Maria Olívia Soares/Terra Magazine Arcebispo-primaz do Brasil, dom Murilo Krieger celebrou missa que aproximou catolicismo das religiões de matriz africana. |
Maria Olívia Soares
Do "Bahia em Pauta"
Do "Bahia em Pauta"
Os devotos de Santa Bárbara e Yansã, orixá do Candomblé, lotaram as ruas do Centro Histórico de Salvador vestidos de vermelho e branco, na belíssima manhã de domingo, 4 de dezembro, o dia dedicado à "santa guerreira". A festa foi marcada pela total integração entre religiões e credos, do início ao fim dos rituais.
Pela primeira vez, em 30 anos, um arcebispo-primaz do Brasil celebra a missa campal em homenagem a Santa Bárbara. Dom Murilo Krieger presidiu a solenidade no Largo do Pelourinho, onde foi distribuída ao mesmo tempo hóstia e acarajé, que no candomblé é chamado de acará, ou seja, a comida ofertada à Yansã. Ato que emocionou até os que não têm fé. A benção aos fiéis ocorreu com folhas molhadas em água benta.
Seguidores de Santa Bárbara e Yansã aproveitaram a festa para pagar promessas, distribuindo fitas e acarás pelo caminho. A Banda do Corpo dos Bombeiros agradeceu a proteção da padroeira da classe, acompanhando a procissão pelas ruas do Centro Histórico, até o Mercado de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros, todo tempo entoando cantos religiosos.
A festa continuou com danças, celebrações e o tradicional caruru. O gesto do arcebispo foi encarado como uma reaproximação da Igreja Católica com o Candomblé, que tem sido combatido por religiões neopentecostais na Bahia. A missa de atabaques chegou a ser uma marca dos beneditinos Dom Timóteo Amoroso Anastácio e Dom Jerônimo de Sá Cavalcanti, religiosos destacados na resistência à ditadura militar, no Mosteiro de São Bento de Salvador.
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