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segunda-feira, 9 de abril de 2012

9 MESES



09/04/2012

Há quase um mês não dou as caras por aqui, no balcão virtual do Buteco, e acho que é, desde 2004, quando escrevi o primeiro texto deste blog, e já são mais de 2.000 textos de lá pra cá, o maior período de ausência minha por essas bandas. Não há, confesso, razão específica para isso: penso às vezes que é falta de assunto, penso que é porque tenho me dedicado, duas vezes por semana, diante da médica de alma, minha psicanalista, a fazer minhas confissões no divã (não deito no divã, mas é como se) – o que torna sem sentido repetir tudo por aqui -, penso que é porque tenho preferido falar de mim para mim, penso que é porque estou envolto pelo vento minuano que vem do Sul pra me acarinhar o rosto, penso que é porque tenho preferido viver intramuros as novidades que me chegam – são muitas, como se vê, as possibilidades.
Mas hoje acordei cedo e o “9″ no calendário foi, de novo, implacável: foi num dia 9 que a Sorriso Maracanã foi oló. Num 9 de julho. Há 9 meses, portanto.
Você diz “nove meses” e a associação é imediata: fertilidade, fecundação, gestação e parto. Pois eu, este que vos escreve, meus poucos mas fiéis leitores, embora tenha lhes prometido o silêncio sobre este tema em janeiro de 2012 (aqui), volto a ele apenas para lhe dizer: experimentei, desde o último mês de julho, a fertilidade, a fecundação, a gestação e o parto.
Sou, nesse 9 de abril – e em todos os abris eu sou um homem profundamente comovido por conta de meu aniversário, no dia 27 -, um homem novo e renovado sob a égide daquilo que é, queiramos ou não admitir o que pode sempre soar piegas, a força motriz do ser humano: o amor em estado bruto.
É impressionante viver depois do que eu vivi.
É impactante perceber a metamorfose da dor em saudade. É fascinante, até, essa constatação viva, nua, crua, de que fizemos a escolha certa, as escolhas certas, é emocionante sentir a lágrima que corre do olho em direção à boca, fruto salgado que brota de olhos que recuperaram o brilho justamente por conta da certeza de que fizemos as escolhas certas. Emergir, pode-se dizer. Nascer de novo, por isso a imagem do parto.
Nove meses depois, a saudade não dói mais como doíam as dores que fizeram tanto mal a ela. Nove meses depois, a saudade emociona – e não se trata de “apenas” emociona… – e é tão bonita quanto seu sorriso (que permanece, vivo, escancarado, luminoso).
Nove meses depois, tendo gestado a saudade com zelo de mãe, com cuidado de pai, re(nasce) o homem.
Ergo, daqui, de pé diante do balcão imaginário, a cuia cheia de chimarrão bem cevado em nome da saudade que me comove e que, de certa forma, me move por uma nova estrada que percorro de mãos dadas, também com a saudade que a distância dá, com a mulher que é meu pago e a quem repasso o trago do que cevei.
Até.




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