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domingo, 25 de setembro de 2011

Love Story - Luciana Nepomuceno


 
Uma história de amor. A maior. A melhor. Espinhoso porque minha visão de grande amor tem mudando tanto. Fui de Romeu e Julieta a Nino e Norma Belvedere (vocês viram O Filho da Noiva?). Claro, o grande amor põe brilho no olho e fogo no corpo. Romeu e Julieta e a história do rouxinol e cotovia. Mas é mais, um tantinho mais. É paciência, riso junto, cotidiano, segurar na mão, dormir abraçado. É Ulisses e Penélope, esperar muitos anos, fugir de rainhas e sereias esperando o abraço da única mulher possível. É Penélope e Ulisses, esperar muitos anos, recusar outros futuros, tecer e desfazer possibilidades de outros abraços querendo o abraço do único impossível. Grande amor é Príncipe Shah Jahan pela Princesa Mumtaz Mahal, que só de dor construiu o Taj Mahal. O grande amor está ali, entre a mais solene abnegação e o ridículo mais escrachado. Ai, o grande amor é Tomas e Teresa e a certeza de que o grande amor não é a pessoa perfeita mas aquela a quem não se pode deixar sofrer. O grande amor é ler em poltronas vizinhas e sonhar balões.



 
A maior história de amor? Lembro logo de “Amor nos tempos do cólera” e que “a gente sofre de teimoso quando esquece do prazer...”. Penso que se há de dar um jeito e um tempo pra ficar junto e ser feliz. É preciso coragem. E criatividade. Lembro dos dois, já velhinhos, ele querendo-a de uma forma absoluta, ela desejando e temendo, envergonhada e apegada às convenções sociais...Estão, os dois, em um navio de propriedade da companhia dele e ela temendo os passageiros que irão embarcar, velhos conhecidos. Ele, então, consulta o capitão “existe algum meio que permita que um navio navegue sem ter de aportar?”, o capitão responde “sim, coloquemos a bandeira do ‘cólera’ e, havendo doença contagiosa a bordo, não teremos de aportar, exceto para abastecer”, e ele dá a ordem “faça-o”, e assim o fazem. O capitão pergunta “até quando viajaremos sem destino?”. Ele calcula o tempo (anos, dias, horas, minutos, segundos) que esperou para ter a amada consigo e pensa responder com exatidão. Mas percebe que não viverá tanto e responde “até o fim da vida”.
Eu vi o post da Tina e da Rita dizendo que leram poucas histórias de amor e eu percebi que o que mais leio é isso. Na verdade há poucos livros, na minha lente, que não tratem exatamente disso: sexo e morte, outros nomes pelos quais o amor é chamado. Quando não é logo o amor à morte, claro. Agatha Christie? Crimes como desculpa pra falar do vai e vem de casais apaixonados. Moby Dick? Quer metáfora melhor?

Entre as grandes e clássicas histórias de amor, balancei entre A Dama das Camélias, Anna Kareninna e Amor de Perdição. Mas vou ficando com O Morro dos Ventos Uivantes. Porque? Porque há tantos equívocos, tantos mal-entendidos, tanta angústia, tanto descaminho. Porque há dor. E solidão. E, ainda assim, tanta beleza. Porque há diálogos que me cortam a respiração. Porque há Heathcliff. E porque há a mais romântica frase de todas: “seja do que for que nossas almas são feitas, a dele e a minha são iguais”.

Luciana Nepomuceno

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