Partindo do documentário As Canções de Eduardo Coutinho, Bravo! perguntou a oito artistas de diferentes áreas que músicas marcaram suas vidas profissionais
por Ana Laura Malmaceda e Anna Rachel Ferreira
Marcelo Jeneci, cantor “Tem uma música do Gilberto Gil, recente, que se chama Não Tenho Medo da Morte. Ouvi quando começava a viver essa nova fase de compositor, de gravar disco. E caiu a ficha de que o que eu gostaria de fazer pelo resto da vida seria isto: juntar uma coisa simples e ao mesmo tempo profunda, que diz respeito ao sentimento de todas as pessoas.”
Laís Bodanzky, cineasta “As músicas dos primeiros discos solo de Arnaldo Antunes. Eu e meu marido (Luiz Bolognesi, roteirista) ouvimos juntos essas canções bem experimentais e elas acabaram inspirando Bicho de Sete Cabeças. A música Fênis, que está na abertura do filme, brinca com o som da respiração e isso tem tudo a ver com o sentimento do protagonista, que passa a história inteira buscando o ar, a verdade, a vida.”
Marcelino Freire, escritor “Minha mãe cantava Asa Branca enquanto cozinhava. Ela foi uma das pessoas que mais influenciaram a minha literatura porque muito do que eu escrevo tem sua fala, seu jeito de cantar e de se agoniar. E, quando estava muito triste, ela não cantava. Nesses dias, chutava a galinha, batia panela, mandava o cachorro ir para o diabo. A gente já sabia que a ‘véia’ não estava bem, que estava sem dinheiro. Mas, quando estava contente, cantava Luiz Gonzaga: ‘Quando oiei a terra ardendo/ qual fogueira de São João’... Agoniados, meus personagens também batem panela e chutam cachorro. E, quando estão felizes, recorrem ao lirismo do Luiz Gonzaga.”
Tulipa Ruiz, cantora “Twisted, de um disco chamado Court and Spark, da Joni Mitchell. É a última música do álbum, que minha mãe ouvia muito quando eu tinha uns 6, 7 anos. E eu ficava com muita vontade de cantar. Pra mim, era muito legal o jeito que a Joni brincava com a voz.”
Mário Bortolotto, dramaturgo “Dor Elegante, do Paulo Leminski e do Itamar Assumpção. Fiquei pensando muito nessa música na época em que eu levei os tiros (dezembro de 2009). Bom, eu já gostava dela antes porque fala de tristeza mesmo: “Um homem com uma dor é muito mais elegante”. E aí, quando eu fui pro hospital, a coisa da tristeza associou-se à dor de verdade. O Leminski escreveu essa letra quando estava no hospital pra morrer também.”
Maria Alice Vergueiro, atriz “As músicas do Brecht (Bertold Brecht) marcaram muito minha vida artística. Fiz shows, fiz as traduções delas, fiz temporada em Portugal e depois no Teatro Oficina. O Lírio do Inferno é a que considero mais significativa.”
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