É menina, dizem. E deve mesmo ser, já que os rapazes rodopiam ao redor, alertas. É blog, mas no feminino. Nova. E velha, como são as mulheres que se sabem em olhos e não em espelhos. É triste, porque já dizia o Vinícius, uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade, um molejo de amor machucado. Há de ser sempre dita e muito falar, porque o feminino é o impossível de dizer e que há de mais agradável ao humano do que o que não se pode? Até que se cale, porque o feminino é também o mistério. É das obedientes, afirma, a não ser quando não é – antecipo.
Diz-se de alguém que é especial, que tem significado ímpar, de quem realmente se gosta, que é a “menina dos olhos”. Pois. Bons olhos a viram chegar. Sendo-me completamente desconhecida, sinto um ternura de reencontro. Fez os desejos acertados, ainda à porta: choro e riso. Já faço parte do bando de leitores que espreitam-lhe as saias, que observam os caprichos e adivinham os caminhos. Dos que torcem, esperam, aplaudem. Dos que gostam. Eu leio. Não com menor prazer por encontrar ecos de jazigos que visitava.
Escrever é triste, sabe a menina. Escreve-se porque não se pode evitar, para ser lido, para tentar dizer, para não morrer. Escreve-se para passar o tempo, para parar o tempo, para mudar a história. Escreve-se para tecer em palavras um véu que esconda o horror deste vazio que nos ocupa. Escreve-se porque se é humano e o mais humano é dizer-se. Só a morte íntima é que sabe se tornar letra. Escrever é reconhecer toda falta: de tempo, de corpo, de ser. E é negar, em cada traço, o vazio. Escrever é triste, mas ler nem tanto. Ler é uma entrega e uma conquista. É colocar meu exército no território do outro e fazer, dele, o meu. E isso será sempre posse e estranhamento. Leio porque em uma inflexão, em um intervalo, em uma curva da frase, espero a injunção ao meu desejo e a um saber. Leio porque espero, no encanto das palavras, uma possibilidade de encontro que no real se esquiva. Leio pela sombra, pelo escuro, pelo silêncio que um dito porta. Ler é uma solidão escolhida que nos aparta da solidão imperiosa de existir. Escolho a menina. E você?
Diz-se de alguém que é especial, que tem significado ímpar, de quem realmente se gosta, que é a “menina dos olhos”. Pois. Bons olhos a viram chegar. Sendo-me completamente desconhecida, sinto um ternura de reencontro. Fez os desejos acertados, ainda à porta: choro e riso. Já faço parte do bando de leitores que espreitam-lhe as saias, que observam os caprichos e adivinham os caminhos. Dos que torcem, esperam, aplaudem. Dos que gostam. Eu leio. Não com menor prazer por encontrar ecos de jazigos que visitava.
Escrever é triste, sabe a menina. Escreve-se porque não se pode evitar, para ser lido, para tentar dizer, para não morrer. Escreve-se para passar o tempo, para parar o tempo, para mudar a história. Escreve-se para tecer em palavras um véu que esconda o horror deste vazio que nos ocupa. Escreve-se porque se é humano e o mais humano é dizer-se. Só a morte íntima é que sabe se tornar letra. Escrever é reconhecer toda falta: de tempo, de corpo, de ser. E é negar, em cada traço, o vazio. Escrever é triste, mas ler nem tanto. Ler é uma entrega e uma conquista. É colocar meu exército no território do outro e fazer, dele, o meu. E isso será sempre posse e estranhamento. Leio porque em uma inflexão, em um intervalo, em uma curva da frase, espero a injunção ao meu desejo e a um saber. Leio porque espero, no encanto das palavras, uma possibilidade de encontro que no real se esquiva. Leio pela sombra, pelo escuro, pelo silêncio que um dito porta. Ler é uma solidão escolhida que nos aparta da solidão imperiosa de existir. Escolho a menina. E você?
É um nascimento que festejo. Fez-me bem. Como quero bem aos que chegam ao Borboletas, espalhei links pelo texto todo, aí em cima. Enjoy. De minha parte, já coloquei na lista de favoritos aí na coluna ao lado.
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