Deixa eu morrer só um pouquinho? No teu colo, na tua mão, no teu olho? Deixa eu descansar, não precisar rir nem falar nem escrever as histórias todas que se fazem em tantas letras que você me ensinou desnecessárias? Deixa eu parar, eu não ser, não precisar, não dizer, não fazer. Deixa eu não, sussurro contra o vento, mas você não sabe da minha prece e acena, displicente, e não me deixa morrer.
A noite, enorme. A fome, enorme. Não há luas em mim. Nenhuma luz. Um viver maior que eu me oprime e mesmo a beleza só é percebida em memória. Em surpresa, recebo-te na noite. Eu precisava tanto. E vieste. Como um abraço, as boas palavras. Que foram se fazendo calor e intimidade. Leve, tua mão é leve ao pousar na lembrança e brincar de despertar os sentidos. A fala desenha caminhos e o corpo se faz estrada, percorre-me, eu diria se alguma coisa fosse dizer. Mas calo e só quem fala é a fome. Enorme.
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