A HILDA HILST
Abro a "Folha da Manhã".
Por entre espécies grã-finas,
emerge de musselinas
Hilda, estrela Aldebarã.
Tanto vestido assinado
cobre e recobre de vez
sua preclara nudez!
Me sinto mui perturbado.
Hilda girando em boates,
Hilda fazendo chacrinha,
Hilda dos outros, não minha...
(Coração que tanto bates!)
Mas chega o Natal e chama
à ordem Hilda: não vês
que nesses teus giroflês
esqueces quem tanto te ama?
Então Hilda, que é sabi(l)da,
usa sua arma secreta:
um beijo em Morse ao poeta.
Mas não me tapeias, Hilda.
Esclareçamos o assunto:
Nada de beijo postal.
No Distrito Federal,
o beijo é na boca — e junto.
Carlos Drummond de AndradeRio, 31.XII.52
Nenhum comentário:
Postar um comentário