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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O sol (para Simone) - Milton Nascimento



Esses acordes chegam até nós, num dia frio de outono californiano, com o calor do sol e o carinho baiano, para aquecer a alma de uma mulher que viveu muito antes de nós, porém, que nos deixou um grande legado, através dos seus escritos e da sua vivência, Simone de Beauvoir.

Simone de Beauvoir sempre desejou ser livre, algo que a vida em uma família burguesa empobrecida de Paris – origem que ela jamais negou – nunca lhe permitira. Liberdade de pensamento, que exercia em suas aulas a alunas do ensino médio (ela só deu aulas em universidades durante a guerra). Liberdade sexual, envolvendo-se em alguns relacionamentos pouco mais do que casuais com homens e mulheres. Liberdade intelectual, trabalhando em seus livros. Simone de Beauvoir escreveu milhares de páginas em romances, ensaios, memórias abordando esses e outros fatos. Considerada uma das maiores memorialistas do século 20, produziu quatro volumes bem recheados, nenhum deles com menos de 300 páginas. Simone de Beauvoir acreditava que a matéria-prima do intelectual, além da capacidade de compreender e criticar as teorias, é a própria experiência. É a partir daí, pensava, que podemos construir nossa relação com o mundo, talhar nossa subjetividade e, assim, produzir uma obra relevante intelectualmente, capaz de abordar assuntos e aspectos ainda inéditos. Simone não se negava a experimentar nada novo ou diferente. Pagava um preço caro por isso: nos anos 1930, em que uma mulher desacompanhada nem sempre era aceita nem mesmo em um café, ela optava por estar só. A solidão era a chave de sua abertura para o mundo. Nos anos 1940, foi duramente criticada por suas obras, nos anos 1950, enxovalhada por "O Segundo Sexo".

Simone e Sartre construíram um sistema de pensamento que enfatiza: todos somos livres e a liberdade nos confronta a cada segundo com a angústia de fazer escolhas e com o sofrimento de nos responsabilizarmos por elas. Esse é um pensamento radical que implica, a quem adotá-lo honestamente, viver na insegurança, na incerteza e em constante contato com sua própria falibilidade e a ambiguidade.

Por tanto, “pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou”....

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