Pesquisar este blog

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Música de Cabeceira

Partindo do documentário As Canções de Eduardo Coutinho, Bravo! perguntou a oito artistas de diferentes áreas que músicas marcaram suas vidas profissionais
por Ana Laura Malmaceda e Anna Rachel Ferreira

Marcelo Jeneci, cantor “Tem uma música do Gilberto Gil, recente, que se chama Não Tenho Medo da Morte. Ouvi quando começava a viver essa nova fase de compositor, de gravar disco. E caiu a ficha de que o que eu gostaria de fazer pelo resto da vida seria isto: juntar uma coisa simples e ao mesmo tempo profunda, que diz respeito ao sentimento de todas as pessoas.”


Laís Bodanzky, cineasta “As músicas dos primeiros discos solo de Arnaldo Antunes. Eu e meu marido (Luiz Bolognesi, roteirista) ouvimos juntos essas canções bem experimentais e elas acabaram inspirando Bicho de Sete Cabeças. A música Fênis, que está na abertura do filme, brinca com o som da respiração e isso tem tudo a ver com o sentimento do protagonista, que passa a história inteira buscando o ar, a verdade, a vida.”


Marcelino Freire, escritor “Minha mãe cantava Asa Branca enquanto cozinhava. Ela foi uma das pessoas que mais influenciaram a minha literatura porque muito do que eu escrevo tem sua fala, seu jeito de cantar e de se agoniar. E, quando estava muito triste, ela não cantava. Nesses dias, chutava a galinha, batia panela, mandava o cachorro ir para o diabo. A gente já sabia que a ‘véia’ não estava bem, que estava sem dinheiro. Mas, quando estava contente, cantava Luiz Gonzaga: ‘Quando oiei a terra ardendo/ qual fogueira de São João’... Agoniados, meus personagens também batem panela e chutam cachorro. E, quando estão felizes, recorrem ao lirismo do Luiz Gonzaga.”


Tulipa Ruiz, cantora “Twisted, de um disco chamado Court and Spark, da Joni Mitchell. É a última música do álbum, que minha mãe ouvia muito quando eu tinha uns 6, 7 anos. E eu ficava com muita vontade de cantar. Pra mim, era muito legal o jeito que a Joni brincava com a voz.”


Hugo Possolo, ator “Vida Louca Vida, do Lobão. É a música de uma virada. Eu fazia teatro infantil, tinha até certa estabilidade econômica com isso, mas não estava satisfeito. Larguei tudo para apresentar números de palhaço e passar o chapéu na rua. ‘Vida louca/ vida/ vida breve/ já que eu não posso te levar/ quero que você me leve’: isso me pegou. Acabei colocando essa música nos agradecimentos do espetáculo Nada de Novo, um dos primeiros dos Parlapatões, e que a gente encena até hoje.”



Luiz Ruffato, escritor “É Travessia, do Milton Nascimento. Primeiro porque a letra fala sobre sair de um lugar e ir para outro e isso faz muito sentido pra mim. ‘Minha casa não é minha/ e nem é meu este lugar’ trata de uma situação de desconforto presente em todo o meu trabalho literário. E segundo porque `travessia´ é a última palavra que aparece no livro Grande Sertão Veredas e pra mim é uma última palavra que remete a uma abertura.”


Mário Bortolotto, dramaturgo “Dor Elegante, do Paulo Leminski e do Itamar Assumpção. Fiquei pensando muito nessa música na época em que eu levei os tiros (dezembro de 2009). Bom, eu já gostava dela antes porque fala de tristeza mesmo: “Um homem com uma dor é muito mais elegante”. E aí, quando eu fui pro hospital, a coisa da tristeza associou-se à dor de verdade. O Leminski escreveu essa letra quando estava no hospital pra morrer também.”


Maria Alice Vergueiro, atriz “As músicas do Brecht (Bertold Brecht) marcaram muito minha vida artística. Fiz shows, fiz as traduções delas, fiz temporada em Portugal e depois no Teatro Oficina. O Lírio do Inferno é a que considero mais significativa.”


http://bravonline.abril.com.br/materia/musica-de-cabeceira-maria-alice-vergueiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário