INDOLÊNCIA
Lamento
O osso do dia
Que um cão furtivo
Deve ter levado
Entre os dentes
Enquanto eu estava
Domingo.
JARDIM ETIMOLÓGICO
No jardim zoológico
O hipopótamo não tem
Propriamente um rio
Para si.
Mas não o tem também
A própria palavra "rio".
NOTA
Sou rebelde sem efeito:
Não encontro uma causa
Que não tenha defeito.
AERO-SIMBOLISTA
De névoas acirrado
(O cúmulo de sensações vaporosas)
Flutuo em nimbo poético
A quilômetros do solo da prosa.
AUSPICIOSO
No céu que azul transborda,
Solitária nuvem clara
Em forma de escorpião:
Que boa nova! Um signo do medo
Com textura de algodão!
CABO BRANCO, PB.
De saudade me bronzeio
Com o primeiro sol nordestino
Que não me alcança aqui,
Mas em mim brilha, sob a pele,
De permeio.
DESPERDÍCIO
Talvez perca,
Falando,
O tempo encantado
De ficar sem palavras.
DESPERDÍCIO 2
No tempo em que a palavra
Ilusória surja,
E com esforço se implante,
Talvez alguma oportunidade
De vivo desplante nos fuja.
PUERIL
Não sei em que galho
Ainda está pendurado
O adulto maduro
No qual eu deveria
Ter me consumado.
NEON
Estranho
Que ao fechar os olhos,
Eu veja contra as pálpebras
Uma palavra luzindo íntima:
- Estrela!
Como pude fazê-la tão ínfima?
UM PELO OUTRO
Quando penso no alfabeto,
De A à Z enfileirado,
Talvez cometa um engano:
Me ocorre ver um teclado
De piano.
TEMPO GANHO
Lírico
Limbo,
O relógio
Digital
Parado
Torna
Analógico
O azul celeste.
Lamento
O osso do dia
Que um cão furtivo
Deve ter levado
Entre os dentes
Enquanto eu estava
Domingo.
JARDIM ETIMOLÓGICO
No jardim zoológico
O hipopótamo não tem
Propriamente um rio
Para si.
Mas não o tem também
A própria palavra "rio".
NOTA
Sou rebelde sem efeito:
Não encontro uma causa
Que não tenha defeito.
AERO-SIMBOLISTA
De névoas acirrado
(O cúmulo de sensações vaporosas)
Flutuo em nimbo poético
A quilômetros do solo da prosa.
AUSPICIOSO
No céu que azul transborda,
Solitária nuvem clara
Em forma de escorpião:
Que boa nova! Um signo do medo
Com textura de algodão!
CABO BRANCO, PB.
De saudade me bronzeio
Com o primeiro sol nordestino
Que não me alcança aqui,
Mas em mim brilha, sob a pele,
De permeio.
DESPERDÍCIO
Talvez perca,
Falando,
O tempo encantado
De ficar sem palavras.
DESPERDÍCIO 2
No tempo em que a palavra
Ilusória surja,
E com esforço se implante,
Talvez alguma oportunidade
De vivo desplante nos fuja.
PUERIL
Não sei em que galho
Ainda está pendurado
O adulto maduro
No qual eu deveria
Ter me consumado.
NEON
Estranho
Que ao fechar os olhos,
Eu veja contra as pálpebras
Uma palavra luzindo íntima:
- Estrela!
Como pude fazê-la tão ínfima?
UM PELO OUTRO
Quando penso no alfabeto,
De A à Z enfileirado,
Talvez cometa um engano:
Me ocorre ver um teclado
De piano.
TEMPO GANHO
Lírico
Limbo,
O relógio
Digital
Parado
Torna
Analógico
O azul celeste.
Marcantonio, Canto do Atelier, Óleo sobre tela, 1995 (clique p/ ampliar). |
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