Os mistérios do cabelo-Joãozinho. Mais
indecifráveis que os mistérios do Planeta, como diriam os Novos Baianos.
Acabei de ver aqui na avenida Paulista a melhor combinação do universo entre um rosto e um cabelo ao melhor estilo “Joãozinho”.
Até agora estou estátua. Que linda!
Ainda apertei a vagabunda câmera da janela do táxi, mas a moça submergiu na estação Consolação do metrô rumo ao Paraíso. Ela merecia tal destino.
Apertei só por desculpa. Preferia narrar mesmo sem a imbecilidade do retrato.
LINDA!
Pescocinho. Parecia uma galinha d´água mergulhando no açude do Penedo, no Sítio das Cobras, Santana do Cariri, por exemplo.
Jamais flagraria tanta beleza a olho nu.
Era a perfeição entre os derradeiros fios da nuca e o never more de Edgar A. Poe.
Juro, era melhor que a atriz Jean Seberg (na foto ai acima), aquela linda moça do filme “Acossado”, clássico de 1959 dirigido por Jean-Luc Godard.
Muito mais linda, misteriosa e “nouvelle vague” a anônima que me escapou de vista agora no metrô. Amanhã rastreio a deusa nas imediações.
Não tema, minha senhorita, só por apreciação estética mesmo. Sou um colecionador diário de tais alumbramentos e comoções.
O que mais interessa a flâneur de verdade?
(…)
Quantos mistérios num cabelo tipo “Joãozinho”.
Aquele corte que sempre intrigou a nós homens pelo que guarda de dúbio, anfíbio e, em muitos casos, andrógino.
Em alguns rostos, cai perfeito, ressaltando o que tem de mais belo nos traços, lente de aumento no brilho dos olhos… Era o caso da moça que acaba de tatuzar-se diante das minhas lentas retinas de velho tarado.
Deixa quieto.
Mas não é para qualquer rosto tal corte ousado, todo cuidado é pouco nessa hora.
É mais para as mulheres de gestos pequenos e delicados do que para as mulheres mais atrevidas e selvagens –estas estariam mais para tranças, adeixas e mil segredos debaixo dos caracóis dos seus desleixos.
O “Joãozinho” ou “nambu”, como se diz em algumas regiões do país, é corte para aquela hora de reviradas na vida, ritual de passagem, transição amorosa, mudanças bruscas e malfazejos tantos.
E como é prático uma mulher com cabelos curtíssimos.
Ao acordar, por exemplo, ao lado de um novo possível namorado, não viverás o drama comum às fêmeas de cabelos longos, que já despertam, quando ainda não possuem a completa intimidade, em sobressaltos, preocupadas com o desalinho feito pelas supostas penas de gansos dos afogados travesseiros.
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/04/03/o-cabelo-tipo-joaozinho-e-os-misterios-do-planeta/
indecifráveis que os mistérios do Planeta, como diriam os Novos Baianos.
Acabei de ver aqui na avenida Paulista a melhor combinação do universo entre um rosto e um cabelo ao melhor estilo “Joãozinho”.
Até agora estou estátua. Que linda!
Ainda apertei a vagabunda câmera da janela do táxi, mas a moça submergiu na estação Consolação do metrô rumo ao Paraíso. Ela merecia tal destino.
Apertei só por desculpa. Preferia narrar mesmo sem a imbecilidade do retrato.
LINDA!
Pescocinho. Parecia uma galinha d´água mergulhando no açude do Penedo, no Sítio das Cobras, Santana do Cariri, por exemplo.
Jamais flagraria tanta beleza a olho nu.
Era a perfeição entre os derradeiros fios da nuca e o never more de Edgar A. Poe.
Juro, era melhor que a atriz Jean Seberg (na foto ai acima), aquela linda moça do filme “Acossado”, clássico de 1959 dirigido por Jean-Luc Godard.
Muito mais linda, misteriosa e “nouvelle vague” a anônima que me escapou de vista agora no metrô. Amanhã rastreio a deusa nas imediações.
Não tema, minha senhorita, só por apreciação estética mesmo. Sou um colecionador diário de tais alumbramentos e comoções.
O que mais interessa a flâneur de verdade?
(…)
Quantos mistérios num cabelo tipo “Joãozinho”.
Aquele corte que sempre intrigou a nós homens pelo que guarda de dúbio, anfíbio e, em muitos casos, andrógino.
Em alguns rostos, cai perfeito, ressaltando o que tem de mais belo nos traços, lente de aumento no brilho dos olhos… Era o caso da moça que acaba de tatuzar-se diante das minhas lentas retinas de velho tarado.
Deixa quieto.
Mas não é para qualquer rosto tal corte ousado, todo cuidado é pouco nessa hora.
É mais para as mulheres de gestos pequenos e delicados do que para as mulheres mais atrevidas e selvagens –estas estariam mais para tranças, adeixas e mil segredos debaixo dos caracóis dos seus desleixos.
O “Joãozinho” ou “nambu”, como se diz em algumas regiões do país, é corte para aquela hora de reviradas na vida, ritual de passagem, transição amorosa, mudanças bruscas e malfazejos tantos.
E como é prático uma mulher com cabelos curtíssimos.
Ao acordar, por exemplo, ao lado de um novo possível namorado, não viverás o drama comum às fêmeas de cabelos longos, que já despertam, quando ainda não possuem a completa intimidade, em sobressaltos, preocupadas com o desalinho feito pelas supostas penas de gansos dos afogados travesseiros.
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/04/03/o-cabelo-tipo-joaozinho-e-os-misterios-do-planeta/
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