Raios partam a ginástica cueca!
No tempo, o casamento foi contrato por mil e uma razões e o amor uma criação romântica suavizadora dos contornos do corpo, da troca de fluídos, do cheiro, gemidos, a lápis de linhas bruscas ou brandas e fez-se conto, saga, poema iniciador da sedução nos salões. Depois passou o casamento a ser uma irrazão em que se tinham as razões do amor e da paixão. Pelo caminho o sexo foi dever, procriação, prazer. Até amor e paixão.
O casamento e o amor tendem para a arqueologia social, religiosa e afectiva, convém mesmo que não se ame, a perenidade não é descartável, e porra, fica mal. Implantou-se a directiva da higiénica do orgasmo. O sexo, de íntima vontade tão boa de dois, cocktail de tesão e ternura, naturalidade quotidiana sem acrobacias de kamasutra, fez-se ou faz-se, pasme-se, em grupo e com gente com quem não se partilha lençóis ou lugares menos conservadores, e em público para que a discussão assegure da qualidade da experiência, seja na reunião da mala vermelha ou à conversa na mesa dos cafés, sobre prévios desempenhos, sucessos e técnicas, e seguindo as tendências da moda ditadas nas revistas e afins com fidelidades evangélicas. É, portanto, uma arte performativa em auto-avaliação e dos pares. Em suma: uma ginástica cueca.
Ps: para que não digam que não sou, ó tão romântica, mesmo toda em corações e lailailai e logo hoje. Viva São Valentim!
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