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terça-feira, 3 de abril de 2012

“Two Brazils”

Deu no New York Times: Dois Brasis - Morte de Ciclista confronta riqueza e periferia

Escrito por Daniela Novais 02/04/2012

Crédito : Tuca Vieira

O jornal New York Times publicou reportagem neste sábado (31) pegando como gancho o acidente envolvendo Thor Batista, “filho do homem mais rico do Brasil”, que atropelou e matou Wanderson Pereira dos Santos, ajudante de caminhão que andava de bicicleta na mesma rodovia, o NYT discute a discrepância entre as classes sociais no que chama de “Two Brazils” (Dois Brasis).
A reportagem conta do acidente em que o carro de Thor, que voltava de um jantar em uma churrascaria no Rio, ao volante do carro Mercedes-Benz SLR McLaren avaliado em U$ 1,3 Milhão bate na bicicleta de Wanderson, que vivia em um barraco à beira da estrada e trabalhava descarregando caminhões e, como era aniversário da esposa, ele tinha ido comprar farinha para que a mulher fizesse um bolo em comemoração.

Dois Brasis - Para o NYT, o acidente confronta os dois Brasis: o da pequena elite e o dos milhões em uma existência à margem dessa abundância. Perto do local do acidente, vivem cerca de 100 famílias em barracos na encosta perto da rodovia. O jornal entrevistou um morador da redondeza que assinalou já ter perdido a conta das pessoas atropeladas lá, mas que este caso em si havia despertado a atenção, por envolver o filho de Eike Batista, um magnata da mineração, com uma fortuna avaliada em 30.000.000.000 dólares e que costuma estacionar a McLaren na sala de estar de sua mansão.
É bem verdade que as mortes na estrada são tão comuns, que raramente recebem destaque nacional como esta teve. O Brasil registrou mais de 40,600 mortes no trânsito em 2010. Na rodovia onde Wanderson foi morto, pelo menos 391 pessoas foram atropeladas nos últimos cinco anos. O que diferencia este acidente dos demais é o debate sobre a influência da riqueza num caso como este.

Discrepâncias – Para começo de conversa, os investigadores disseram que Thor dirigia não mais rápido do que 100 quilômetros por hora, estando dentro do limite de velocidade da via que é de 110 Km. Logo em seguida, saiu a versão de que Wanderson estava bêbado e foi atingido no meio da pista, contradizendo os testemunhos de quem estava no local e afirmou que o rapaz pedalava pelo acostamento e foi atingido quando Thor tentava ultrapassar um ônibus. Pelo acostamento.
Outro questionamento é o fato de Thor ainda ter licença para dirigir, acumulando mais de 51 pontos em sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH), quando a lei vigente prevê a suspensão da licença com menos da metade: 20 pontos. Entre as sanções aplicadas ao jovem, diversas violações do excesso de velocidade.

O que dizem os Batista - Postagens de Eike e Thor dão uma versão diferente e outros adjetivos que o Câmara em Pauta prefere se abster. “O ciclista descuidado poderia ter causado três mortes”, postou Eike no Twitter no dia seguinte ao enterro de Wanderson. Já Thor, também pelo microblog afirmou que Wanderson trafegava na faixa da esquerda e ele estava dentro dos limites de velocidade e se gabou de suas habilidades como motorista e dos recursos de seus carros. “Eu dirijo carros com transmissão automática com um pé no acelerador e outro no freio, o que torna uma reação muito mais rápido possível”, postou.
A investigação continua e Thor contará com alguns dos melhores advogados em sua defesa, que já sustentam que o pobre menino rico é inocente e pedem uma autópsia, para mostrar que Wanderson tinha consumido álcool antes do acidente. A família de Wanderson não comenta o caso. Os Batista empenharam sua palavra de que iria ajudá-los com "toda a assistência necessária".

Para ler a matéria do New York Times, clique aqui (texto em inglês).



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