O Artista
- Título original:
- The Artist
- De:
- Michel Hazanavicius
- Com:
- Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman
- Género:
- Comédia Dramática
- Classificação:
- M/12
- Outros dados:
- BEL/FRA, 2011, Preto e Branco, 100 min.
- Links:
- Site Oficial
Escrito e realizado pelo francês Michel Hazanavicius, depois de estrear na última edição do Festival de Cannes, recebeu vários prémios por todo o mundo e está nomeado para dez Óscares, entre os quais melhores filme, realizador, actor, actriz secundária e argumento original.
PÚBLICO http://cinecartaz.publico.pt/Filme/295576_o-artista
Críticas:
André Lamas Leite
"Falta um pedacinho assim"
Um filme a preto e branco, mudo exceto no último ou dois últimos minutos, pontificado pelo primeiro som de um copo a ser pousado numa mesa de camarim é, por certo, fora de moda. Mas nem sempre o que está ultrapassado no tempo está fora de contexto. A História ensina-nos que, aqui e além, temos de voltar atrás, sem que necessitemos de recorrer às "teorias do eterno retorno".
Todavia, algo falta em "O Artista". Boas interpretações, sem dúvida, dificultadas pela impossibilidade de usar a voz como instrumento de composição dos personagens. Uma montagem e uma fotografia adequadas. Algumas metáforas interessantes, mas algo estafadas: a ascensão e queda de uma estrela, a rapidez com que na vida passamos de "bestiais" a "bestas", o orgulho parolo e que quase custa a vida.
Falta algo que unifique tudo isto, uma "joie de vivre" que, para mim, o filme não tem. Um elemento distintivo que nos fique no espírito. Algo em que venhamos a remoer no caminho para casa.
Não ouvir certas pessoas é, por certo, uma bênção, mas só por si não conta uma boa história.
Todavia, algo falta em "O Artista". Boas interpretações, sem dúvida, dificultadas pela impossibilidade de usar a voz como instrumento de composição dos personagens. Uma montagem e uma fotografia adequadas. Algumas metáforas interessantes, mas algo estafadas: a ascensão e queda de uma estrela, a rapidez com que na vida passamos de "bestiais" a "bestas", o orgulho parolo e que quase custa a vida.
Falta algo que unifique tudo isto, uma "joie de vivre" que, para mim, o filme não tem. Um elemento distintivo que nos fique no espírito. Algo em que venhamos a remoer no caminho para casa.
Não ouvir certas pessoas é, por certo, uma bênção, mas só por si não conta uma boa história.
Nazaré
Que maravilhoso par de dançarinos!
Retrata muito bem o drama que foi, para muitos artistas em Hollywood, quando se deu a transição do mudo para o sonoro e de repente a linguagem do cinema deixou de ser universal. O pormenor de nos esconderem o motivo da aversão do artista ao sonoro é-nos resguardado de maneira inteligentíssima.
A história, ainda assim, não é especialmente interessante, mas ao mesmo tempo este filme a preto-e-branco é visualmente um luxo (o que o torna tudo menos um "filme mudo"), o par de protagonistas conjuga-se lindamente, vale a pena ir ver por diversos motivos. Mas, se alguma coisa me vai ficar de toda este visual soberbamente elegante, são as cenas de dança, o luxo dos luxos.
A história, ainda assim, não é especialmente interessante, mas ao mesmo tempo este filme a preto-e-branco é visualmente um luxo (o que o torna tudo menos um "filme mudo"), o par de protagonistas conjuga-se lindamente, vale a pena ir ver por diversos motivos. Mas, se alguma coisa me vai ficar de toda este visual soberbamente elegante, são as cenas de dança, o luxo dos luxos.
Rita Costa
O futuro construído pelo passado
"Obriguei" os meus amigos a ver comigo esta curiosa criação de Michel Hazanavicius. Convencer jovens de 16 anos que vivem num mundo dedicado às sensações mais fáceis, em que tudo lhe é apresentado da maneira mais real possível, já habituados ao 3D, como é de imaginar, não foi fácil. A surpresa não está aí, a surpresa está no facto de eles terem gostado.
É um filme encantador, com um argumento simples (não digo isto pela falta de diálogo) mas belo, daquela maneira tão inocente e generosa. Jean Dujardin é absolutamente maravilhoso, o meu eleito ao Óscar.
Os pequenos momentos de pura genialidade do realizador como a cena do copo ou o "Bang!" são maravilhosos, maravilhosamente simples. É uma lufada de ar fresco, uma homenagem ao bom velho cinema, uma maneira extremamente visionária de pôr as coisas, o futuro feito pelo passado.
Aconselho vivamente que se decidam a ir ao cinema por este, quer seja para rever os bons velhos tempos dos primeiros filmes com a namorada nova (para os adultos) ou para conhecer um pouco mais deste património cultural maravilhoso que é o cinema e perceber que há mais do que efeitos especiais e óculos 3D num bom filme (para os jovens).
"The Artist"é um caso de estudo. Tudo começou quando foi vastamente aplaudido em Cannes, onde ganhou a palma de Ouro e o prémio para melhor actor. Sobre o filme pouco se sabia. Apenas rumores de que seria um filme mudo a preto e branco. Em Portugal poucas pessoas se mostraram interessadas e expectantes em ver este Artista, também por culpa do filme que tardava em chegar às nossas salas. Pois bem, chegou na hora "h". Com os Óscares à porta e 10 nomeações, e a arrecadar tudo o que é prémio em tudo o que é cerimónia, pode-se dizer que "The Artist" tem finalmente a atenção merecida.
Sim, "The Artist"é um filme mudo a preto e branco. Mas tudo isso tem razão de ser. A acção decorre em 1927 em Hollywood. George Valentin é um galã do cinema mudo que vê o nascimento do cinema falado mas que se recusa a acreditar nele. Um pouco como hoje muitos se recusam a acreditar no cinema em 3D. Poder-se-ia entrar por aí e elogiar "The Artist"por fazer um paralelismo com o presente mas vou-me deixar de pretensiosismos... Poder-se-ia também dizer que "The Artist"pretende demonstrar que não é a tecnologia que faz o cinema mas sim dois actores e uma câmara. No entanto essa é uma argumentação fácil que não nos interessa. "The Artist"é bem mais que isso.
De facto o que o francês Michel Hazanavicius pretende é fazer uma homenagem ao cinema mudo, mas também a Hollywood e à sua, não diria pré-história (essa seria o final do séc. XIX), mas sim semi-infância. E curiosa homenagem já que parte de França e não de Hollywood, ensinando mesmo até ao próprio Hollywood aquilo que, e repito, Hollywood já foi.
Estão inseridas todas as grandes temáticas do Hollywood comercial (que no fundo era o único Hollywood que existia) da época como a ascensão de uma nova estrela no Mundo do cinema , a depressão do "Artista" que perde o spotlight, o romance, e, acima de tudo, o excelente humor do cinema mudo. "The Artist"não esconde a utilização destes clichés mas fá-lo sempre à distância. Fá-lo porque é assim que deve ser feito. Não os revolta e vomita, antes os aborda com classe e muita finesse.
"The Artist"é de facto um filme muito especial e uma experiência algo única. Não pelo simples facto de ser mudo e a preto e branco mas mesmo pelo sentido de humor e suas interpretações, com expressões faciais propositadamente exageradas e hilariantes. O Artista consegue verdadeiramente viciar e conectar-se com o espectador que continua a querer mais deste Mundo que aparentemente já não existe. Tem mesmo cenas particulares de um brilhantismo invejável, o cão de George Valentin, os trejeitos de Peppy Miller (Bérénice Bejo), as expressões de John Goodman, as coreografias, toda a simplicidade claramente falsa de um filme mudo está perfeitamente transposta para o ecrã. E que bom que é!
Pois bem, a moral da história dada por França a Hollywood e ao espectador neste Artista é, no nosso entender, que o cinema é algo de uniforme onde a história não é realmente história pois com uma câmara qualquer coisa se pode fazer independentemente da época. Recusamos a ideia de que "The Artist"se pretende refugiar numa falsa saudade do passado que agora está tão na moda ressuscitar, com tanto indie e tanta coisa retro que por aí se vê. "The Artist"é um filme puro, na verdadeira acepção da palavra, com todos os ingredientes da época que consegue com toda a genuinidade deixar-nos felizes. Este é, talvez, o único grande filme de 2011.
P.S. - A banda sonora de "The Artist"é algo de verdadeiramente genial e que merece uma análise própria, já que nos acompanha ao longo dos 100 minutos de silêncio mudo. Músicas clássicas dignas da época e talvez algumas décadas mais à frente. Vale realmente a pena ouvir à parte.
Critica originalmente publicada no blog retroprojeccao
É um filme encantador, com um argumento simples (não digo isto pela falta de diálogo) mas belo, daquela maneira tão inocente e generosa. Jean Dujardin é absolutamente maravilhoso, o meu eleito ao Óscar.
Os pequenos momentos de pura genialidade do realizador como a cena do copo ou o "Bang!" são maravilhosos, maravilhosamente simples. É uma lufada de ar fresco, uma homenagem ao bom velho cinema, uma maneira extremamente visionária de pôr as coisas, o futuro feito pelo passado.
Aconselho vivamente que se decidam a ir ao cinema por este, quer seja para rever os bons velhos tempos dos primeiros filmes com a namorada nova (para os adultos) ou para conhecer um pouco mais deste património cultural maravilhoso que é o cinema e perceber que há mais do que efeitos especiais e óculos 3D num bom filme (para os jovens).
David Bernardino
Um filme que nos deixa genuinamente felizes
"The Artist"é um caso de estudo. Tudo começou quando foi vastamente aplaudido em Cannes, onde ganhou a palma de Ouro e o prémio para melhor actor. Sobre o filme pouco se sabia. Apenas rumores de que seria um filme mudo a preto e branco. Em Portugal poucas pessoas se mostraram interessadas e expectantes em ver este Artista, também por culpa do filme que tardava em chegar às nossas salas. Pois bem, chegou na hora "h". Com os Óscares à porta e 10 nomeações, e a arrecadar tudo o que é prémio em tudo o que é cerimónia, pode-se dizer que "The Artist" tem finalmente a atenção merecida.
Sim, "The Artist"é um filme mudo a preto e branco. Mas tudo isso tem razão de ser. A acção decorre em 1927 em Hollywood. George Valentin é um galã do cinema mudo que vê o nascimento do cinema falado mas que se recusa a acreditar nele. Um pouco como hoje muitos se recusam a acreditar no cinema em 3D. Poder-se-ia entrar por aí e elogiar "The Artist"por fazer um paralelismo com o presente mas vou-me deixar de pretensiosismos... Poder-se-ia também dizer que "The Artist"pretende demonstrar que não é a tecnologia que faz o cinema mas sim dois actores e uma câmara. No entanto essa é uma argumentação fácil que não nos interessa. "The Artist"é bem mais que isso.
De facto o que o francês Michel Hazanavicius pretende é fazer uma homenagem ao cinema mudo, mas também a Hollywood e à sua, não diria pré-história (essa seria o final do séc. XIX), mas sim semi-infância. E curiosa homenagem já que parte de França e não de Hollywood, ensinando mesmo até ao próprio Hollywood aquilo que, e repito, Hollywood já foi.
Estão inseridas todas as grandes temáticas do Hollywood comercial (que no fundo era o único Hollywood que existia) da época como a ascensão de uma nova estrela no Mundo do cinema , a depressão do "Artista" que perde o spotlight, o romance, e, acima de tudo, o excelente humor do cinema mudo. "The Artist"não esconde a utilização destes clichés mas fá-lo sempre à distância. Fá-lo porque é assim que deve ser feito. Não os revolta e vomita, antes os aborda com classe e muita finesse.
"The Artist"é de facto um filme muito especial e uma experiência algo única. Não pelo simples facto de ser mudo e a preto e branco mas mesmo pelo sentido de humor e suas interpretações, com expressões faciais propositadamente exageradas e hilariantes. O Artista consegue verdadeiramente viciar e conectar-se com o espectador que continua a querer mais deste Mundo que aparentemente já não existe. Tem mesmo cenas particulares de um brilhantismo invejável, o cão de George Valentin, os trejeitos de Peppy Miller (Bérénice Bejo), as expressões de John Goodman, as coreografias, toda a simplicidade claramente falsa de um filme mudo está perfeitamente transposta para o ecrã. E que bom que é!
Pois bem, a moral da história dada por França a Hollywood e ao espectador neste Artista é, no nosso entender, que o cinema é algo de uniforme onde a história não é realmente história pois com uma câmara qualquer coisa se pode fazer independentemente da época. Recusamos a ideia de que "The Artist"se pretende refugiar numa falsa saudade do passado que agora está tão na moda ressuscitar, com tanto indie e tanta coisa retro que por aí se vê. "The Artist"é um filme puro, na verdadeira acepção da palavra, com todos os ingredientes da época que consegue com toda a genuinidade deixar-nos felizes. Este é, talvez, o único grande filme de 2011.
P.S. - A banda sonora de "The Artist"é algo de verdadeiramente genial e que merece uma análise própria, já que nos acompanha ao longo dos 100 minutos de silêncio mudo. Músicas clássicas dignas da época e talvez algumas décadas mais à frente. Vale realmente a pena ouvir à parte.
Critica originalmente publicada no blog retroprojeccao
Natália Costa
Homenagem ao Cinema
Este é um daqueles filmes que entrou de imediato para a minha top list (aquele espacinho infinito onde cabem sempre mais).
Se eu fosse um dos membros da Academia estaria com sérias dificuldades em decidir-me entre este genial "The Artist" e esse magnífico "The Tree of Life". Dois filmes bem distintos, mas igualmente geniais.
"The Artist" é primeiro e, acima de tudo, uma homenagem ao cinema. A Sétima Arte é uma das mais vastas e ricas invenções do Homem. O cinema tal como o conhecemos hoje, nem sempre assim foi. Até ao deslumbramento pela tecnologia houve longos passos na história, o som e a cor, dados adquiridos hoje em dia, não nasceram com o cinema. Surgiram mais tarde, enriquecendo e enaltecendo essa arte de deuses.
Usei os verbos enriquecer e enaltecer, mas nem por isso o cinema era mais pobre durante a época do mudo. Um dos mais interessantes filmes que vi chama-se "A Boceta de Pandora" de Pabst, com uma deslumbrante Louise Brooks e é nada mais nada menos do que um fascinante filme. É mudo: sim! Mas não deixa de ser uma obra grandiosa que ultrapassa em larga escala muitos filmes coloridos e bem sonoros.
Este "The Artist" é uma lufada de ar fresco na habitual oferta das salas. Temos tido filmes bastante bons: é certo; mas "The Artist" é um adorável e invulgar trabalho que deixa qualquer um sorridente. É uma experiência de magia, na qual se vive o cinema em todo o seu esplendor.
A música, um dos veículos mais poderosos de sempre, é explorada de forma genial.
Os actores (suspiro)... O que se pode dizer de pessoas tão expressivas e talentosas que parecem ter nascido para a arte de representar? Qualquer um dos papéis assenta que nem uma luva aos respectivos artistas.
E a história, bom, a história é duma singularidade ímpar. À semelhança de Crepúsculo dos Deuses também este filme se debruça sobre a viragem duma época no mundo da sétima arte, bem como os consequentes impactos nas vidas dos que davam/dão vida a essa mesma arte.
E, claro, o amor! O amor como veículo único de redenção/salvação.
Se há eternidade essa existe no amor.
E se há maneira de a captar por um instante, o cinema existe para isso mesmo.
Genial!!!
Se eu fosse um dos membros da Academia estaria com sérias dificuldades em decidir-me entre este genial "The Artist" e esse magnífico "The Tree of Life". Dois filmes bem distintos, mas igualmente geniais.
"The Artist" é primeiro e, acima de tudo, uma homenagem ao cinema. A Sétima Arte é uma das mais vastas e ricas invenções do Homem. O cinema tal como o conhecemos hoje, nem sempre assim foi. Até ao deslumbramento pela tecnologia houve longos passos na história, o som e a cor, dados adquiridos hoje em dia, não nasceram com o cinema. Surgiram mais tarde, enriquecendo e enaltecendo essa arte de deuses.
Usei os verbos enriquecer e enaltecer, mas nem por isso o cinema era mais pobre durante a época do mudo. Um dos mais interessantes filmes que vi chama-se "A Boceta de Pandora" de Pabst, com uma deslumbrante Louise Brooks e é nada mais nada menos do que um fascinante filme. É mudo: sim! Mas não deixa de ser uma obra grandiosa que ultrapassa em larga escala muitos filmes coloridos e bem sonoros.
Este "The Artist" é uma lufada de ar fresco na habitual oferta das salas. Temos tido filmes bastante bons: é certo; mas "The Artist" é um adorável e invulgar trabalho que deixa qualquer um sorridente. É uma experiência de magia, na qual se vive o cinema em todo o seu esplendor.
A música, um dos veículos mais poderosos de sempre, é explorada de forma genial.
Os actores (suspiro)... O que se pode dizer de pessoas tão expressivas e talentosas que parecem ter nascido para a arte de representar? Qualquer um dos papéis assenta que nem uma luva aos respectivos artistas.
E a história, bom, a história é duma singularidade ímpar. À semelhança de Crepúsculo dos Deuses também este filme se debruça sobre a viragem duma época no mundo da sétima arte, bem como os consequentes impactos nas vidas dos que davam/dão vida a essa mesma arte.
E, claro, o amor! O amor como veículo único de redenção/salvação.
Se há eternidade essa existe no amor.
E se há maneira de a captar por um instante, o cinema existe para isso mesmo.
Genial!!!
Silvares
Coisa de artista!
Bonito, perfeito e certinho, como a dentição dos actores principais. Tão surpreendente na forma quanto previsível no conteúdo. A ver, sem hesitações.
André Olim
Um fantástico filme
É um grande filme que certamente ficará na memória de todos. Mais do que recomendável, é obrigatório!
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