Meus sentimentos são itinerantes,
membros de um teatro mambembe cujo palco não tem refletores
membros de um teatro mambembe cujo palco não tem refletores
Às vezes me sinto assim, meio sem sal. Trezentas mil ideias mastigam meu raciocínio e nenhuma delas tem dentes afiados o bastante. Resultado: mordem, marcam e cospem.Pensar demais dói. Faz a gente esquecer que a tecla dessensibilizar precisa ser acionada de vez em quando e aí fica essa sensação estranha, de que cérebro e coração vivem um casamento sem amor, dividindo o mesmo teto sem que tenham nada em comum.Admiro aquelas pessoas que optam por um dos lados, escolhem a racionalidade fria ou a intensidade quente e não sentem falta do morno. Já eu, tento sem sucesso apartar as brigas constantes desses dois: cérebro e coração. Os danados vivem se digladiando e fazendo com que eu me equilibre em cima de um muro estreito. Arranhões e escoriações são comuns.Ah! Se um deles tomasse as rédeas. A culpa se dissiparia e eu poderia descansar em águas rasas. Chega de nadar na intensidade desequilibrada de uma mente hipersensível e hiperpensante.Há quem herde olhos azuis, cabelos cacheados, uma pinta ou um desvio de coluna. Eu herdei essa coisa que se chama sentir demais... Sinto muito.
Originalmente publicado no Retratos da Alma
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