São nove as Musas, eu sei,
de tanta gente bem podia
vir uma delas, não faço questão,
estender-me um poema embrulhado em celofane,
rebuçado de sílabas que eu chupasse devagar,
a deixar-me na boca um travo temperado de café.
Mas nem uma se digna
a vir, ao menos, deitar-me dentro da chávena
o sabor das palavras já pedidas.
Por isso, sigo as imagens.
Creio que por temas, não estou certa:
lago ou casa,
máscara mortuária,
epitáfios de água nas janelas fechadas.
Espelhos (outra imagem)
por onde saio para o mundo dos meus versos,
companhia de espectros ao fundo do quadro.
E muitas vezes me perco.
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