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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Lavagem do Bonfim





A principal festa religiosa da Bahia e segunda maior manifestação popular do Brasil, a Lavagem do Bonfim, acontece na segunda quinta-feira, depois do Dia de Reis. Em 2012, a festa será comemorada no dia 12 de janeiro. As homenagens tiveram início em 1754 quando a imagem do Senhor Crucificado - trazida em 1745 pelo Capitão do Mar e Guerra da Marinha Portuguesa, Teodózio Rodrigues - foi transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a sua própria igreja, na Colina Sagrada.
Baianas vestidas com trajes típicos dão início ao ritual, carregando vasos com água de cheiro (mistura de seiva de alfazema com água de flores) para lavar as escadarias e o adro do templo. Milhares de pessoas participam da celebração, vestidas de branco em homenagem a Oxalá, divindade do Candomblé que é associada ao Senhor do Bonfim. Enquanto as baianas lavam os degraus da escadaria, os fiéis cantam o hino de louvor ao Senhor do Bonfim.
A tradição de lavar o adro da igreja com água de cheiro nasceu do trabalho dos escravos que faziam a preparação do local para a novena em louvor ao Senhor Crucificado. A lavagem foi proibida pela Arquidiocese de Salvador, em 1889, mas voltou a ser realizada nos anos 1950, com a participação de adeptos do Candomblé. Hoje, reúne fiéis de todas as crenças e credos.
O cortejo sai da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, seguindo até o alto do Bonfim, em um percurso de oito quilômetros. Paralelamente às atividades religiosas, acontecem festas profanas, em locais particulares, com shows de artistas baianos ligados a Axé Music.

Sejam devotos de Senhor do Bonfim ou de Oxalá ou amantes do lado profano da festa, cerca de um milhão de baianos e turistas celebram a Lavagem do Bonfim nesta quinta-feira (12). A segunda maior festa popular da Bahia, atrás apenas do Carnaval, começou às 8h, com a celebração do Culto Interreligioso no adro da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, situada no bairro do Comércio.

A cerimônia, que agrupa representantes de diversas religiões, foi iniciada pelo vigário da basílica, Padre Valson Santos Sandes, com uma mensagem de acolhimento. Logo após, o canto “Oração de São Francisco” foi entoado pelo Coral da Basílica, regido pelo Maestro David Alvas Tourinho. A celebração continuou com a proclamação da Palavra do Livro do Profeta Isaias por Anorailton Conceição Santos, juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição da Praia.

Em seguida, os representantes de diversos cultos religiosos emitiram uma mensagem de paz. Estavam presentes Marcel Mariano Cadidé (representante da Federação Espírita da Bahia), o Pastor Charleston Soares (Igreja Batista Avivamento Profético), Aristides Mascarenhas (presidente da Federação do Culto Afro Brasileiro) e Ida Meireles (da Organização Brahma Kumaris, representando o do Hinduísmo). Após a Oração do Pai Nosso, a cerimônia foi encerrada com Hino ao Senhor do Bonfim, cantado pelo Coral.

Por volta das 9h, o cortejo saiu da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia em direção ao alto da Colina Sagrada, no Bonfim, com previsão de chegada às 12h. Como quem tem fé, vai a pé, os devotos percorrerão o tradicional trajeto de 8km, a maioria vestida de branco, acompanhando cerca de 300 baianas e 35 entidades, dentre elas o Muzenza, o Ilê Aiyê, os Filhos de Gandhy, grupos de samba e grupos políticos. O resultado é muita música, devoção, dança e alegria.

Ao chegar à Igreja do Bonfim, acontece o ponto alto dos festejos. Com muita água de cheiro, vassouras, flores e fé, as baianas lavarão as escadarias e o adro da igreja, assistidas por baianos e turistas, no ritual que acontece desde o século XVIII. Na ocasião, os devotos recebem também a benção do pároco do Bonfim, Padre Edson Menezes, que erguerá a imagem do Senhor do Bonfim pela janela. Depois do ritual religioso, a festa cede lugar ao profano e os participantes continuam a festejar nas barracas, nas ruas e nos outros eventos programados para a mesma data.

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