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sexta-feira, 6 de abril de 2012

"O Ser é e o não-ser não é" - PARMÊNIDES

PARMÊNIDES E O SER
Poema de Antonio Miranda
Foto de Silvio Zambroni
Penso, logo existo”. DESCARTES (1596-1650)
“Pois o mesmo é pensar e ser”. PARMÊNIDES (530-460 a.C.)
Não sei em que minha identidade
me assemelha ou me diferencia...
Só percebo as semelhanças
contrapondo as diferenças...
Pouco me importa as diferenças
que me separam dos outros...
O que importa são as diferenças
ao longo da própria existência?
Semelhanças e diferenças se fundem
e me confundem... Porque sou
o que não mais sou... Mas
nunca serei o que nunca fui...
Como bem disse Parmênides:
o nada não é”. E “não
conhecerás o não ser”
mesmo que os poetas o queiram.
Continuar sendo o que deixou de ser
pois o ser é “uno e contínuo”...
E continuaremos sendo
mesmo depois de sermos.
Na Natureza nada se extingue:
e não há princípio nem fim.
Se não viemos, tampouco
iremos a lugar algum...
NOTA: A poesia e a filosofia estavam irmanadas nas suas origens. Seria a poesofia. Um dos grandes mistérios de interpretação continua sendo o célebre poema Da Natureza, do pré-socrático Parmênides, que conhecemos pelos fragmentos que restam e pelas interpretações dos filósofos modernos. Por que não aproximar-se do poema pela poesia? A. M.

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_ilustrada/portugues/parmenides_e_o_ser.html


É o primeiro pensador a discutir questões relativas ao Ser, e a partir do seu poema intitulado Sobre a Natureza, ele nos traz as possibilidades de conhecê-lo, tendo em relação a ele um conhecimento verdadeiro e universal, e para chegarmos a este conhecimento, torna-se necessário o desvencilhamento dos sentidos, pois o verdadeiro não pode ser percebido pelo nosso campo sensorial e sim pensado, inteligido por nossa razão.
O Eleata nos apresenta, então, que a nossa frente encontramos dois caminhos: o primeiro que é a via da verdade e o segundo, a via da opinião. O segundo caminho, nos diz Parmênides, temos que nos afastar , pois é o caminho do não-ser, do nada, do que não existe, do inominável, do impensado e do indizível.
O não ser, é o que captamos pelo nosso campo sensorial, e os sentidos só nos traz o ilusório, o que não existe; a percepção, é o campo da doxa, a opinião é o não-ser, o nada.
A alétheia, é o Ser, o Ser é o verdadeiro, e é na vida da verdade que nós temos que caminhar, e pela razão atingirmos o Ser que é Uno, indivisível, imutável, intemporal.
O ser é pensado, se ele é pensado, ele existe, pois só podemos pensar sobre algo que tem existência, portanto, ele pode ser nominado, pois só podemos dar nomes a coisas existentes; tendo nome ele pode ser dito, sendo tido podemos utilizar a persuasão para afastar os homens mortais do falso, da segunda via, da opinião.
"O Ser é e o não ser não é"
É na máxima elaborado por Parmênides: O Ser é e o não-ser não é, norteará todas as discussões ulteriores sobre o Ser, as respostas variadas serão dadas para defender ou refutar a tese parmenediana do Ser Uno e imutável.

For Parmenides says that there are circular bands wound round one upon the other, one made of the rare, the other of the dense; and others between these mixed of light and darkness. What surrounds them all is solid like a wall. Beneath it is a fiery band, and what is in the very middle of them all is solid, around which again is a fiery band. The most central of the mixed bands is for them all the origin and cause of motion and becoming, which he also calls steering goddess and keyholder and Justice and Necessity. The air has been separated off from the earth, vapourized by its more violent condensation, and the sun and the circle of the Milky Way are exhalations of fire. The moon is a mixture of both earth and fire. The aether lies around above all else, and beneath it is ranged that fiery part which we call heaven, beneath which are the regions around the earth.


2 comentários:

  1. Parmênides de Eléia; Tales, Anaximandro e Anaxímenes de Mileto; o grande Heráclito de Éfeso (“a contradição é mãe da harmonia e a mola propulsora da vida!”); mito x razão; Homero, o educador da Grécia! A Odisséia e as lições de Ulisses (meties, hybris vs sofrosyne, peithó); Platão e as sagradas leituras de O Banquete, Apologia de Sócrates, A República e Fedro; Sócrates vs sofistas... tudo isto num mero curso (disciplina) de Filosofia Antiga.
    Que professora, que professora! Nunca disse ser neta do grande Otávio Mangabeira, nunca humilhou aluno algum. Suas aulas iam além dos conteúdos curriculares, eram aulas para a vida, para formar cidadãos – entendia a educação no sentido da paidéia grega e repetia para os alunos: “gente, a Filosofia pode mudar uma vida!” (E muda mesmo!) A turma de calouros ficava num silêncio sepulcral, ouvindo a grande professora, e ninguém queria perder uma aula – sala repleta do início ao final do curso.
    Grande Nancy Mangabeira Unger! Fica registrado aqui na web, no simpaticíssimo e cultural Sussurro, o reconhecimento e o tributo de um ex-aluno, Marco Lino.

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