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sábado, 11 de janeiro de 2014

D.R. no avião

 e outras turbulências do amor



sylvia-kristel
Por terra, mar ou ar, uma discussão de relação, a mitológica D.R., é capaz de catástrofes nada naturais.
Por temer o pior, um piloto da Azul resolveu fazer um pouso não programado hoje em Salvador.Leia aqui. Melhor não arriscar. O barraco aéreo chacoalhou geral o ambiente.
Apertem os cintos, pombinhos, que a sensatez sumiu de vez.
“Love is in the air” um cacete, caríssimo Paul Young.
Amor que é amor costuma não acabar de forma civilizada. Viver não é céu de brigadeiro. Não custa, porém, esperar a aterrissagem, não acha?.
Esse casal deve ter mais hora de discussão do que urubu de voo. A parelha acaba de criar a “D.R. caixa preta”. Felizmente a tragédia aérea foi evitada, os segredos desse barraco, porém, jamais saberemos ao certo.
No que relembro, velho cronista de costumes, outros tipos de D.Rs. já catalogados por este blog. Sim, são D.Rs. metidas a besta, D.Rs pequeno-burguesas, D.Rs. “intelectuais”:
D.R. constitucionalista – aquela em que o canalha, como a corja de corruptos nos tribunais, se apega ao direito constitucional de ficar calado para não se complicar ainda mais.
D.R. Sartreana – Tem culpa eu? Neca. Aqui o inferno são sempre os outros.
D.R.Kerouac – A mulher começa a falar e o cara já pega a estrada como um bom beatnick.
D.R. Marcel Proust – Uma simples conversa sobre um bolinho vira seis grossos volumes.
D.R. Kurosawa – Uma discussão lenta, imagens lindas, arrozais sob montanhas, silêncios que falam coisas, uma peleja quase em ideogramas. Pense!
D.R. MPB -  Indecifrável e incompreensível como o “zum de besouro ímã” do verso do Djavan. Muita onomatopéia e nem uma idéia os males da D.R. são. É uma D.R. assim “nem menina nem mulher, lilás”, como no enigma de uma canción de Zé Ramalho.
D.R. Erística _ Como na corrente homônima herdada dos gregos, a arte de triunfar no barraco oral mesmo sem ter razão.
D.R. punk-rock _ Três acordes e vai cada um pro seu lado, dormir na casa da mãe, de um(a) amigo (a), hotel, flat, amante, homeless…
D.R. Paulo Coelho _ Depois de “Onze minutos” de sexo, o barraco sempre começa com uma parábola bíblica ou uma lenda árabe.
D.R. Bartleby _   “Prefiro não discutir”, diz uma das partes, repetindo o mantra do escriturário do livro homônimo de Melville.
 D.R. free-style _ É a discussão rimada, estilo rap, passionais MC´s:  “Assim você me afunda/ com esse pé-na-bunda/ com essa insensatez…/ meu barquinho já naufraga/bossa nova é uma praga/veja só que a vida fez!”
D.R. brechtiana _ A arte de enfrentar o público, seja num botequim seja numa festa, com o distanciamento do personagem, como se dissessem do palco, a cada golpe, “não é nada disso que vocês estão pensando, controlem-se”.
D.R. Abaporu ou D.R. arte moderna _ Típica discussão sem pé nem cabeça, que para nenhum dos dois interessa.
D.R. metalingüística _ A D.R. da D.R., tipo roteiro de Kauffman (“Adaptação”, o filme), exercício das cabeças requentadas ou das mentes ressentidas.
D.R. grega –Segue um mantra do poeta Eduardo Cac: “Para curar um amor platônico, só uma trepada homérica”.

Na terra, no mar ou nos ares, faça como a gostosa da Emanuelle (Sylvia Kristel, na foto), faça amor, não faça D.R.

http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/

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