:
“Não acredito que haja neste mundo um palco suficientemente grande para ela.”
“Não acredito que haja neste mundo um palco suficientemente grande para ela.”
Chavela Vargas só falou da sua homossexualidade aos 81 anos na autobiografia “Y si quieres saber de mi passado”. Numa entrevista à televisão columbiana, declarou que era lésbica e reconheceu Frida Kahlo como o grande amor da sua vida.
Em 2000, o Conselho de Ministros espanhol concede-lhe a Gran Cruz de Isabel la Católica.
“La Vargas” actua em palcos importantes como o Olympia de Paris, Carnegie Hall e o Palácio de Belas Artes no México. Homenageada pelo Governo da cidade do México, nos seus 90 anos.
Morre a 5 de Agosto de 2012.
Chavela Vargas teve as suas aparições em filmes como “Frida” de Julie Taymor, a cantar os clássicos Llorona e Paloma Negra.
Também aparece em Babel de Alejandro González Iñárritu a cantar “Tú me acostumbraste”.
Foram mais de 40 discos gravados e quase 1000 concertos. Uma vida cheia para esta mulher de carácter rebelde e contestador. Autêntica. A sua maneira de cantar tão sensível, mas ao mesmo tempo profunda e assertiva, transporta-nos para um mundo de dor, onde sentimos o seu “ riacho de esquecimento alagado” de “lembranças afogadas” e muito amor. Um mundo totalmente diferente e especial, recriado na voz desta mulher inspiradora.
O seu legado:
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