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sexta-feira, 16 de março de 2012

Mil músicas, mil saudades...

por em 15 de mar de 2012

A música nos faz sentir ainda com mais intensidade aquilo que já sentimos. Daí na hora que estamos tristes,a gente toma um vinho, se tranca no quarto e ouve uma música bem fossa... Quem nunca?
Ou ainda quem nunca sentiu uma alegria desesperada, tamanha que chama meia dúzia de amigos, daqueles mais bagaceiras, compra umas cervejinhas e põe aquela música bem “tira o pé do chão”.
Mas daí o brasileiro inventou uma palavrinha chamada saudade, que é uma coisinha que bate no nosso peito quando a falta de alguém dói, ou ainda quando nos lembramos de coisas boas e damos risada sozinho. Como a nossa música trata do assunto saudade? Senta aí, traz mais uma que agora vamos cantar músicas de saudade na nossa mesa.

Quando a gente fala de saudade, a primeira coisa que me lembro é daquele vazio que sentimos quando não estamos do lado de quem a gente gosta, ou quando estamos muito tempo distante de casa, saudade das nossas coisas, da nossa cama. Saudade é uma angustia. Como traduzir essa saudade de tudo e colocar tudo nos versos de uma música? Fazer um arranjo que contemple essa melancolia e colocar uma voz que nos remeta a este estado lacrimal, no entanto sem lágrimas (no meu caso)?

Conseguiram e não com uma voz, mais com duas. Com vozes suicidamente lamuriantes Chico Buarque e Zizi Possi dividem “Pedaço de Mim”, música que nos faz interromper qualquer sorriso para nos lembrarmos de nossas saudades. É um clamor de socorro que grita por uma saudade irrevogável, aquela que não será suprida com uma presença mesmo que distante, ou ainda um telefonema. É a saudade que é o revés do parto, saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.


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Na verdade, a saudade é um grito imenso de “Cadê?”. Que não necessariamente é ruim de se sentir, aquele que sente falta de algo é porque aquele algo lhe fez bem. Sabe aquela saudadinha gostosa do amigo que está morando longe, ou daquela paixão que tivemos em nossas férias que nos faz perguntar “Onde anda você?”. Onde Anda Você, é assim que Toquinho e Vinicius traduziram essa paixão de férias. Que num clamor de amor maroto, quase que juvenil pergunta “Onde andam seus olhos que a gente não vê?” Com um arranjo malemolente tanto quanto um boteco nos confins do mundo na companhia do amigo distante ou dos muros escuros onde apoiamos a mulher, algoz dessa paixão veraneia, para emaranharmos seus cabelos em beijos descontrolados. Sabe?


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Mas as vezes essa mulher fica, constrói algo e os beijos nos muros continuam, e a vontade de emaranhar seus cabelos se torna necessidade e nos vemos amando aquela que deveria ser apenas uma paixão de feriado. Mas um dia ela se vai, e nos deixa novamente a saudade, mas essa, diferente das outras, nos faz sentir algo que nos faz sangrar, que nos torna desesperados, nos sentimos com a alma deserta, pensamos bobagens, sentimos falta de algo completo, feito de corpo e sensações. Pra mim, essa saudade se traduz em Peito Vazio, interpretada por Cartola, num desespero dócil e quase que estúpido ao confessar a necessidade de embriagar-se para dizer impropérios a esta que se foi e nos roubou a inspiração, a ponto de nos deixar patéticos e sozinhos (e bêbados). A ponto de não conseguirmos fazer nada quando essa saudade nos aperta.


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Mas como eu já disse também existe a saudade que nos faz rir do nada no meio de uma tarde de domingo sem graça. Lembra daquela festa estranha, daquele porre que tomou com os amigos, daquela noite toda em claro. Quem não tem histórias assim? Que saudade... canta Tom Zé, em “Augusta, Consolação, Angélica”. Augusta, você era vaidosa e roubava o meu dinheiro. Tantas noites de farra, meu deus! É isso que penso ao ouvir essa música, gingadinha a lá sambinha, a lá alegria de porre com os amigos. Essa saudade é gostosa de sentir, né? Saudade que um show do próprio Tom Zé nos proporciona... Que saudade...



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Ainda tem aquela saudade do amigo, do irmão... daquelas conversas, aqueles risos a dois ou três, coisa descompromissada... aquele churrasquinho em casa, ou aquele almoção. Saudade do amigo que só vem nas férias, da namorada que tá viajando, do irmão que não chega logo. Tiê consegue captar isso na lindinha “Pra Alegrar o Meu Dia”, aquela saudadinha apertada, mas que faz a gente se sentir feliz. Aquela saudade descompromissada, que de vez em quando liga, manda um e-mail, mas que quando a presença se concretiza vira uma explosão de amor acumulado. Também, gosto dessa.



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Saudade é assim mesmo, tem um montão de tipos, uma nos deixa "deprê", outras nos faz rir sem motivos. Mas o bom mesmo é ter do que sentir saudades, mesmo que doa, só sente saudade aquele que realmente vive.
Agora traz mais uma e me conta você qual música te faz sentir qual saudade...


Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/traz_mais_uma/2012/03/mil-musicas-mil-saudades.html#ixzz1pIyikXdO


Para mim é essa:


Ou essa:

E essa:





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