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sexta-feira, 31 de agosto de 2012
blue moon
Don't miss Friday night's rare blue moon beauty
By: Courtney Baird
Thursday, August 30, 2012
On Friday night a rare blue moon will rise in the sky in an astronomical event that occurs only once every three years or so. If you're hoping to see the blue moon but the sky above you is cloudy, don't fret. The web-based Slooh Space Camera will broadcast the event live beginning at 6 p.m. EDT. (The website's even got a countdown clock to its blue moon coverage.)
Folklore will tell you that strange things go bump in the night when there's a blue moon--but what folklore won't tell you is that blue moons aren't really blue. The term is a misnomer and actually refers to the second of two full moons that occur during the same calendar month.
Because the lunar cycle is 29.5 days, most months only see one full moon. But every once in a while a full moon rises twice in the same month and becomes a blue moon--at least that is the accepted definition today, even though it originally arose from a mistake in Sky & Telescope magazine in 1946. The next time we humans will see a blue moon is on July 31, 2015.
There are varying theories as to where the term "blue moon" came from, given that color has nothing to do with it.
"Why 'blue' was chosen isn't really known for sure," Anthony Cook, the astronomical observer at Griffith Observatory in Los Angeles, told the Los Angeles Times.
Friday night's blue moon is also sure to be savored by NASA fans, as it comes on the same day that astronaut Neil Armstrong is being laid to rest in a private ceremony. Armstrong, who was the first person to walk on the moon, died on Aug. 25 after suffering from complications related to heart surgery.
"This Blue Moon that Slooh will explore Friday night is somewhat rare, but not as rare as the courage and talent of the late Neil Armstrong, the first human to set foot on our nearest celestial neighbor," astronomer and Slooh editor Bob Berman said in a statement on Slooh's Facebook page. "To honor him, Slooh will explore the Sea of Tranquility with its Canary Island 20-inch telescope, live, and have guests who will reveal some of the lesser-known secrets of that historic 1969 event. I think many of our visitors will be in for quite a surprise."
It appears as if the moon wants to send him off with a memorable goodbye--or perhaps welcome him home.
Friday evening's blue moon will allow fans of the late Neil Armstrong to marvel at man's incredible feat. Armstrong was the first man to set foot on the lunar surface back in 1969. This photo was taken early Friday morning as the moon technically turned full. Photo: Travis BurkeIf you're more inclined to watch the real thing, the best viewing is usually available outside of town, away from the glare of city lights. Viewing is enhanced even more if you can find a nearby lake or pond that will reflect the moon's light. Of course, avoiding cloud cover is a must, so knowing where to find patches of clear sky is key. Chances are there's a micro climate near you to do so.
Folklore will tell you that strange things go bump in the night when there's a blue moon--but what folklore won't tell you is that blue moons aren't really blue. The term is a misnomer and actually refers to the second of two full moons that occur during the same calendar month.
Because the lunar cycle is 29.5 days, most months only see one full moon. But every once in a while a full moon rises twice in the same month and becomes a blue moon--at least that is the accepted definition today, even though it originally arose from a mistake in Sky & Telescope magazine in 1946. The next time we humans will see a blue moon is on July 31, 2015.
There are varying theories as to where the term "blue moon" came from, given that color has nothing to do with it.
"Why 'blue' was chosen isn't really known for sure," Anthony Cook, the astronomical observer at Griffith Observatory in Los Angeles, told the Los Angeles Times.
Friday morning's blue moon as seen through the lens of a telescope in the hills north of San Diego. Friday night will be your last chance to see the blue moon until 2015. Middle photo is of the moon rise over Lake Hodges. Photos: Travis Burke
Friday night's blue moon is also sure to be savored by NASA fans, as it comes on the same day that astronaut Neil Armstrong is being laid to rest in a private ceremony. Armstrong, who was the first person to walk on the moon, died on Aug. 25 after suffering from complications related to heart surgery.
"This Blue Moon that Slooh will explore Friday night is somewhat rare, but not as rare as the courage and talent of the late Neil Armstrong, the first human to set foot on our nearest celestial neighbor," astronomer and Slooh editor Bob Berman said in a statement on Slooh's Facebook page. "To honor him, Slooh will explore the Sea of Tranquility with its Canary Island 20-inch telescope, live, and have guests who will reveal some of the lesser-known secrets of that historic 1969 event. I think many of our visitors will be in for quite a surprise."
It appears as if the moon wants to send him off with a memorable goodbye--or perhaps welcome him home.
Uma tonelada de versos
Changuito, o livreiro português que veio viver de poesia no
Brasil
por Rafael Cariello
Guerra, mais conhecido como Changuito, um apelido familiar, não gosta de Londres. “Acho a cidade chata; antes de tudo porque há lá ainda alguns ingleses”, ele explicou, enquanto abria um sorriso brincalhão e afetuoso, o que se repetiria com frequência nas próximas três horas, quatro cervejas e meio maço de cigarros.
Por sua sugestão, nos acomodamos num boteco com vista para a praça São Salvador, em Laranjeiras, a uns dois passos da via de paralelepípedos que a circunda. Sentado de costas para a entrada, Changuito voltou o corpo na direção da rua quando disse que gosta mesmo é do Brasil e dos brasileiros. Ao visitar o país pela primeira vez, há quase vinte anos, teve a imediata noção de que “aqui viveria e, de preferência, morreria”.
Mudou-se definitivamente para o Rio em maio. Trouxe consigo uma mala de mão com um punhado de roupas, dois pares de sapatos e uma tonelada de livros. “Uma tonelada exata, que despachei de avião”, fez questão de esclarecer. Em Lisboa, Changuito era dono da única livraria portuguesa especializada em poetas e versos, provavelmente uma das poucas do mundo. A Poesia Incompleta, fundada por ele em 2008, continha cerca de 10 mil títulos, em mais de cinquenta idiomas – “inclusivamente” búlgaro, chinês e guarani –, quando foi fechada, no início deste ano.
Segundo o poeta e ensaísta Antonio Cicero, a loja lisboeta era excelente. Além do fato de que era especializada em poesia, ele disse, “seu maior diferencial era a presença do próprio Changuito”. O proprietário, contou Cicero, “conversava com os clientes, mostrava-lhes obras relacionadas com o interesse deles, lia poemas e, às vezes, interpretava ou criticava os poemas que lia”.
O negócio vingou – apesar dos alertas de amigos de que o sucesso era improvável. O livreiro diz ter fechado a casa comercial como começou: sem dívidas. Conseguia viver apenas dos recursos que retirava da venda dos livros. É verdade que, nos últimos dois anos, dormia e trabalhava sob o mesmo teto.
Changuito quer reabrir a Poesia Incompleta no Brasil. Tem folheado jornais e passeado pela cidade à procura de uma sala comercial – o que não é fácil, quando se consideram os preços de aluguel no Rio. Perguntei se a dificuldade o desanimava. “Eu desanimei aos 18 anos e nunca mais voltei a animar-me”, respondeu, sorrindo novamente. Fez então uma rápida pausa, como se refletisse, e voltou a falar. “Espero que seja possível. Até porque não sei fazer muita coisa. Sei dizer poesia em público, sei vender livros e sei trabalhar em bar. Gostava de trabalhar como taxista, mas não tenho carta.” Nunca dirigiu? “Sim, já. Ilegalmente.”
A paixão por versos e poetas, explicou Changuito, começou tardiamente, depois de terminado o liceu, o equivalente português ao ensino médio no Brasil. Descobriu, na mesma época, a canção, com entusiasmo especial pela música brasileira. Agrada-lhe a capacidade, em ambos os gêneros, de definir com precisão sentimentos, coisas, acontecimentos – o que ele chama de “a tábua de salvação da nomeação”.
ntre um gole de cerveja e uma nova tragada no cigarro, o livreiro ofereceu exemplos: “O poeta português Alexandre O’Neill tem um verso que diz: ‘Mal nos conhecemos, inauguramos a palavra amigo.’ Não conheço nenhuma definição melhor para as amizades instantâneas. É essa capacidade de nomeação, que o Caetano também tem.”
O próprio Changuito é talentoso na arte das frases lapidares. A cada herói intelectual brasileiro que mencionou, acrescentava algum comentário curto e enfático. “Se houver um metrônomo na sala e o João Gilberto, guia-te pelo João Gilberto. Ele é que está certo.” “Arnaldo Antunes é, ao mesmo tempo, o melhor e o pior bailarino do mundo. É onde a Pina Bausch encontra a disritmia.”
Imitando com perfeição um sotaque pernambucano, o livreiro recitou uma outra “definição”, desta vez retirada de “Os Três Mal-Amados”, obra de João Cabral de Melo Neto, que serve para descrever o seu próprio caso. “O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas.”
O amor que “comeu” Changuito, e o trouxe ao Rio de Janeiro, é uma brasileira bonita chamada Valeska. A crise econômica por que passa seu país também deu um empurrão. “Portugal está negro”, ele diz, “governado por uma cáfila de predadores corruptos.” Mas houve sobretudo, conta o livreiro, “essa história de amor, como há sempre nos contos de fadas”. A poeta Valeska de Aguirre tem a mesma idade e a mesma altura do namorado lusitano, olhos claros e cabelos lisos castanhos. Seu jeito sério e tímido é cortado às vezes por risos gostosos mas contidos, quando o livreiro provoca.
Na tarde daquele mesmo dia, Valeska o esperava na porta do escritório de um corretor de imóveis, no Largo do Machado. Changuito ia alugar uma pequena sala de 30 metros quadrados num edifício do Centro da cidade, para onde deve transferir o seu acervo e começar, pela internet, o negócio da Poesia Incompleta no Brasil. Ao cliente, “do Acre a Leningrado”, bastará “mandar um e-mail ou perguntar pelo livro X ou pelo autor Y”, ele explicou mais tarde. Os contatos poderão ser obtidos no blog da loja (poesia-incompleta.blogspot.com.br).
Valeska, por ser brasileira, se encarregou de assinar o contrato de aluguel.
Deu tudo certo. O arranjo é provisório – Changuito continua a procurar uma sala mais ampla –, mas os dois pareciam aliviados quando nos despedimos, já na praça. O dia continuava feio. Ao se distanciarem, num passo tranquilo, mantinham os braços e os ombros colados, como se não bastasse já estarem de mãos dadas.
http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-71/esquina/uma-tonelada-de-versos
This seat's taken.
Obama Responds To Eastwood
Barack ObamaVerified
This seat's taken. http://OFA.BO/c2gbfi , pic.twitter.com/jgGZTb02
Clint Eastwood RNC Full Speech 2012, Talks To Invisible Obama
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
RARIDADES!!!!
Trecho de entrevista com Caetano Veloso. Entre os convidados Tom Jobim, Eduardo Mascarenhas, Chico Anísio e Luiz Carlos Maciel.
Infelizmente não tenho esta entrevista inteira. Consegui apenas este trecho de um VHS cheio de raridades que um amigo me emprestou, mas fiquei super curiosa também para conferir o restante, espero conseguir, ou que alguém consiga e poste aqui no You Tube. Carol
Uploaded by Carolina Teresa Z on May 3, 2008
Paulinho da Viola foi um dos convidados do especial de Caetano Veloso dentro da série "Grandes Nomes". Neste vídeo, os dois interpretam "Nas Ondas da Noite", que o sambista gravou em 1971.
O programa foi ar em 05/06/81, com direção de Marcos Paulo, roteiro de Luiz Carlos Maciel, cenários de Mário Monteiro e Raul Travassos, iluminação de Peter Gasper e Henrique Leiner, figurinos de Marília Carneiro, direção de imagem de Maurício Nunes, direção musical de Guto Graça Mello e produção de João Paulo de Carvalho e José de Almeida.
Uploaded by pugaman77 on Oct 18, 2008
O programa "Conexão Internacional", foi criado por Fernando Barbosa Lima, em 1984, na extinta TV Manchete. A cada programa, uma personalidade era entrevistada por Roberto D'Ávila. Neste vídeo, trechos da entrevista com Gal Costa, onde Caetano Veloso e Chico Buarque fazem depoimentos sobre a cantora. Interessantes revelações em um momento bem-humorado e de insinuante interpretação da entrevista. "Conexão Internacional" foi um dos melhores programas do gênero da televisão brasileira.
Uploaded by Jeocaz on Dec 2, 2009
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
VIVA EDU LOBO!!!
Eduardo de Góes Lobo, conhecido como Edu Lobo, (Rio de Janeiro, 29 de agosto de 1943) é um cantor, compositor, arranjador e instrumentista brasileiro.
Ao mesmo tempo em que participava de vários festivais de música popular, obtendo o primeiro prêmio em 1965 como Arrastão (com Vinicius de Moraes) e em 1967 com Ponteio (com Capinam), e que venceu o Terceiro Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, Edu dedica-se a compor trilhas para espetáculos teatrais, entre eles o histórico Arena Conta Zumbi, ao lado de Gianfrancesco Guarnieri. Depois de uma temporada nos Estados Unidos, Edu volta ao Brasil e retoma várias parcerias, entre elas a com Chico Buarque, e compõem a música de novas peças e balés.
sigam lendo em:
vejam também:
A Apple é nossa!!!
Apple processa igreja por usar imagem de maçã na história de Eva
27 de agosto de 2012 | Escrito por: @sensacionalista
O pecado original terá que ser revisto. A Apple processou a igreja católica por usar a imagem da maçã na história de Eva. Segundo a empresa de Cupertino, a maçã é vista como algo pecaminoso na Bíblia e não pode continuar assim. A Apple, inclusive, registrou a patente da maçã e a fruta terá que ter outro nome.
A briga entre a Apple e a Igreja promete. Afinal, as duas são as empresas mais lucrativas do mundo. Em outra ofensiva nos tribunais, a empresa também pediu que Nova Iorque pare de usar a imagem da maçã. A Apple quer que todos os produtos turísticos que usem o nome “Big Apple” sejam retirados do mercado. Em comunicado, a empresa diz que a patente da maçã não foi registrada antes da Bíblia, mas isso não invalida o processo. “A história do mundo pode ser dividida entre o antes da Apple e o depois da Apple. E antes da Apple simplesmente não existia nada”, diz a nota, com humildade.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
O maior desejo
Sábado, 25 de agosto de 2012
Desde o dia em que resolvi ter minha própria
casa, foram muitos os desejos. O primeiro de todos adquirir a bendita
residência. Um apartamento, na verdade. Que fosse amplo, ventilado, nascente e
com duas garagens. Foram esses os pré-requisitos solicitados a duas
imobiliárias. Após visitar trocentos imóveis novos e usados, eu e ele chegamos a
conclusão que a melhor opção do momento era o aluguel. Os novos eram muito
caros, muito pequenos e repletos de itens que os encareciam e não nos
interessava, como varanda gourmet (entenda: uma pia na varanda) e deck molhado
(entenda novamente: uma espreguiçadeira dentro da piscina). Os antigos agradavam
em espaço ao passo que intimidavam no quesito reforma. Ele, engenheiro, em uma
rápida vistoria percebia que seria necessário trocar toda rede hidráulica
(inclusive a do vizinho) ou então detectava falta de isolamento acústico, ou não
tinha garagem, ou era de escada, sem falar que, na maioria dos casos, o valor do
condomínio era bem próximo a um aluguel. Passada a frustação e com a casinha
alugada, voltamos a sonhar. Com a geladeira vintage, o sofá top of conforto, os
livros na estante, os quadros na parede, a cama king, o iMac, a porcelana Smith,
meus cristais... Passaram-se sete meses, parte dos desejos foi realizado, parte
foi improvisada e a outra parte está vindo a prestação. Aos poucos a casinha
pode ser chamada de lar. Só não contávamos que para se tornar um doce lar seria
necessária a presença de um terceiro elemento: a cozinheira, acessório de
utilidade doméstica ameaçado de extinção. No quesito faxina, mesmo com a
canseira cotidiana, somos imbatíveis. Ele passa pano como ninguém e arruma
gavetas e armários com simetria prussiana. Eu sou ótima para tirar pó, decorar e
lavar banheiro. Cozinho relativamente bem. Ele também. Problema é que
trabalhando mais de dez horas por dia (contando com hora extra e
engarrafamento) não sobra tempo para viver direito quem dirá para cozinhar. Pior
coisa é chegar em casa e não ter o que comer - além do marido, digo. Sem falar
que cozinha é bom apenas quando dá vontade. Cozinhar para os amigos, pro amor ou
para agradar a si mesmo. Fora isso, preparar o café, almoço e jantar, lavar
louça e panelas todo dia é martírio. Por aqui, já passaram sete candidatas.
Jamile quebrou a vassoura (nova, cabo de madeira) logo no primeiro dia. Rosa -
que é excelente na casa da minha amiga - na minha ela marca e não aparece. Tati
achei meio porca. Mari, a mais caprichosa, se mudou pro interior. Sandrinha
comia produto de limpeza. As duas últimas eram tão boas que nem lembro o nome
direito. E o pior: nenhuma queria cozinhar; apenas faxina. Já pedi indicação aos
amigos, vizinhos, colegas de trabalho, Sutrab etc etc. Estamos praticamente
desiludidos. Mas, como a esperança é a última que morre, continuamos pedindo a
Deus, todos os dias antes de dormir, que coloque uma cozinheira de mão cheia em
nossas vidas. Porque parece que a casa própria, a lua de mel na Europa, o carro
novo, tudo isso um dia será possível de conquistar. Não precisa cardápio
sofisticado. Basta que faça um arroz, feijão e frango assado. Pouco sal, porém
bem temperado.
Marcadores: Tássia Novaes
domingo, 26 de agosto de 2012
pelas ruas das cidades
Comida de rua brasileira e sua origem
por Rafaela Werdan em 25 de ago de 2012
Foto de Sergio Coimbra/O vendedor de milho
O Brasil é um país povoado por vários fragmentos de civilizações do globo, formando assim, um país de incríveis possibilidades para tudo. Assim como na música, na dança dentre tantos outros tópicos a culinária é um artigo extremamente criativo amoldado pelo povo brasileiro.
Ela é completa em suas misturas, e conta com uma variedade enorme de elementos fornecidos pelo clima propício e pela terra fértil. Sobre essa perspectiva o povo brasileiro improvisou receitas nas horas de dificuldade, reciclou receitas de outros povos, apimentou massas já esquecidas, e criou assim, uma das comidas mais saborosas do mundo. È o que dizem alguns dos chefs de cozinha mais renomados da atualidade como o chef Alex Atala e Claude Troisgros.
A apetitosa culinária brasileira não se faz só pelas mãos dos grandes mestres cucas atrás de bons restaurantes não, a originalidade dos temperos se faz pelo povo nas barraquinhas de ruas espalhadas pelo Brasil. A seguir, mostrarei alguns exemplos de comidas brasileiras nascidas e recriadas aqui.
Acarajé
O Acarajé foi a primeira comida de rua brasileira. Surgiu na Bahia e era vendido pelas negras escravas, que colocavam suas guloseimas em tabuleiros e saiam a vender pelas ruas. È uma delícia tradicionalmente brasileira, que foi considerada Patrimônio Imaterial Nacional.
Imagem de Sergio Coimbra/O vendendor de pastel
O pastel, muito popularizado nas feiras e nos estabelecimentos denominado popularmente de “Chinas”, também são uma boa pedida de comida gostosa e barata. A massa original do pastel é Chinesa, e foi inspirada no rolinho primavera Chinês. Mas essa iguaria foi popularizada no Brasil pelos Japoneses, que são na verdade, donos da maioria dos “Chinas” que conhecemos. Vieram para o Brasil na segunda-guerra mundial e tiveram que se dizer Chineses para fugir da discriminação que sofriam por terem aliança com alemães e italianos, inimigos do Brasil na época. A verdade é que tanto Chineses quanto Japoneses tiveram de adaptar os pastéis aos recheios disponíveis no Brasil como o queijo, banana, carne seca, palmito dentre outros.
Hot dog
O hot dog, iguaria americana, muito popular nas ruas brasileiras. Em seu molho foram acrescentados temperos variados para dar um sabor bem brasileiro. Como cebola, pimentão, alho, milho, ervilha...
Churros
Churros, tradicional da culinária espanhola. No seu país de origem não costuma ter recheio, mas o Brasil incrementou esse saborzinho extra, pondo-lhe recheios variados como doce de leite, chocolate ou doce de coco.
Tapioca
A tapioca é um artigo muito valorizado tanto pelos brasileiros quanto pelos estrangeiros que vem conhecer o Brasil. È um sabor tipicamente brasileiro, originário da alimentação indígena.
Empadinhas
Empadinhas são uma das perdições das barraquinhas. È uma iguaria Àrabe trazida para o Brasil e adaptada aos variados recheios tradicionalmente brasileiros.
Yakisoba
Yakisoba é uma receita Chinesa muito popularizada no Brasil. Foi trazido para o Brasil pelos Japoneses que também incorporaram o prato a sua alimentação. O Yakisoba Chinês é mais gorduroso que o japonês. Os vendidos nas barraquinhas brasileiras são Yakisobas ao modo Japonês com muitos legumes, frango e carne vermelha.
Açaí
Açaí é uma fruta originária da região amazônica, ficou super popular em todo o Brasil e fora dele. É utilizada pelos índios para fazer pirão junto com farinha e se come com peixe assado. Mas, dentre todas as suas utilidades as mais populares são a produção de bebidas, geléias e sorvetes. O açaí vendido nas barraquinhas brasileiras vem acompanhado de granola, confetes, guaraná em pó dentre outras gostosuras.
Todas as iguarias citadas acima são bastante apetitosas e com preço muito popular.
O prazer de desfrutar essas delícias não está somente na brasilidade dos temperos, está em não ter que se preocupar com comportamentos tradicionais exigidos em restaurantes, por exemplo; está em poder conversar com quem está em volta da pequena barraquinha comendo a mesma delícia que você; e está principalmente em poder parar em um espaço público e admirar tudo a sua volta como o céu aberto, os jardins e as pessoas.
A comida de barraquinhas brasileiras é um fenômeno culinário, cultural e social que só tende a expandir-se pelas fronteiras de quem se aventurar a experimentar. Não perca essa oportunidade.
Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/entre_ocio_e_sonhos/2012/08/comida-de-rua-brasileira-e-sua-origem.html#ixzz24fjbNvDl
De pernas e janelas
Querer morada é tomar consciência da forma que os sonhos tem. Casa ou apartamento? Não! A pergunta é: queres chão ou vista? Queres o espaço que se constitui da memória dos afetos da infância? A casa da avó, da madrinha, da mãe? A casa que é, quase sempre, de posse feminina, e que existe como uma força de aterramento, de não abandono, de criação. Pensa casa, geralmente, quem quer filhos. E filhos correm. Têm bicicletas e cachorros. Na casa, os imaginamos com as mãos e os pés sujos, o pescoço e o rosto suados, a bola sob o braço e a dificuldade de reconhecer a hora de encerrar a brincadeira.
Se não for casa, ergue-se o apartamento sobre escadas que simulam outras seguranças. Não mais as da memória, mas as de um moderno citadino, do menos enraizado, do marco das liberdades de quem acredita começar em si mesmo. O apartamento carrega um sonho de vista à uma paisagem que nem sempre se consegue. A cidade vai fechando o olhar e o apartamento ganha cores de uma intimidade onde as janelas são telas. Sem vista, o apartamento joga seus moradores aos escapes, às saídas, que são a TV, a internet e, por vezes, as portas. Menos generalista e emotivo que a casa, o apartamento especializa e foca.
Não se há de achar que tamanho não é nada, se é grande ou pequena a casa ou o apartamento. O número de quartos é o número de filhos ou de necessidades. Um lugar para os livros, um lugar para os amigos, uma cama de passagem. Uma cozinha para quem cozinha ou uma combinação de refrigerador, microondas e chaleira elétrica.
Quanto vale desistir de um desses? Quanto vale desistir de um quarto? Isto que é, de fato, desistir de quem estaria ali. Desistir do universo que ele ou ela construiria dentro do seu mundo. Qual o tamanho da perda que é não ter daquela janela sob a qual se colocaria a mesa de trabalho e os olhos abertos do sonho? O que fica? O que vai?
Afinal, qual é seu espaço vital? Aquele sem qual lhe é impossível viver, impossível ser em plenitude? Querer morada é perguntar-se, e, na busca, encontrar respostas e o que elas dizem sobre o que se é e sobre os sonhos dos quais você pode abrir mão. Por quantos metros há se espalhar sua cama? E as suas pernas… você tem ideia de até onde elas poderiam caminhar antes de encontrar seu descanso? Talvez, suas pernas, não tenham a mesma paixão por janelas que você.
http://www.sul21.com.br/blogs/sapatinhosvermelhos/
Vinhos finos... cristais
Sartre diz em Que é a literatura? que a poesia,
diferentemente da prosa, está lado a lado com a pintura, a escultura e a música.
Estas artes, para ele, não são linguagem, não buscam significar algo através
delas, são coisas: Aquele rasgo amarelo no céu sobre o Gólgota, Tintoretto
não o escolheu para significar angústia, nem para provocá-la: ele é angústia
feita coisa (...). Diz Sartre que as cores, as formas, os sons musicais são
coisas que existem por si mesmas, não remetem a nada que esteja fora delas e o
trabalho do artista será o de transformar estas coisas em objetos imaginários.
Assim, o significado de uma melodia é a própria melodia: Diga que a melodia
é alegre ou sombria; ela estará sempre além ou aquém de tudo que se possa dizer
a seu respeito. As paixões do artista, que podem ser o motivo da sua
criação, sofrem uma transubstanciação, transformam- se em som musical.
Ouvindo o Prelúdio de Tristão e Isolda de Wagner, posso sentir isso,
sim, a melancolia feita coisa, transubstanciada em música.
Seguindo a senda de Sartre fico pensando que a música não traduz alguma coisa, ela encarna, incorpora algo; não é intérprete, é medium. A encarnação da melancolia está marcada e sincopada nas canções dos grandes sambistas cariocas dos anos 50 a 70, como Nelson Cavaquinho, Cartola e Paulinho da Viola.
Trecho do documentário de Leon Hirzman
Neste samba de Nelson Cavaquinho e Ary Monteiro, Paulinho da Viola canta a angústia da espera incerta, o vazio de sentido deixado pela ausência da mulher amada. Voltará? Nunca mais? Never more? O tempo, frio algoz, vai lentamente matando a esperança no sem lugar do desejo de quem foi, talvez, abandonado.
O amor doente é feito canção na belíssima e estranha valsa de Paulinho da Viola e José Carlos Capinan, Vinhos finos..., cristais.
O que me causou espanto quando ouvi esta valsa foi, além de sua estranha beleza, o choque entre o tema corrosivo da canção e a sua forma musical diáfana, pois há uma tensão quase insuportável entre a letra da canção, que fala de um mundo decadente, fragmentado e podre, com a forma delicada e leve do tema musical, uma linda valsa. O verso inicial refere-se à própria melodia, forma “elevada” da canção, valsa, dança de salão, mundo dos costumes requintados, mundo cristalino, polido e artificial, vinhos finos... cristais,talvez uma valsa.No segundo verso, o poeta já fala que este mundo está doente: os dentes da vida estilhaçam uma imagem cristalina que se parte e sangra, e tudo adoece e morre até, finalmente, apodrecer. Lembrei-me do famoso poema de Baudelaire, Uma carniça, da primeira e da última estrofe:
Lembra-te, meu amor, do objeto que encontramos
Numa bela manhã radiante:
Na curva de um atalho, entre calhaus e ramos,
Uma carniça repugnante.
- Pois hás de ser como essa infâmia apodrecida,
Essa medonha corrupção,
Estrela de meus olhos, sol de minha vida,
Tu, meu anjo e minha paixão!
Em Baudelaire, a forma do poema é tradicional, bem ao estilo dos
grandes poemas românticos, mas o conteúdo, a carniça, entra em conflito com esta
forma e, desta tensão, surge o espanto e uma nova lírica. A gente sente o choque
entre a estrutura tradicional e o tema corrosivo, como na valsa de Paulinho da
Viola e Capinan. Nela, a aparência polida deste paraíso artificial
adoece e é devorada pelos dentes da vida, pelos dentes da saudade, pelos dentes
da morte, pelos dentes da engrenagem, pelos dentes de um cão, pelos dentes da
paixão e, finalmente, a valsa e o mundo requintado que ela representa se mostra
em toda a sua deterioração: ela é vazia, apenas um jogo de palavras entre
tudo e nada, e os dentes devoradores também são devorados, dentes
podres da canção. Tudo se corrói. Da síntese deste conflito, onde a
aparência requintada vai revelando a podridão interior, forma-se o tecido da
canção, encarnação do desengano amoroso e do topos do tempo que tudo devora,
motivo que ecoa em nossa lírica desde os gregos.
Com Sartre direi que esta canção não fala disto, mas que ela é
isto, o amor doente feito valsa, invadindo o salão da nossa imaginação e, entre
vinhos finos e cristais, fazendo sua bela e sinistra aparição.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Nelson Rodrigues por ele mesmo
Leia algumas frases do dramaturgo
"Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar." |
"Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais." |
"O ginecologista é o adultério da mulher fiel." |
"Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea." |
"Só os profetas enxergam o óbvio." |
"Todo amor é eterno. Se não é eterno, não era amor." |
"O dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro." |
"O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da imaturidade." |
"Sem alma não se chupa nem um chicabon." |
"O amigo nunca é fiel. Só o inimigo não trai nunca. O inimigo vai cuspir na cova da gente." |
"A fidelidade devia ser facultativa." |
"O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca." "Amar é ser fiel a quem nos trai" |
Relembre obras adaptadas para o cinema e a TV
Personagens nos enredos de Nelson Rodrigues
No centenário de Nelson Rodrigues, relembre os personagens mais marcantes de sua obra
James CiminoDo UOL, em São Paulo
Frequentemente chamado de gênio, machista, misógino, reacionário e conservador, Nelson criou uma galeria de personagens ímpares. Em comemoração ao centenário de seu nascimento em 23 de agosto de 1912, o UOL listou dez tipos inesquecíveis criados pelo autor.
O corno
Presente em diversas de suas peças, esse tipo ganhou uma representação em “A Viúva Alegre”, parte da série “A Vida Como Ela É”. Representada na TV com Tony Ramos e Maitê Proença no elenco, a crônica narra a história de “seu” Neves. Chefe de uma repartição pública, casado por interesse com uma mulher que só o humilha, a história começa no dia da morte de um de seus funcionários. Neves vai ao velório oferecer sua solidariedade à bela viúva, mas acaba descobrindo que o funcionário morto era, na verdade, amante de sua mulher. Como vingança, acaba ficando com a viúva.
A adúltera
Uma das mais famosas adúlteras da literatura brasileira foi interpretada no cinema por um dos maiores símbolos sexuais do Brasil dos anos 1970. Sonia Braga deu vida à “Dama do Lotação”, uma mulher casada que, após ser estuprada pelo marido na noite núpcias, passa a rejeitá-lo. Para satisfazer seus desejos, no entanto, ela seduz homens desconhecidos dentro de ônibus urbanos (os chamados lotações).
O gay enrustido
Já na década de 1960, Nelson Rodrigues discutia com maestria um tema tabu ainda hoje na sociedade brasileira: a homossexualidade. “O Beijo no Asfalto” conta a história de Arandir, um homem casado que ao presenciar o atropelamento de um desconhecido beija-lhe a boca como último pedido. Um jornalista presencia o fato e dá ares de sensacionalismo à história ao insinuar que o protagonista e o morto eram amantes. Arandir acaba morto pelo próprio sogro, que era apaixonado pelo genro e se sentiu traído ao presenciar a insólita cena.
O jornalista
Ainda em “O Beijo no Asfalto”, Nelson Rodrigues discute com propriedade a questão da manipulação da notícia na imprensa. Profundo conhecedor do assunto, cria nessa peça a figura de Amado Ribeiro, um repórter sem escrúpulos que não hesita em forjar provas e arrancar à força testemunhos para condenar Arandir por um crime que ele nunca cometera.
O bicheiro
Esta figura típica da sociedade carioca foi retratada pelo escritor na peça “O Boca de Ouro”. Ela narra a história do personagem homônimo, uma figura popular, carismática e ao mesmo tempo temida pelo poder e influência que exerce em sua vizinhança. Nascido em uma pia de gafieira, o Boca tem uma obsessão com ouro e riqueza, por isso manda arrancar todos os dentes da boca e os substitui por próteses feitas do valioso metal.
A ninfeta
Outro personagem bastante presente às peças de Nelson Rodrigues é a adolescente sexy que se utiliza da sensualidade premeditadamente. Em “Diabólica”, o dramaturgo cria a figura de Dagmar, uma jovem que seduz o noivo da própria irmã. Enlouquecido, o ex-futuro cunhado acaba matando a menina.
A recalcada
Dentre as diversas representações exacerbadas dos defeitos e virtudes femininos, destaca-se na obra do autor a figura da mulher recalcada. Em geral ela tem inveja da beleza de suas amigas ou de sua felicidade conjugal. Em uma de suas crônicas, chamada “Marido Fiel”, Nelson retrata uma vizinha fofoqueira que planta na cabeça de sua “amiga” a dúvida quanto à fidelidade do marido, que ia todos os domingos “ver jogo do Flamengo no Maracanã”. Satisfeita ao constatar que as idas ao estádio eram uma mentira e ao ver a infelicidade da vizinha, Rosinha, a dedo-duro, acaba sendo atropelada por um lotação. O conto termina com a mulher traída agarrada ao corpo da moribunda gritando: “Bem feito! Quem mandou me abrir os olhos?!”
O “mártir”
Dono de um humor bastante peculiar, Nelson Rodrigues criou a figura do mártir, que é nada além do homem que se divide entre duas ou mais mulheres. “Mártir em Casa e na Rua” é uma de suas crônicas que mostra o personagem Durval, na TV interpretado por Antonio Calloni, tendo que atender aos caprichos da mulher e da amante. Como ambas exigiam que ele jantasse com elas, Durval passa a ter de comer duas vezes. Um dia, as duas preparam vatapá. Quando chega à casa da mulher e dá de cara com o prato, vai ao banheiro e se mata com um tiro no estômago. Antes, escreve no espelho a seguinte frase: “Morro porque não quero mais jantar duas vezes.”
A virtuosa
A pecha de machista adquirida pelo autor ao longo de sua vida se deve a personagens como Engraçadinha, do romance homônimo. Extremamente religiosa e guardiã feroz da virtude de sua filha, a protagonista da peça esconde um passado tenebroso, em que se apaixonara e engravidara, sem saber, do próprio irmão.
A família perfeita
Obcecado pela hipocrisia em torno das famílias cariocas de classe média dos anos 1950 e 1960, o autor criou uma de suas peças mais polêmicas. Com fortes tinturas psicológicas, “Álbum de Família” retrata um grupo familiar em que o incesto impera. O pai ama a filha, que ama o irmão, que ama a mãe, que ama outro filho, que por sua vez enlouquecera por ter transado com a própria mãe.
http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2012/08/23/no-centenario-de-nelson-rodrigues-relembre-os-personagens-mais-marcantes-de-sua-obra.htm
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
O que vai e o que fica
Ao encaixotar
minha vida mais uma vez, minhas certezas viraram muitas
perguntas.
A cada 10
anos me dá um desassossego, tenho que sacudir a poeira, dá um rolê,
mudar...
Estou prestes
a mudar de endereço, ocupar minha casa que tanto desejei ter, só minha, para
meus discos e meus livros, minha familia, amigos do peito e essa paz que ando
atrás já faz muito tempo...
Hora de
enfiar minha vida em caixas, o que guardar, o que jogar fora, o que doar, o que
trás sorrisos e o que nem as lágrimas merecem... Não sou uma
pessoa desapegada, gosto de conforto e me cercar de coisas que para mim são
gostosas e me trás prazer, não me desgrudo dos meus discos, cds & dvds, por
nada neste mundo, ainda que já me pese muito carrega-los, meus livros, alguns
quadros pintados por amigos e a mim regalados e meus retratos, o resto pode até
ir ou vir que não causa tanta dor.
É sempre
surpreendente avaliar o que realmente é importante na sua vida e o quanto dela
você quer guardar, ou não...
RS 08/22/12
RS 08/22/12
domingo, 19 de agosto de 2012
‘Porventura’ - Antonio Cicero
Em ‘Porventura’, Antonio Cicero rima (e não rima) poesia com filosofia
seg, 13/08/12
por Luciano Trigo |
Autor do consagrado ‘Guardar’ (1997) e ‘A cidade e os livros’ (2002), o filósofo Antonio Cicero lança hoje o seu terceiro livro de poemas, Porventura (Record, 80 pgs. R$24,90), na Livraria da Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro. Nos 35 poemas que o volume reúne, Cicero dialoga com elementos da cultura clássica, em referências e alusões nem sempre óbvias, mas ao mesmo tempo envolve o leitor pela leveza coloquial no tratamento de temas sérios como a morte. Nesta entrevista, ele fala sobre seu processo de criação, compara as atividades de poeta e de letrista e explica por que demorou tanto para publicar poesia.
- Seu livro de estreia na poesia, ‘Guardar’, foi relativamente tardio. Por que não publicou antes?
ANTONIO CICERO: No princípio, em parte, por timidez. E não era fácil publicar um livro de poesia. Mais tarde, na faixa dos 20 aos 30 anos, quando eu deveria ter pensado em publicar, experimentei um conflito intenso entre meu intelecto e minha sensibilidade. É que, nessa época, as reflexões mais inteligentes sobre poesia eram feitas, no Brasil, pelos poetas concretistas. Como intelectuais, eles me pareciam exemplares: eram modernos, cosmopolitas, inovadores, ousados. Eles tiveram a coragem de repensar a própria história da poesia. Ao mesmo tempo, eram abertos para fenômenos normalmente desprezados pelos intelectuais de alto coturno. Em ‘Balanço da bossa’, por exemplo, Augusto de Campos trata, com grande sensibilidade, inteligência e erudição, de fenômenos como o iê-iê-iê e o tropicalismo.
Entretanto, os concretistas foram atacados com tal virulência que, no calor da polêmica, preferiram, como é natural, acirrar a abrandar as suas posições. O fato é que eles acabaram afirmando, por exemplo, que o ciclo do verso na poesia havia chegado ao fim. Pois bem, por um lado, as ideias deles, inclusive essa, eram extremamente atraentes e estimulantes, do ponto de vista intelectual. Por outro lado, enquanto poeta, o que eu mais gostava – e mais gosto – de ler e de fazer é poesiaem verso. Issome levou a um impasse. O resultado foi que, nessa época, eu me dediquei muito mais à filosofia, que também adoro, do que à poesia.
A bem da verdade, o impasse com a poesia só começou a se desfazer quando comecei a fazer letra de música, já na faixa dos 30 anos. Isso se tornou concebível para mim a partir do momento em que minha irmã, Marina, pôs música num poema meu. Mas duas coisas também contam: o convívio com Caetano Veloso e Gilberto Gil, em Londres, onde eu estudava, e a leitura do já citado ‘Balanço da bossa’, de Augusto de Campos. Depois, por minhas próprias reflexões, compreendi que, independentemente do discurso vanguardista, o verdadeiro sentido histórico das vanguardas havia sido o de abrir portas, e não o de fechá-las. Assim, independentemente do que os concretistas afirmavam naquela época, o concretismo abriu a possibilidade da poesia fora do verso, mas não fechou – nem poderia tê-lo feito – a possibilidade da poesia no verso.
Mas o que acabo de relatar foi apenas uma das razões circunstanciais da minha demora em publicar livros de poemas. Há outra, mais fundamental, que continua em vigor: é que demoro muito a fazer os meus poemas. Eles solicitam muito de mim. Justamente hoje, quando há mais pessoas escrevendo do que lendo poesia, para mim é difícil escrever poesia.
- Que relação você estabelece entre ’Guardar’, ‘A cidade e os livros’ e ‘Porventura’? O que cada livro tem de diferente em relação aos outros?
CICERO: Não é fácil para mim pensar sobre meus livros com a distância necessária para explicar bem suas diferenças. Em certo sentido, creio que ‘Porventura’ se aproxima mais de ‘Guardar’, pela relativamente grande variedade formal dos poemas.
- Muitos poemas seus parecem nascer de uma ideia, de um conceito a partir do qual você constrói o poema, que ilustra a ideia, como uma demonstração. É isso mesmo?
CICERO: Às vezes eu começo com uma ideia, mas frequentemente a coisa toda muda, no caminho. Por exemplo, o poema que abre o livro, ‘Balanço’, foi provocado pela melancolia resultante da morte de um grande amigo. Era sobre isso que eu tencionava escrever. No entanto, disso ficaram apenas as palavras “é a morte alheia / que me abate”. O poema se transformou, digamos, por conta própria, num “balanço” da vida, coisa que eu não havia previsto.
O poema ‘Amazônia’ surgiu a partir de uma encomenda de Silviano Santiago, que organizava uma publicação sobre a Amazônia. Aliás, como o nome dele, “Silviano”, significa “pertencente à selva”, eu o incluí no corpo do poema. Entretanto, ao falar da Amazônia, ocorreu-me a história de Orelhana; através dela, lembrei-me da lenda grega das Amazonas; a partir daí, da mitologia e dos primeiros poetas gregos…
Outro exemplo: O poema ‘Valeu’ foi provocado pela própria palavra “valeu”, que funciona popularmente como uma espécie de agradecimento e despedida, ou como uma despedida agradecida. Esse sentido me lembrou do fato de que, em latim, “vale” significa “adeus”. E me lembrei do belo poema que Catulo compôs ao fazer uma longa viagem até o local em que seu irmão havia morrido, longe de Roma, que termina com o verso: “atque in perpetuum, frater, ave atque vale” (“e para sempre, irmão, salve e adeus”).
- Que relação existe entre a sua poesia e a sua filosofia?
CICERO: São muito diferentes. Na poesia, eu me deleito com o relativo e o particular. Na filosofia, busco a verdade absoluta e universal. Um poema consiste numa síntese concreta de múltiplas determinações; um texto filosófico é abstrato. Por outro lado, penso que a filosofia intrinsecamente afirma a razão e a liberdade, e isso significa também defender o espaço da poesia no mundo. E, como qualquer coisa pode, enquanto parte de suas múltiplas determinações, entrar num poema, pode nele entrar a emoção, a sensibilidade, a cultura, e o conhecimento: inclusive o que sei de literatura, de sociologia, de economia e… de filosofia.
- E qual é a relação entre a sua poesia e o seu trabalho como letrista?
CICERO: Quando faço um poema, penso apenas nele. Um poema já é – ou pretende ser – uma obra de arte. Trata-se de um objeto autotélico. Quando faço uma letra, penso na melodia para a qual o estou fazendo (quase sempre faço uma letra para uma peça musical dada), penso no compositor (ou compositora) para o (ou a) qual a estou fazendo e penso no cantor (ou na cantora) que vai interpretar a canção. A letra não é ainda necessariamente uma obra de arte. Ela fará parte da obra de arte que será a canção pronta. Essas diferenças são consideráveis. É claro que é possível – porém não é necessário – que uma letra seja um bom poema para ser lido, independentemente da canção. Entretanto, ela pode ser uma grande letra mesmo quando isso não se dá, desde que contribua para fazer uma grande canção. E um poema não é necessariamente melhor do que uma canção. Cada obra de arte tem que ser julgada individualmente, e não como membro de uma espécie.
- Fale um pouco sobre o seu processo de criação: o que te inspira, e o que você busca quando se senta para escrever diante da página (da tela?) em branco?
CICERO: Qualquer coisa pode ser o estopim. Pode ser, por exemplo, uma frase que eu tenha ouvido no metrô; uma palavra que eu tenha lido num livro; a lembrança de uma pessoa ou de um lugar etc. A partir disso, esboço uma ideia. Ou então tento, como você diz, desenvolver uma ideia. Em algum ponto, decido a estrutura global do poema: se será longo ou curto, se será dividido em estrofes; se os versos serão livres ou metrificados; se serão rimados ou brancos etc. Às vezes, uma primeira decisão parece impor todas as demais, que vêm como que natural e impensadamente; às vezes, ela se dá como uma crise que aguarda uma solução; às vezes, é preciso refazer tudo. Revejo tudo frequentemente, retiro tudo o que penso ser supérfluo, modifico o que não me parece bem, adiciono o que falta, reduzo o poema ao que deve ser, até que ele resplandeça. O que resplandece é o que vale por si: o que merece existir. Isso tudo pode acontecer rapidamente (digamos, numa tarde), ou pode demorar dias. E o poema pode nunca ficar pronto.
- Alguns poemas, como aqueles que evocam a infância, sugerem uma investigação autobiográfica. A poesia funciona também como uma forma de auto-análise?
CICERO: Para mim, não é que a poesia funcione como auto-análise, mas que algumas memórias – do mesmo modo que algumas ideias ou sensações – funcionam como elementos a partir dos quais eu construo o poema.
- Você pensa no leitor quando escreve um poema? Em que leitor você pensa?
CICERO: Penso num leitor ideal, que aprecie e conheça poesia, e que reconheça todas as alusões explícitas e implícitas nos poemas.
- Como avalia a situação da poesia brasileira hoje? Com que poetas em atividade você dialoga?
CICERO: É difícil julgar a época em que nos encontramos, mas tenho a impressão de que se trata de uma época bastante fecunda. Vou citar – em ordem alfabética – alguns dos poetas da minha geração ou mais jovens cujos livros – publicados – são importantes para mim. É claro que, provavelmente, vou esquecer um ou outro dos mais importantes, mas que fazer? Peço-lhes desculpas pelo lapso. Cito, então, Adriano Espínola, Alberto Pucheu, Alex Varella, Antonio Carlos Secchin, Armando Freitas Filho, Arnaldo Antunes, Cláudia Roquette Pinto, Eucanaã Ferraz, Francisco Alvim, Marco Lucchesi, Nelson Ascher, Omar Salomão, Paulo Henriques Britto, Ricardo Corona, Ricardo Silvestrin, Salgado Maranhão.
DOIS POEMAS DE ‘PORVENTURA’
http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2012/08/13/em-porventura-antonio-cicero-rima-poesia-com-filosofia/
- Seu livro de estreia na poesia, ‘Guardar’, foi relativamente tardio. Por que não publicou antes?
ANTONIO CICERO: No princípio, em parte, por timidez. E não era fácil publicar um livro de poesia. Mais tarde, na faixa dos 20 aos 30 anos, quando eu deveria ter pensado em publicar, experimentei um conflito intenso entre meu intelecto e minha sensibilidade. É que, nessa época, as reflexões mais inteligentes sobre poesia eram feitas, no Brasil, pelos poetas concretistas. Como intelectuais, eles me pareciam exemplares: eram modernos, cosmopolitas, inovadores, ousados. Eles tiveram a coragem de repensar a própria história da poesia. Ao mesmo tempo, eram abertos para fenômenos normalmente desprezados pelos intelectuais de alto coturno. Em ‘Balanço da bossa’, por exemplo, Augusto de Campos trata, com grande sensibilidade, inteligência e erudição, de fenômenos como o iê-iê-iê e o tropicalismo.
Entretanto, os concretistas foram atacados com tal virulência que, no calor da polêmica, preferiram, como é natural, acirrar a abrandar as suas posições. O fato é que eles acabaram afirmando, por exemplo, que o ciclo do verso na poesia havia chegado ao fim. Pois bem, por um lado, as ideias deles, inclusive essa, eram extremamente atraentes e estimulantes, do ponto de vista intelectual. Por outro lado, enquanto poeta, o que eu mais gostava – e mais gosto – de ler e de fazer é poesiaem verso. Issome levou a um impasse. O resultado foi que, nessa época, eu me dediquei muito mais à filosofia, que também adoro, do que à poesia.
A bem da verdade, o impasse com a poesia só começou a se desfazer quando comecei a fazer letra de música, já na faixa dos 30 anos. Isso se tornou concebível para mim a partir do momento em que minha irmã, Marina, pôs música num poema meu. Mas duas coisas também contam: o convívio com Caetano Veloso e Gilberto Gil, em Londres, onde eu estudava, e a leitura do já citado ‘Balanço da bossa’, de Augusto de Campos. Depois, por minhas próprias reflexões, compreendi que, independentemente do discurso vanguardista, o verdadeiro sentido histórico das vanguardas havia sido o de abrir portas, e não o de fechá-las. Assim, independentemente do que os concretistas afirmavam naquela época, o concretismo abriu a possibilidade da poesia fora do verso, mas não fechou – nem poderia tê-lo feito – a possibilidade da poesia no verso.
Mas o que acabo de relatar foi apenas uma das razões circunstanciais da minha demora em publicar livros de poemas. Há outra, mais fundamental, que continua em vigor: é que demoro muito a fazer os meus poemas. Eles solicitam muito de mim. Justamente hoje, quando há mais pessoas escrevendo do que lendo poesia, para mim é difícil escrever poesia.
- Que relação você estabelece entre ’Guardar’, ‘A cidade e os livros’ e ‘Porventura’? O que cada livro tem de diferente em relação aos outros?
CICERO: Não é fácil para mim pensar sobre meus livros com a distância necessária para explicar bem suas diferenças. Em certo sentido, creio que ‘Porventura’ se aproxima mais de ‘Guardar’, pela relativamente grande variedade formal dos poemas.
- Muitos poemas seus parecem nascer de uma ideia, de um conceito a partir do qual você constrói o poema, que ilustra a ideia, como uma demonstração. É isso mesmo?
CICERO: Às vezes eu começo com uma ideia, mas frequentemente a coisa toda muda, no caminho. Por exemplo, o poema que abre o livro, ‘Balanço’, foi provocado pela melancolia resultante da morte de um grande amigo. Era sobre isso que eu tencionava escrever. No entanto, disso ficaram apenas as palavras “é a morte alheia / que me abate”. O poema se transformou, digamos, por conta própria, num “balanço” da vida, coisa que eu não havia previsto.
O poema ‘Amazônia’ surgiu a partir de uma encomenda de Silviano Santiago, que organizava uma publicação sobre a Amazônia. Aliás, como o nome dele, “Silviano”, significa “pertencente à selva”, eu o incluí no corpo do poema. Entretanto, ao falar da Amazônia, ocorreu-me a história de Orelhana; através dela, lembrei-me da lenda grega das Amazonas; a partir daí, da mitologia e dos primeiros poetas gregos…
Outro exemplo: O poema ‘Valeu’ foi provocado pela própria palavra “valeu”, que funciona popularmente como uma espécie de agradecimento e despedida, ou como uma despedida agradecida. Esse sentido me lembrou do fato de que, em latim, “vale” significa “adeus”. E me lembrei do belo poema que Catulo compôs ao fazer uma longa viagem até o local em que seu irmão havia morrido, longe de Roma, que termina com o verso: “atque in perpetuum, frater, ave atque vale” (“e para sempre, irmão, salve e adeus”).
- Que relação existe entre a sua poesia e a sua filosofia?
CICERO: São muito diferentes. Na poesia, eu me deleito com o relativo e o particular. Na filosofia, busco a verdade absoluta e universal. Um poema consiste numa síntese concreta de múltiplas determinações; um texto filosófico é abstrato. Por outro lado, penso que a filosofia intrinsecamente afirma a razão e a liberdade, e isso significa também defender o espaço da poesia no mundo. E, como qualquer coisa pode, enquanto parte de suas múltiplas determinações, entrar num poema, pode nele entrar a emoção, a sensibilidade, a cultura, e o conhecimento: inclusive o que sei de literatura, de sociologia, de economia e… de filosofia.
- E qual é a relação entre a sua poesia e o seu trabalho como letrista?
CICERO: Quando faço um poema, penso apenas nele. Um poema já é – ou pretende ser – uma obra de arte. Trata-se de um objeto autotélico. Quando faço uma letra, penso na melodia para a qual o estou fazendo (quase sempre faço uma letra para uma peça musical dada), penso no compositor (ou compositora) para o (ou a) qual a estou fazendo e penso no cantor (ou na cantora) que vai interpretar a canção. A letra não é ainda necessariamente uma obra de arte. Ela fará parte da obra de arte que será a canção pronta. Essas diferenças são consideráveis. É claro que é possível – porém não é necessário – que uma letra seja um bom poema para ser lido, independentemente da canção. Entretanto, ela pode ser uma grande letra mesmo quando isso não se dá, desde que contribua para fazer uma grande canção. E um poema não é necessariamente melhor do que uma canção. Cada obra de arte tem que ser julgada individualmente, e não como membro de uma espécie.
- Fale um pouco sobre o seu processo de criação: o que te inspira, e o que você busca quando se senta para escrever diante da página (da tela?) em branco?
CICERO: Qualquer coisa pode ser o estopim. Pode ser, por exemplo, uma frase que eu tenha ouvido no metrô; uma palavra que eu tenha lido num livro; a lembrança de uma pessoa ou de um lugar etc. A partir disso, esboço uma ideia. Ou então tento, como você diz, desenvolver uma ideia. Em algum ponto, decido a estrutura global do poema: se será longo ou curto, se será dividido em estrofes; se os versos serão livres ou metrificados; se serão rimados ou brancos etc. Às vezes, uma primeira decisão parece impor todas as demais, que vêm como que natural e impensadamente; às vezes, ela se dá como uma crise que aguarda uma solução; às vezes, é preciso refazer tudo. Revejo tudo frequentemente, retiro tudo o que penso ser supérfluo, modifico o que não me parece bem, adiciono o que falta, reduzo o poema ao que deve ser, até que ele resplandeça. O que resplandece é o que vale por si: o que merece existir. Isso tudo pode acontecer rapidamente (digamos, numa tarde), ou pode demorar dias. E o poema pode nunca ficar pronto.
- Alguns poemas, como aqueles que evocam a infância, sugerem uma investigação autobiográfica. A poesia funciona também como uma forma de auto-análise?
CICERO: Para mim, não é que a poesia funcione como auto-análise, mas que algumas memórias – do mesmo modo que algumas ideias ou sensações – funcionam como elementos a partir dos quais eu construo o poema.
- Você pensa no leitor quando escreve um poema? Em que leitor você pensa?
CICERO: Penso num leitor ideal, que aprecie e conheça poesia, e que reconheça todas as alusões explícitas e implícitas nos poemas.
- Como avalia a situação da poesia brasileira hoje? Com que poetas em atividade você dialoga?
CICERO: É difícil julgar a época em que nos encontramos, mas tenho a impressão de que se trata de uma época bastante fecunda. Vou citar – em ordem alfabética – alguns dos poetas da minha geração ou mais jovens cujos livros – publicados – são importantes para mim. É claro que, provavelmente, vou esquecer um ou outro dos mais importantes, mas que fazer? Peço-lhes desculpas pelo lapso. Cito, então, Adriano Espínola, Alberto Pucheu, Alex Varella, Antonio Carlos Secchin, Armando Freitas Filho, Arnaldo Antunes, Cláudia Roquette Pinto, Eucanaã Ferraz, Francisco Alvim, Marco Lucchesi, Nelson Ascher, Omar Salomão, Paulo Henriques Britto, Ricardo Corona, Ricardo Silvestrin, Salgado Maranhão.
DOIS POEMAS DE ‘PORVENTURA’
Palavras aladas
Os juramentos que nos juramos
entrelaçados naquela cama
seriam traídos se lembrados
hoje. Eram palavras aladas
e faladas não para ficar
mas, encantadas, voar. Faziam
parte das carícias que por lá
sopramos: brisas afrodisíacas
ao pé do ouvido, jamais contratos.
Esqueçamo-las, pois, dentre os atos
da língua, houve outros mais convincentes
e ardentes sobre os lençóis. Que esses,
em futuras noites, em vislumbres
de lembranças, sempre nos deslumbrem.
Balanço
A infância não foi uma manhã de sol:
demorou vários séculos; e era pífia,
em geral, a companhia. Foi melhor,
em parte, a adolescência, pela delícia
do pressentimento da felicidade
na malícia, na molícia, na poesia,
no orgasmo; e pelos livros e amizades.
Um dia, apaixonado, encarei a minha
morte: e eis que ela não sustentou o olhar
e se esvaiu. Desde então é a morte alheia
que me abate. Tarde aprendi a gozar
a juventude, e já me ronda a suspeita
de que jamais serei plenamente adulto:
antes de sê-lo, serei velho. Que ao menos
os deuses façam felizes e maduros
Marcelo e um ou dois dos meus futuros versos.
http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2012/08/13/em-porventura-antonio-cicero-rima-poesia-com-filosofia/
sábado, 18 de agosto de 2012
Moonlight Serenade - Frank Sinatra
Feche os olhos... escute... eu mandei Frank Sinatra fazer uma
serenata pra você...
Close your eyes... listen... I've send Frank
Sinatra to serenade you...
Uma canção para um filme de Godard
NOUVELLE VAGUE
“Amigo da Onça”
O amigo da onça original
Personagem do cartunista Péricles ganha animações 3D inspiradas nas charges de O Cruzeiro
O adjetivo todo mundo já ouviu. Ele invadiu o léxico brasileiro em uma piada e ganhou corpo na redação da revista O Cruzeiro. Foi ali que o cartunista Péricles criou um homem sem pescoço e com cara de fuinha que eternizou a expressão “Amigo da Onça”, ao mesmo tempo que concebeu o embrião genealógico do humor negro dos Fradinhos de Henfil e dos Skrotinhos de Angeli.
Em 2010, o Estúdio Saci começou a produzir curtas inspirados nas charges de Péricles. "Tudo começou comigo e o Jal. Depois, tocamos os trabalhos em parceria com o Núcleo de Animação 3D do Senac", contou Fernando Carvall, cartunista e diretor do estúdio. O Jal em questão é José Alberto Lovetro, criador do Trofeu HQ Mix e detentor dos direitos sobre o Amigo da Onça.
"O personagem tem uma relação imagética com o público. Todos esperavam ansiosos a nova charge do Onça", relembra Jal. "Nos anos 90 fiz um acordo com a dona Angélica, viúva de Péricles, para começarmos a produzir novas tiras". Assim as portas se abriram para a produção da animação, em busca de um público novo para o Amigo da Onça.
"Pouca gente liga a expressão ao personagem. As adaptações 3D colocam o pessoal mais jovem em contato com o Onça", explicou Carvall, fazendo coro com o parceiro de roteiros. "Basta você fazer uma coisa que não seja legal para seu amigo que você será para sempre conhecido como amigo da onça", encerra Jal.
A piada que originou a expressão Amigo da Onça:
Dois caçadores conversam:
- O que você faria se uma onça aparecesse?
- Ora, dava um tiro nela.
- Mas se não tivesse nenhuma arma?
- Então eu usava meu facão.
- E se estivesse sem facão?
- Subiria na árvore mais próxima!
- E se não tivesse nenhuma árvore?
- Sairia correndo.
- E se você estivesse paralisado?
Então o outro retruca:
- Mas você é meu amigo ou amigo da onça?
Um pouco mais sobre o criador do Amigo da Onça
Péricles De Andrade Maranhão nasceu em Recife (PE) em 14 de agosto de 1924. Aos 19 foi escolhido para desenhar o Amigo da Onça, criando mais de duas mil charges do personagem em 17 anos. Cometeu suicídio no reveillon 1961, asfixiado por gás de cozinha. Fez sua última piada deixando um bilhete na porta de casa pedindo: “por favor, não risquem fósforos”
http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/entrevistas/o-amigo-da-onca-original.html
Em 2010, o Estúdio Saci começou a produzir curtas inspirados nas charges de Péricles. "Tudo começou comigo e o Jal. Depois, tocamos os trabalhos em parceria com o Núcleo de Animação 3D do Senac", contou Fernando Carvall, cartunista e diretor do estúdio. O Jal em questão é José Alberto Lovetro, criador do Trofeu HQ Mix e detentor dos direitos sobre o Amigo da Onça.
"O personagem tem uma relação imagética com o público. Todos esperavam ansiosos a nova charge do Onça", relembra Jal. "Nos anos 90 fiz um acordo com a dona Angélica, viúva de Péricles, para começarmos a produzir novas tiras". Assim as portas se abriram para a produção da animação, em busca de um público novo para o Amigo da Onça.
"Pouca gente liga a expressão ao personagem. As adaptações 3D colocam o pessoal mais jovem em contato com o Onça", explicou Carvall, fazendo coro com o parceiro de roteiros. "Basta você fazer uma coisa que não seja legal para seu amigo que você será para sempre conhecido como amigo da onça", encerra Jal.
A piada que originou a expressão Amigo da Onça:
Dois caçadores conversam:
- O que você faria se uma onça aparecesse?
- Ora, dava um tiro nela.
- Mas se não tivesse nenhuma arma?
- Então eu usava meu facão.
- E se estivesse sem facão?
- Subiria na árvore mais próxima!
- E se não tivesse nenhuma árvore?
- Sairia correndo.
- E se você estivesse paralisado?
Então o outro retruca:
- Mas você é meu amigo ou amigo da onça?
Um pouco mais sobre o criador do Amigo da Onça
Péricles De Andrade Maranhão nasceu em Recife (PE) em 14 de agosto de 1924. Aos 19 foi escolhido para desenhar o Amigo da Onça, criando mais de duas mil charges do personagem em 17 anos. Cometeu suicídio no reveillon 1961, asfixiado por gás de cozinha. Fez sua última piada deixando um bilhete na porta de casa pedindo: “por favor, não risquem fósforos”
http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/entrevistas/o-amigo-da-onca-original.html
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