O considerado José Nêumanne Pinto, jornalista, escritor e poeta dos maiores do Brasil, contou a história:
Quando voltei a Bahia para tentar resistir ao naufrágio da barca municipal Gregório de Mattos, fui "freguês" do poeta Ildásio Tavares em intermináveis "facadas".
Fatava pagar a conta do gás ou a conta da luz, o poeta recorria ao "rico" amigo; faltava comprar farinha de mandioca ou a comida para o "totó", tome facada no "rico" amigo.
Dei um basta!
Ildásio se assustou.
Precisava de um dinheiro, segundo ele, para comprar urgentemente um terno de linho para o casamento de um suposto amigo.
E ofereceu-me em troca da última "facada", segundo prometeu-me, um poema inédito.
-- Pode dizer que é seu!!!.
E acabou me "vendendo" esta obra prima:
SONETO DA LUZ
Quando eu nasci, já recebi a cruz,
Plantada no caminho à minha espera
A projetar a sua sombra austera
Onde eu busquei reduto paz e luz.
Quando eu nasci já recebi Jesus
Como anúncio de dor e primavera.
Mas era outra luz; Outra esfera-
Meu caminho, não sei aonde conduz.
Resta-me a cruz e a dura provação
Dos espinhos da vida, triste dança
De enganos, dissabores, ilusão
Que me penetram o peito feito lança
E afastam a luz que a vista não alcança-
Numa só chaga pulsa o coração.
Moacir Japiassu
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