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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

“Ali onde eu chorei qualquer um chorava”

Roy Lichtenstein, hopeless

Sempre há aqueles dias em que a garganta não consegue dizer, a cabeça não consegue pensar e o coração não consegue discernir. Todos eles apenas choram, até os dedos dos pés choram, encolhidos e sobrepostos, como esmalte descascado. Tudo se debulha em soluços e lágrimas enquanto o rímel repousa inútil na pia do banheiro e aquela blusa nova sexy não consegue sair da gaveta. Nenhuma palavra parece reconfortante. E nessa hora... chove, você bate o carro, perde a carteira, cortam a net e seu cabeleireiro está, certamente, de férias. Bom, ainda bem que pelo menos não é Carnaval.
Chorou com os dois braços apoiados na direção do carro? Teve que sentar no chão do box porque o peso das lágrimas foi forte demais? Secou os olhos com o papel toalha áspero do trabalho? Teve que virar o travesseiro para não se afogar? Ouviu da sua melhor amiga “qualquer coisa me liga, estou aqui”? Querida, seja bem-vinda, você está no fundo do poço! E o poço sempre tem um nome, claro! Por causa do fucking Facebook, ele tem um status de relacionamento, mil amigos, fotos em profusão e um sorrisinho matador no rosto. Maldita inclusão digital.
Nessa hora, fofa, esqueça a etiqueta e as boas maneiras. Amordace a madame Poças Leitão que há em você. Esqueça o lindo discurso de boas energias e, principalmente: esqueça que tudo que vai volta e amaldiçoe! Envie todo seu ódio e seus maus agouros, grite, cuspa, deixe entrar e sair a Pombagira. Do fundo do poço, gata, você não passa! É bem provável que depois disso você ainda continue deixando cair uma ou outra lagriminha, mas o resto da música vai começar a soar em seus ouvidos: “dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava!”.

Para seguir: @euliatulias
Volta Por Cima é um samba de Paulo Vanzoli

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