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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Qual república vai cair?






Anunciaram e garantiram que a República iria se acabar nesta segunda-feira. Mas que república? Uma grande questão sobre a nossa sociedade e a atual situação de grupos vulneráveis e minorias é, certamente: Que República?

Desde que decidimos, por um golpe militar, implantar uma República no Brasil, fizemos a instituição de um estado estratificado, desigual, patriarcal e patrimonial. O que eu quero dizer com isso? É que fizemos um estado do “meu” e não um estado “de todos”.

A nossa concepção de política, de liberdade, de igualdade e de fraternidade simplesmente se resume a: o quão livre eu posso ser no meu grupo de privilégios; o quanto de igualdade eu posso conceder sem permitir que todos os meus privilégios decaiam; e, como conter os ideais de alteridade pelo simples fomento do ódio.

É isso o resumo do que somos. Somos uma sociedade heteronormativa, que busca manter-se como tal. Que, às vezes, faz concessões por vias de enfrentamento (decisões judiciais, protocolos administrativos, etc) e que, quando estamos muito descontentes, nos ensinam que emitir um mugido de revolta, mandando nosso opositor procurar uma rola (ou coisa melhor, às vezes), é a melhor solução.

Nosso grande “esquecimento” é que a condição de igualdade, formando a base republicana, só se dá quando reconhecemos no outro a nossa própria liberdade. Isso mesmo! A nossa verdadeira liberdade só se realiza na liberdade do outro. Na sua igualdade e no seu reconhecimento.

A noção de “público” na República não é simplesmente algo que seja de todos indistintamente. Mas é algo que todos possam reconhecer o próprio gozo. Sim, GOZO, simbólico e material. Gozo, realizado mediante o entendimento de que gozo proveniente do desejo do outro é tão legítimo quanto o nosso gozo, quanto o nosso desejo.

A república que não temos é justamente a nossa incapacidade de aceitar que a “coisa” mais pública que temos que preservar é a não-intervenção no desejo alheio, na medida em que ele não pratique nenhuma opressão e, como tal, manifeste a integridade de um sujeito.

Quando chegarmos a esse patamar, o de reconhecer a plenitude do outro como um ser que merece gozar, desejar e ser e viver a delícia que é, que teremos uma república… E ela não cairá!




http://biscatesocialclub.com.br/2015/06/qual-republica-vai-cair/


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