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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

(HTTP) Hypertext Transfer Protocol

Agatê Tepê

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Publicado no guia Divirta-se, em O Estado de S. Paulo em novembro de 2011

Para que serve o http? Endereço de site quase sempre, ou seja, 99,9% das vezes começa com http. Como se não bastasse, tem ainda o dois-pontos-barra-barra. E, não satisfeito, vem depois o protocolar www.

(Alô, turma da objetividade: sei que existe alguma razão excelente, fina e gozando de perfeito sentido. Mas você entendeu o argumento, espero).

Na Rádio Estadão ESPN, a norma é nem perder tempo com o www. Endereço de site ali é dito pulando essa parte. Ora, dizer “www” leva exatos 0,6 segundos. Numa pista de atletismo, isso é a diferença entre o ouro e o ostracismo. Na Rádio Estadão ESPN, 0,6 segundos não valem o trabalho de dizer “www”. Calcule quanto vale o lote completo, incluindo o http://.

Para que existem, então, esses sinais enigmáticos na internet? Serão eles iguais a certos cargos burocráticos, cuja razão de existir nega a própria existência? Como o antigo Ministério da Desburocratização — uma piada do Millôr que alguém levou a sério.

Ou seria o http://www o merchandising de uma marca sendo construída subliminarmente ao longo de anos?

De um jeito ou de outro, é o caso contrário ao do @. Até outro dia, essa cobrinha suspensa sobre o número 2 do teclado não servia para muita coisa. Até que em 1971, Ray Tomlinson criou o primeiro sistema de e-mail do mundo. E teve a ideia brilhante de usar aquele símbolo ocioso no teclado. A partir daquele momento, o @ ganhou novo sentido: passou a designar a empresa, computador ou servidor em que o destinatário estava. Seu gesto foi um ato de design. A ideia de Tomlinson foi tão perfeita, e é tão utilizada, que o @ agora faz parte da coleção permanente do MoMA. O primeiro caso de um sinal gráfico que se torna item permanente da coleção de um museu.

Mas qual será o futuro (ou mesmo o passado e o presente) dos nossos amigos http://www? Serão úteis como o nosso apêndice, cuja principal função conhecida é dar apendicite? Ou os graves geeks lançarão uma campanha vingativa, e até placa de carro vai ter que começar com http://www?

De todo modo, se alguma mãe nos rincões do Vale do São Francisco (por falta de Silício) der ao filho o nome de Agatê Tepê, já me dou por satisfeito.

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