Uma disputa em torno da genética do altruísmo e da origem da
bondade
por JONAH LEHRER
O morcego-vampiro surge da caverna na hora mais escura da noite, depois que a
lua se põe. Voa baixo, percorrendo toda a área, seguindo rastrosde cheiro e
usando seu sonar. Quando encontra uma vítima – ele se alimenta da maioria dos
animais de sangue quente, de passarinhos até cavalos e vacas –, começa a
perseguição. Aterrissa em silêncio a 1 ou 2 metros da presa e, em seguida,
avança em direção ao som de uma veia pulsante. Dois dentes, mais afiados que um
bisturi, cortam a carne. O sangue escorre do ferimento; o morcego o lambe. Às
vezes ele chega a consumir o equivalente a seu próprio peso em sangue durante
uma única noite.
Embora o morcego-vampiro costume ser visto como um predador sanguinário, ele interessa aos biólogos por outra razão: é um animal profundamente altruísta. Essa espécie vive em enormes colônias, com centenas ou milhares de indivíduos dividindo a mesma caverna escura. Os morcegos precisam se alimentar constantemente – eles morrem de fome se ficarem sessenta horas sem comer –, o que os levou a desenvolver uma maneira inusitada de compartilhar o alimento. Se um morcego não consegue encontrar uma vítima durante a noite, ele começa a lamber debaixo das asas e dos lábios de algum outro membro da colônia. Os dois animais então unem as bocas e o caçador bem-sucedido começa a vomitar sangue quente na garganta de seu companheiro. Sem essa partilha de alimento, cientistas estimam que mais de 80% dos morcegos-vampiros adultos morreriam de fome todos os anos.
Charles Darwin considerava o problema do altruísmo – o ato de ajudar alguém, mesmo a um alto custo pessoal – como um desafio potencialmente fatal para sua teoria da seleção natural. Se a vida fosse uma cruel “luta pela existência”, como um indivíduo altruísta poderia viver o tempo suficiente para se reproduzir? Por que a seleção natural iria favorecer um comportamento que reduz nossas chances de sobreviver? Em A Origem do Homem, Darwin escreveu: “Os indivíduos que preferiam se sacrificar a trair seus companheiros – como muitos selvagens faziam – frequentemente não deixavam descendentes que pudessem herdar sua natureza nobre.” E, no entanto, como Darwin sabia, o altruísmo está por toda parte – uma teimosa anomalia da natureza. Os morcegos alimentam seus companheiros famintos; as abelhas cometem suicídio dando ferroadas para defender a colmeia; os pássaros criam filhotes que não são seus; o ser humano pula nos trilhos do metrô para salvar gente estranha. A onipresença desses comportamentos sugere que a bondade não é uma estratégia derrotista para a vida.
NOTA:
Excelente artigo que podem seguir lendo em: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-70/questoes-de-sociobiologia/gentileza-em-familia muito longo para o blog... regina
Embora o morcego-vampiro costume ser visto como um predador sanguinário, ele interessa aos biólogos por outra razão: é um animal profundamente altruísta. Essa espécie vive em enormes colônias, com centenas ou milhares de indivíduos dividindo a mesma caverna escura. Os morcegos precisam se alimentar constantemente – eles morrem de fome se ficarem sessenta horas sem comer –, o que os levou a desenvolver uma maneira inusitada de compartilhar o alimento. Se um morcego não consegue encontrar uma vítima durante a noite, ele começa a lamber debaixo das asas e dos lábios de algum outro membro da colônia. Os dois animais então unem as bocas e o caçador bem-sucedido começa a vomitar sangue quente na garganta de seu companheiro. Sem essa partilha de alimento, cientistas estimam que mais de 80% dos morcegos-vampiros adultos morreriam de fome todos os anos.
Charles Darwin considerava o problema do altruísmo – o ato de ajudar alguém, mesmo a um alto custo pessoal – como um desafio potencialmente fatal para sua teoria da seleção natural. Se a vida fosse uma cruel “luta pela existência”, como um indivíduo altruísta poderia viver o tempo suficiente para se reproduzir? Por que a seleção natural iria favorecer um comportamento que reduz nossas chances de sobreviver? Em A Origem do Homem, Darwin escreveu: “Os indivíduos que preferiam se sacrificar a trair seus companheiros – como muitos selvagens faziam – frequentemente não deixavam descendentes que pudessem herdar sua natureza nobre.” E, no entanto, como Darwin sabia, o altruísmo está por toda parte – uma teimosa anomalia da natureza. Os morcegos alimentam seus companheiros famintos; as abelhas cometem suicídio dando ferroadas para defender a colmeia; os pássaros criam filhotes que não são seus; o ser humano pula nos trilhos do metrô para salvar gente estranha. A onipresença desses comportamentos sugere que a bondade não é uma estratégia derrotista para a vida.
NOTA:
Excelente artigo que podem seguir lendo em: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-70/questoes-de-sociobiologia/gentileza-em-familia muito longo para o blog... regina
Nenhum comentário:
Postar um comentário