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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Uma onda colorida




Foi bonita a festa, pá. O tapete multicolorido em que se transformou minha TL do feicebuque ontem. Um a um, meus amigos iam ficando cobertos pelo arco-íris. E eu me alegrava, “curtia” até ficar com o dedo doendo, sorria e, ocasionalmente, ficava com os olhos cheios de lágrimas.

Voltava aos meus afazeres e, quando ia lá de novo, mais uma ruma de amigos tinha se transformado e entrado debaixo do arco-íris.

Celebrando. Celebrando o quê? Celebrando o fato de que uma pá de gente no mundo passou a ter seus direitos garantidos, num país pro qual todo mundo olha, que exporta seus jeitos e suas modas pro mundo todo, ou pelo menos pra boa parte do mundo.

Celebrando a solidariedade, o fato de que gente é pra brilhar, celebrando a alegria do outro, a festa do outro, comemorando junto com o outro, junto com a outra.

Dia do Orgulho Alheio, disse a Lena, e eu pego emprestado: orgulho e alegria dos amigos que não precisam ser gays para saber que isso muda a vida, a deles, a nossa que passamos a viver num mundo melhor e mais justo.

Casamento? É besteira, você diz? Intromissão do Estado nas relações privadas? Tinha que acabar, é? Ué, mas quem está discutindo casamento? A gente tá celebrando é a conquista do direito. Pra que os gays, as sapatas também possam dizer que é besteira, que não querem casar. Não querem, mas podem. Ou querem, e também podem.

Well done, tio Zucka. O arco-íris foi bem sacado que só.

E quando a gente celebra e faz festa junto por mais um direito adquirido, que já existia aqui, mas não lá, quando os juízes da Suprema Corte lá garantem o direito porque reconhecem que é um direito constitucional, isso muda coisas. Não é mera burocracia. Não é a mera permissão para os estados de celebrar o casamento gay: é a obrigação, visto que é direito constitucional, e o embasamento é a 14ª emenda, que fala da igualdade de todos os cidadãos diante da lei. Entendeu-se, pois – em votação apertada, 5 a 4 – que isso abrange o direito dos cidadãos de casar. A discussão toda faz diferença, do ponto de vista dos direitos. E vai bem além dos Estados Unidos.

Abraços, risos, lágrimas: foi dia de festa, em meio a tantas dores de todo dia. E meu coração se alegra com os amigos e amigas de cujos sofrimentos sei tão pouco, de que só ouço ecos: o de sair do armário (ou não), o de contar para os pais, para os irmãos, para a família toda, o de ser apontado como “aquele ou aquela que….” . E é tão lindo e tão raro quando a reação é “eu quero que minha filha seja feliz” e ponto. Tantas vezes é dor, é incompreensão, é um “não criei filho meu para…”, é choro e ranger de dentes, apenas porque o desejo da gente é o que é e a gente não tem controle disso. Não sei dessa dor que deve ser você ser motivo de tristeza para seus pais, simplesmente por ser quem é. A dor de escolher não contar, por ser mais fácil, para não confrontar. O dia-a-dia de quem assume, o dia-a-dia de quem disfarça: dores que não conheço, eu, cis e hétero.

Então quando tem um dia assim, em que a linha do tempo do fêice se transforma em tapete multicolorido, meus olhos se enchem de lágrimas e, sem achar que a revolução foi feita, permito-me acreditar que um passo foi dado na direção certa. A da gente juntos. A da gente gente. Em direção ao dia em que isso não será mais questão nem motivo de sofrimento: Ana namora Luciana, Claudio namora Ricardo, Mariana namora Paulo, Fábia namora Stella. Mônica namora Max. Fabi namora Rita. Dodô namora todo mundo, claro. E a gente vai dançar ciranda, todo mundo junto, rodar até perder o fôlego e cair na areia da praia.

http://biscatesocialclub.com.br/2015/06/uma-onda-colorida/

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Qual república vai cair?






Anunciaram e garantiram que a República iria se acabar nesta segunda-feira. Mas que república? Uma grande questão sobre a nossa sociedade e a atual situação de grupos vulneráveis e minorias é, certamente: Que República?

Desde que decidimos, por um golpe militar, implantar uma República no Brasil, fizemos a instituição de um estado estratificado, desigual, patriarcal e patrimonial. O que eu quero dizer com isso? É que fizemos um estado do “meu” e não um estado “de todos”.

A nossa concepção de política, de liberdade, de igualdade e de fraternidade simplesmente se resume a: o quão livre eu posso ser no meu grupo de privilégios; o quanto de igualdade eu posso conceder sem permitir que todos os meus privilégios decaiam; e, como conter os ideais de alteridade pelo simples fomento do ódio.

É isso o resumo do que somos. Somos uma sociedade heteronormativa, que busca manter-se como tal. Que, às vezes, faz concessões por vias de enfrentamento (decisões judiciais, protocolos administrativos, etc) e que, quando estamos muito descontentes, nos ensinam que emitir um mugido de revolta, mandando nosso opositor procurar uma rola (ou coisa melhor, às vezes), é a melhor solução.

Nosso grande “esquecimento” é que a condição de igualdade, formando a base republicana, só se dá quando reconhecemos no outro a nossa própria liberdade. Isso mesmo! A nossa verdadeira liberdade só se realiza na liberdade do outro. Na sua igualdade e no seu reconhecimento.

A noção de “público” na República não é simplesmente algo que seja de todos indistintamente. Mas é algo que todos possam reconhecer o próprio gozo. Sim, GOZO, simbólico e material. Gozo, realizado mediante o entendimento de que gozo proveniente do desejo do outro é tão legítimo quanto o nosso gozo, quanto o nosso desejo.

A república que não temos é justamente a nossa incapacidade de aceitar que a “coisa” mais pública que temos que preservar é a não-intervenção no desejo alheio, na medida em que ele não pratique nenhuma opressão e, como tal, manifeste a integridade de um sujeito.

Quando chegarmos a esse patamar, o de reconhecer a plenitude do outro como um ser que merece gozar, desejar e ser e viver a delícia que é, que teremos uma república… E ela não cairá!




http://biscatesocialclub.com.br/2015/06/qual-republica-vai-cair/


sábado, 13 de junho de 2015

HAPPY BIRTHDAY CHLOE!!!!!


My Dear sweet and brilliant Chloe:

Chloe Sorensen


Oh, what a Divine gift was given to us all the day you was born!!!!! You took your sweet time inside mama's womb, you certainly did not want to leave the comfort and warm place, and even today, you prefer the sweet comfort of your covers (ahaahaha) but, when you step outside, the sun shines every day through you, through your smile and eyes!!!!

My sweet love, there's no measure for the kind of LOVE I feel for you, being your grandmother is my privilege!!!!!

Go ahead on your path, you have made decisions so far that gives me perfect confidence in you, and even if obstacles appear you will know how to overcome, for you have the courage, the wisdom, the comprehension and compassion necessary to succeed!!!

Have a bright and fun day as it's been those 20 years!!!!!













A Dor dos Outros






Um grito 
até que teus ouvidos 
não soubessem ouvir 
outra voz
que não a minha.




Eu me lembro de tudo. Do sorriso de canto de boca, da cor de cada camiseta, do suor da tua mão na minha. Lembro das perguntas todas que seu olhar trazia. Lembro do seu jeito esquerdo, do teu corpo grande demais, pequeno demais, outro demais. Lembro que eu tinha curiosidade e, você, desejos, e nós chamávamos amor. Lembro que fomos sorvete, cerveja, praças e risos. Lembro que fomos a todos os lugares que só deviam ser um: a cama. Lembro que fomos, até que o único caminho possível era você vir. Lembro da sua mudança, malas e sacos invadindo os espaços que eu cedia, alegre e desconfiada. Lembro um dia e o outro e o outro e o outro até que todos pareciam ser o mesmo, tocados no ritmo do que eu aprendi a chamar felicidade mas que já tinha nome e eu nem sabia: intervalo. Eu empilho memórias que ocupam espaço e dificultam o andar: seu cheiro na minha mão, seu gosto na minha boca, seu corpo tão dentro do meu que eu suspeitava que o plano era atravessar-me. E era.

Não é lindo sentir assim, sofrer assim, doer assim? Mesmo as palavras mal arrumadas como estas aí de cima dizem de uma verdade – e, no entanto, é mentira já que eu não sofro. Mas alguém sofre e é essa dor que me fascina. Eu só queria era morrer de amor. Só uma vez ter o peito pequeno demais e os sorrisos ausentes demais e os olhos longe demais, perdidos no que o outro vê. Só uma vez não saber seguir, não saber sorrir. Não saber. Só uma vez, dessa vez, deixar que me tatuassem.

Eu quero a dor, não a angústia. Quero todos os nervos expostos, sonho hemorragias. Quero a impossibilidade de seguir sem ele e não o conforto amargo de saber-me sozinha. Quero o destempero, o desmando, o espanto e não o açoite no ventre e os passos seguros.

Um dia desses estávamos papeando sobre relacionamentos com os ex. E eu acho que tenho sorte. Tenho amizade com muitos ex...namorados, marido, rolos. Tenho contato com muitos outros. E os que nunca mais vi ou falei, foi por acaso e estradas diversas, mas tenho, por eles, carinho. Lembro ternamente os sorrisos todos que eles me deram. Meus namoros e similares sempre foram bons. Começaram bem, seguiram bem, e, com certa habilidade, bem terminaram. Eu os quis com intensidade quando os queria e não mais quando não queria, mas há que se aprender a cuidar e eu cuidei e fui cuidada. A maior dor de cotovelo que tive durou meia noite insone, três cigarros e a exaustiva repetição do disco Drama 3º Ato com a Bethania cantando incessantemente que “ao fim de cada ato, limpo no pano de prato as mãos sujas do sangue das canções” (é claro que há um pouco de fantasia nessa narrativa que me cai melhor que um mês tentando fazer dar certo o que já havia fenecido, três dias chorando no colo da amiga em uma praia sintomaticamente chamada Presídio e mais três horas encaixotando lembranças).

O certo é que fui feliz com estes homens que me habitaram e em quem habitei. Mais ainda, fui alegre. Mas sempre tive nostalgia de uma grande dor. Romântica de verdade, não esperava o grande amor, mas o grande sofrer. Um tango habita meus íntimos espaços. Eu esperava aquela dor que ocupa as melhores canções, os maiores filmes, as indescritíveis solidões. Ansiava pela comoção dos sentidos e pela absoluta entrega ao sofrer. Eu sei que alguém, agora, meneia a cabeça em desacordo ou outrem se enraivece por sofrer exatamente assim e desejar apenas o entorpecimento das lembranças. Mas eu queria, fazer o quê. Queria uma parede da memória como a do Belchior, em que um quadro doesse mais. Queria a vida latejante. Tenho Dalvas de Oliveira cantando em mim. Tenho boleros potenciais. Tenho letras que se organizam em saudades, anseios de carne viva, desassossego e não encontram encarnação num dia a dia de seguir sorrindo. Aprendi a suspeitar do meu riso e a espreitar a alegria, esperando que ela fraqueje e deixe ver que é só um vazio. Mas ela segue, firme. Fui me acostumando a não sofrer e, às vezes, tenho medo de ter me acostumado a não sentir.

Eu tenho inveja de quem sente com intensidade, de quem morre de amor todo dia, embora me pergunte como podem sentir assim por estes eles. Por um tempo achei que o que me faltasse fosse o objeto do amor. Suspeito que o que não tenho são as ferramentas pra morrer de amar.



http://borboletasnosolhos.blogspot.com/2011/06/dor-dos-outros.html

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Happy Birthday Gabee!!!


Dearest Gabee:

You are our gift from the God and Goddesses of the world and beyond!!!
Your presence in our lives is so strong and impressive that's impossible not to notice. Our lives are so much better with in it!!!
Today is a big step-stone, I can't believe you are 40!!!! You just keep getting younger!!!!
Is no coincidence that your birthday is the same as World Environment Day as you are a vibrant part of this Mather Earth and care very much for its resources, its people and its well being!!!

World Environment Day (WED) is the United Nations’ principal vehicle for encouraging worldwide awareness and action for the environment. Over the years it has grown to be a broad, global platform for public outreach that is widely celebrated by stakeholders in over 100 countries. It also serves as the ‘people’s day’ for doing something positive for the environment, galvanizing individual actions into a collective power that generates an exponential positive impact on the planet.

So, my beautiful flower, I'm the proudest MOM for having been the vehicle who brought you to this WORLD!!!
In my name, our family, our friends and the people of the World, I SALUTE YOU, BEAUTIFUL FERNANDA GABRIELA (GABEE)!!!!!
HAPPY BIRTHDAY!!!!!! and many more......


quarta-feira, 3 de junho de 2015

ENCONTRO EM PARIS





Nei Duclós



O amor não fecha ninguém
a cadeado
antes o solta, livre do pecado


O grude deve ser espontâneo
senão é ataúde
sepulcro caiado


Amor que escapa, volta
pousa
por pura vontade


Não me feches a chave
ainda mais em Paris
sonho de cidade


Encontre-me no Sena
flor do cerrado
vida precária da eternidade


Imagem DESTA EDIÇÃO: foto de Henri Cartier-Bresson, 1936.

http://outubro.blogspot.com/2015/06/encontro-em-paris.html











Paris Removes 'Love Locks' From Famous Bridge