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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Preço do Amanhã - In Time

O Preço do Amanhã: ótimo filme de ação, reflexão brilhante.



Quando alguém é responsável pelas idéias perturbadoras e fascinantes de Gattaca e Show de Truman já fica muito claro que vale a pena prestar atenção nos passos dessa pessoa. Some ao curriculum o interessante Senhor das Armas e o esquisito porém simpático Simone e você tem uma idéia da criatividade de Andrew Nicol, roteirista e diretor de O Preço do Amanhã.
O filme apresenta um futuro indefinido em que todas as pessoas são geneticamente criadas para envelhecerem somente até os 25 anos, se mantendo no auge da forma física. O problema é que dpeois dos 25 cada pessoa só tem mais um ano de vida consigo e deve conseguir os outros em forma de moeda. Todo o dinheiro do mundo foi substituído por tempo, fazendo com que os ricos vivam indefinidamente e os pobres caiam mortos no meio da rua.
Um relógio implantado no antebraço marca o seu tempo restante de vida e, como aluguel, comida e roupas são pagas em tempo, a vida dos mais pobres é uma constante angústia de não saber se vão terminar o dia vivos.
Justin Timberlake faz o papel de Will Salas, um trabalhador de fábrica relativamente comum de uma região muito pobre que, sob circunstâncias que não vale a pena revelar, acaba conseguindo uma quantidade enorme de tempo. Depois de perder a mãe devido à crueldade do sistema, Will decide fazer algo para acabar com a desigualdade absurda. O elenco ainda conta com a lindíssima Amanda Seyfried, muito bem num papel simples – de menina rica que aprende que o mundo é injusto – e Cilian Murphy, sempre genial, no papel de um dos agentes policiais encarregados de manter o fluxo do tempo nas mãos e regiões certas.

O filme é feito de surpresas maravilhosas. Justin Timberlake parece ter deixado o ‘NSync e o beatbox para trás de vez e se mostra um ator convincente o bastante para um filme que, além de cheio de ação, é repleto de momentos sensíveis e reflexões profundas. Cada novo detalhe da ambientação nos deixa de queixo caído com o quão simples são as mudanças e extrapolações em relação ao nosso mundo e o quão efetivas são as metáforas para criar consciência sobre a desigualdade inerente da nossa sociedade.
Andrew Nicol repete em O Preço do Amanhã o que já havia realizado em Gattaca e O Show de Truman: mostrar uma afiadíssima sensibilidade para as questões polêmicas do avanço irrefletido da técnica no nosso mundo. Em Truman, a discussão era sobre os limites da Indústria Cultural; em Gatacca, sobre a obsessão pela perfeição genética. Mesmo no bobinho Simone, há uma reflexão interessante sobre o conceito de real e imaginário com o avanço de tecnologias gráficas e computacionais.


Quem quiser ver um filme ação vai se deliciar com sequências ágeis e um trio de personagens ótimos no centro da narrativa de O Preço do Amanhã. Quem quiser se aprofundar nas idéias de Nicol, vai encontrar uma enorme teoria sobre exploração, desigualdade e privilégios de classe mais sóbria do que muita gente. O filme parece aprender principalmente com Gattaca, de quem empresta as idéias sobre engenharia genética, mas também mostra uma dose impressionante de unidade nas idéias abordadas pelo autor.

AVISO: O trailer tem uma quantidade meio incômoda de spoilers, incluindo algumas das cenas mais legais do filme. Assista por conta e risco.

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