“Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê...”
Hoje amanheci assim, cheia de saudade... Saudade é uma palavra exclusiva da língua portuguesa. Nenhuma outra língua tem uma palavra pra exprimir essa mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. É uma das palavras mais presentes na poesia de amor e também na música popular. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão) e reza a lenda que nasceu na época dos descobrimentos e no Brasil colônia, para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos...
“Quando penso em você,
fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
menos a felicidade...”
Tem saudade boa... Basta lembrar a pessoa, situação, momento ou experiência que nos deu prazer e alegria, que reeditamos o sentimento primeiro... Bom demais! E tem saudade que dói, de memórias ainda não elaboradas, de situações inacabadas, interrompidas, não devidamente finalizadas como a morte (real ou simbólica)... Tem saudade que dói pela sensação de que, talvez, algo pudesse ter sido feito pra evitar a distância e a própria saudade... Tem a saudade nascida do querer e do não poder estar junto... E ainda tem a saudade que a gente sente e nem sabe muito bem de que... Saudade do que virá... Saudade do que nunca foi... Saudade do que poderia ter sido...
“Saudade
Diga à esse moço por favor
Como foi sincero o meu amor...”
No Chile, existe uma expressão que eu acho linda: “te echo de menos”. É assim como a saudade, difícil de traduzir, mas, significa que a ausência provoca um sensação de subtração. Acho que foi uma das coisas mais lindas que já ouvi... E acho que tenho estado de menos com tanta gente de que gosto... e elas em mim...
“Era tanta saudade
É pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade
É deixa estar
A saudade mata a gente
A saudade mata a gente...”
Eu sinto saudade dos cheiros das várias casas em que vivi, das pessoas com quem convivi... Sinto saudade de texturas, de tecidos... Saudade do gosto da manga da minha infância, comida do pé... Do gosto das comidas que entravam pelos olhos na Bahia... de andar na praia com os pés na agua morna, trópical... Sinto saudade do gosto do beijo... Do beijo dele... Do cheiro do cangote... Saudade... Tem dias que sinto saudade até de mim...
“Deixa, se fosse sempre assim quente
Deita aqui perto de mim
Tem dias em que tudo está em paz
E agora todos os dias são iguais
Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais...”
Hoje, estou com saudade de John, o Lennon, não o beatle, mas o cara, o pensador, o revolucionário, o pai, o amigo, o amante, o cantor!!!
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