Cynara Menezes
Você sabe que uma cidade está em crise quando, apesar de possuir 50 quilômetros de litoral belíssimo, a praia escolhida como “da moda” no verão é uma faixa de areia minúscula e com ondas bem pouco convidativas ao banho de mar. Com a sujeira instalada no tradicional Porto da Barra, um maravilhoso piscinão natural que já foi considerado a maior praia urbana do Brasil, a moçada de Salvador se transferiu este ano para a escondida praia do Buracão, no bairro do Rio Vermelho. Uma pena.
Não que o Buracão, mais conhecido dos moradores do bairro, seja uma praia feia. É bonita, e quebra bastante o galho para quem mora perto dela tomar um sol e se refrescar durante a semana. Mas daí a se transformar em “musa da estação” vai uma distância gigantesca. Sua ascensão ao posto é a metáfora perfeita para o estado em que a capital baiana se encontra: um buraco fundo e com águas revoltas. Para vocês terem uma idéia, no Buracão tomei o maior caldo (caixote) da minha vida. Daqueles de comer areia e sair da água ajeitando o biquíni.
Exagero? Num domingo de janeiro, estando em Salvador para visitar a família, fui ao Buracão à tarde. O mar estava tão agitado que se formavam poças enormes na areia. Impossível para uma criança sequer se aproximar da água.
De repente, um rapazinho acena do mar pedindo socorro. Felizmente, foi salvo, mas ficou tão assustado que, já na areia, sofreu uma espécie de convulsão: seu corpo inteiro tremia, vomitava, dizia sentir uma dor de cabeça insuportável. Chamamos o Samu, não havia ambulância disponível… Algumas pessoas acabaram carregando-o escadão acima e a namorada o levou de carro ao hospital. Não sei o que aconteceu depois com o pobrezinho.
Já estávamos de saída dessa tarde “maravilhosa” de verão quando uma garota avistou o que parecia ser um corpo boiando no mar. Tratamos de dar o fora da “praia da moda” para não voltar mais. É preciso que se diga que, há dois anos, todas as barracas de praia de Salvador foram derrubadas para a construção de novos quiosques mas, até agora, nada aconteceu por conta de uma ação do Ministério Público. Quem se anima a ir às praias mais distantes do centro, se depara com uma estrutura improvisada, com cadeiras e mesas de plástico alugadas aos banhistas a R$10 e R$15.
No belo Porto da Barra, as águas estão sujas e as areias, cobertas de lixo. São sobretudo bitucas de cigarro que banhistas sem consideração deixam atiradas por lá. Quer dizer, não é culpa só do poder público: o descaso parece geral com a cidade, que está maltratada, abandonada. A própria estação virou um outono fora de época. Estar no verão em Salvador era como estar no lugar certo no momento certo: shows ao ar livre, eventos de montão, gente bela e bronzeada, alegria –e não me refiro ao clichê do “carnaval o ano inteiro”, mas sim ao prazer de viver o verão. Só quem gosta sabe. Pois este ano me deparei com um verão macambúzio, como se Salvador tivesse perdido seu amor próprio.
Por falar em amor, o prefeito João Henrique Carneiro largou a mulher e circula aos arrufos com a nova namorada, apaixonadíssimo. Aparentemente, se divorciou também da cidade que (mal) governa. Ele parece feliz. Os soteropolitanos não. Quem será capaz de tirar Salvador do buracão?
Não que o Buracão, mais conhecido dos moradores do bairro, seja uma praia feia. É bonita, e quebra bastante o galho para quem mora perto dela tomar um sol e se refrescar durante a semana. Mas daí a se transformar em “musa da estação” vai uma distância gigantesca. Sua ascensão ao posto é a metáfora perfeita para o estado em que a capital baiana se encontra: um buraco fundo e com águas revoltas. Para vocês terem uma idéia, no Buracão tomei o maior caldo (caixote) da minha vida. Daqueles de comer areia e sair da água ajeitando o biquíni.
Exagero? Num domingo de janeiro, estando em Salvador para visitar a família, fui ao Buracão à tarde. O mar estava tão agitado que se formavam poças enormes na areia. Impossível para uma criança sequer se aproximar da água.
De repente, um rapazinho acena do mar pedindo socorro. Felizmente, foi salvo, mas ficou tão assustado que, já na areia, sofreu uma espécie de convulsão: seu corpo inteiro tremia, vomitava, dizia sentir uma dor de cabeça insuportável. Chamamos o Samu, não havia ambulância disponível… Algumas pessoas acabaram carregando-o escadão acima e a namorada o levou de carro ao hospital. Não sei o que aconteceu depois com o pobrezinho.
Já estávamos de saída dessa tarde “maravilhosa” de verão quando uma garota avistou o que parecia ser um corpo boiando no mar. Tratamos de dar o fora da “praia da moda” para não voltar mais. É preciso que se diga que, há dois anos, todas as barracas de praia de Salvador foram derrubadas para a construção de novos quiosques mas, até agora, nada aconteceu por conta de uma ação do Ministério Público. Quem se anima a ir às praias mais distantes do centro, se depara com uma estrutura improvisada, com cadeiras e mesas de plástico alugadas aos banhistas a R$10 e R$15.
No belo Porto da Barra, as águas estão sujas e as areias, cobertas de lixo. São sobretudo bitucas de cigarro que banhistas sem consideração deixam atiradas por lá. Quer dizer, não é culpa só do poder público: o descaso parece geral com a cidade, que está maltratada, abandonada. A própria estação virou um outono fora de época. Estar no verão em Salvador era como estar no lugar certo no momento certo: shows ao ar livre, eventos de montão, gente bela e bronzeada, alegria –e não me refiro ao clichê do “carnaval o ano inteiro”, mas sim ao prazer de viver o verão. Só quem gosta sabe. Pois este ano me deparei com um verão macambúzio, como se Salvador tivesse perdido seu amor próprio.
Por falar em amor, o prefeito João Henrique Carneiro largou a mulher e circula aos arrufos com a nova namorada, apaixonadíssimo. Aparentemente, se divorciou também da cidade que (mal) governa. Ele parece feliz. Os soteropolitanos não. Quem será capaz de tirar Salvador do buracão?
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