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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Loucos e Santos



  • Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
    Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
    A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
    Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
    Deles não quero resposta, quero meu avesso.
    Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
    Para isso, só sendo louco.
    Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
    Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
    Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
    Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
    Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
    Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
    Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
    Não quero amigos adultos nem chatos.
    Quero-os metade infância e outra metade velhice!
    Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
    Tenho amigos para saber quem eu sou.
    Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

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