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domingo, 8 de setembro de 2013

Salve-nos poetas!!!

Edição 1855 de 23 a 29 de janeiro de 2011
Inéditos | Nei Duclós
Palavra perdida
Quando dorme o dorso da Terra
encontre a fera, palavra síntese 
a medrar no escuro. Ela te acorda
na manhã seguinte 
 
A madrugada é boa para poesia 
O poder dorme, o desamor cochila. 
E tuas asas, em desuso, circulam 
Como a carga de um casulo 
 
A infância, resto de memória 
Imaginada depois de ter sumido
Reaparece de amor em punho
único brinquedo ainda explícito
 
O que fazer com a insônia,
vôo que morre ao sol a pino? 
Não importa. O que vale é o salto 
no abismo, onde vive a criatura:
 
A Lua cheia, coberta de nuvens 
fugindo em maquiagem espessa 
até ficar apenas uma trilha 
no veludo sem estrelas
 
More no poema insepulto
Componha a sinfonia
Nenhum verso faz sentido 
Sem alguém que o habite 
 
Gaia
 
Ventos: a terra respira.
Rios: o sangue circula. 
Mar: existe uma alma.
 
Montanha: Deus medita. 
Lagos: os anjos se banham. 
Selva: o jaguar te enxerga 
 
Nuvens: o céu cria filhos. 
Raios: gigantes rabiscam. 
Chuva: o sonho descamba. 
 
Noite: manto de estrelas. 
Dia: chapéu de brisa
Inverno: o avô pega o ônibus. 
 
Verão: um jardim de formigas. 
Outono: um tio puxa briga. 
Primavera: a rosa desfila
 
Deus: o fim é o início. 
Homem: irmão de sementes. 
Mulher: mudança de tempo 
 
Praia: Netuno é criança. 
Velas: há um motor na esperança. 
Porto: o amor vem à tona
 
Sonho: o passo imagina. 
Vigília: o olhar está frio. 
Sono: a vida se abriga
 

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