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sábado, 19 de novembro de 2011

A alma enlameada e olhos cheios d’água



Escuto a música e penso em duas frases, ‘Chuva é o choro das nuvens com saudade do sol’ e ‘Por que as lágrimas das nuvens são doces e as humanas salgadas?’. Acho que vou apagar né, que metáfora mais pobre essa de chuva – choro. Por que será tão comum, hein? Associação fácil, você diria. Você diria também que eu não preciso dela, que posso mais, que consigo fazer melhor. Não, não posso. Não hoje. Já pude, e poderei em outro momento – eu espero – mas não agora. Porque agora eu choro. Eu choro, eu chovo, eu me molho. Eu respiro, eu corro, eu me seco. Eu fujo. Fujo, pulo, tento alcançar as nuvens e me disfarçar, esconder-me entre elas, fingir que a tristeza é decorrente do clima. Não adianta. Não adianta, não vou adiante, continuo aqui, parada, com a alma enlameada e olhos cheios d’água que parece não secar nunca. É como se de repente chegasse uma frente fria no peito e o coração congelasse. Fico assim paralisada um tempo, até que o gelo começa a derreter e desaguar pelos olhos. Parece que seca, mas é só por um tempo. Por um tempo, ou por um temporal, nem sei, você chegou tipo tempestade mesmo, ventando, chovendo e tirando tudo do lugar. Os muros que eu havia construído com tanto cuidado caíram, um a um, como se fossem a casa de palha da história d´Os Três Porquinhos. Os Três Porquinhos? Só rindo, hoje tá difícil mesmo. Mas é verdade, você penetrou as minhas defesas e me deixou indefesa frente à beleza da vida. Você me deu sonhos, os sonhou e os viveu comigo, coloriu meu céu com cores inventadas e escreveu na minha vida um conto de fadas. É a terceira vez que paro de escrever e penso que não posso publicar esse texto, que está absolutamente ridículo e desconexo. Lembro de uma expressão em inglês que traduzida é algo como “a terceira vez dá sorte” e resolvo então parar por aqui. Como assim, simplesmente parar, sem escrever o fim? É. Porque as histórias de vida real muitas vezes terminam, mas não têm um ponto final.

Carina B.

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