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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Guevara e Kaddafi


Não é preciso fazer-se de bobo na morte de Kaddafi





Ninguém precisa fazer-se de bobo para atribuir a execução de Muammar Kaddafi à simples indignação descontrolada de guerrilheiros armados e orientados pela OTAN.
Ninguém tem informações de primeira mão sobre o assunto. Mas não dá para
imaginar que os mesmos oficiais que planejaram a captura de Kaddafi não
tivessem resolvido, na mesma hora, o que iriam fazer quando ela acontecesse. Capazes de monitorar todos os passos na perseguição ao ditador, dirigindo cada
etapa dos trabalhos militares da oposição, com apoio de sofisticados
equipamentos de espionagem, é absurdo imaginar que deixariam tudo por conta
do pessoal que atuava em Sirte, a cidade natal de Kaddafi.
As hipóteses eram duas: Kaddafi deveria ficar vivo para ser julgado? Ou seria
morto, como aconteceu com Osama Bin Laden?
O desfecho da operação foi uma decisão política, planejada e deliberada, como
parte do projeto de derrubar o antigo regime e estabelecer um novo sistema de
governo naquele país. A questão daqui para a frente é saber quem irá assumir
esta responsabilidade pelo que houve e quando isso irá ocorrrer.
No mesmo dia em que Kaddafi foi executado, o jornalista Jon Lee Anderson
relembrou a execução de Ernesto Che Guevara na Bolívia. Guevara foi capturado
com vida e tinha saúde para sobreviver, se isso fosse permitido.
Por orientação de um agente da CIA presente no local, acabou executado a tiros de
pistola, disparados por soldados do Exército boliviano, que receberam instrução
para fazer o possível de que o líder guerrilheiro fora ferido em combate.
Anos depois, apareceram de um Guevara cabeludo e mais gordo do que costuma ser visto nas imagens conhecidas. As últimas dúvidas foram esclarecidas.
Não há comparação possível entre Guevara e Kaddafi. O primeiro morreu como um guerrilheiro que largou o conforto do governo cubano para embrenhar-se numa luta de alto risco. O segundo era um ditador decrépito e corrupto, que vivia em palácios luxuosos e muita mordomia.
No fim da vida, Kaddafi cortejava a elite européia, financiando artistas, políticos e até intelectuais que passaram a produzir trabalhos com referencias elogiosas a seu governo.
Mas há semelhanças entre as mortes. Ambos estavam relacionados naquela lista
de inimigos que o governo americano considera-se no direito de executar.

(Texto atualizado em 25/10)

http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/#post-3132

NOTA: tentei evitar este assunto. mas não pude resistir à esse artigo!
regina

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